Com influências bem distintas, a capital sul mato-grossense garante uma das culinárias mais ricas e exóticas do Brasil. Isso porque a região sofreu forte influência não só de outras regiões brasileiras, mas também de países estrangeiros. Do nosso próprio território, pode-se ver traços indiscutíveis do Pantanal e da cultura gaúcha. Por conta da localização limítrofe do estado, as principais receitas, ingredientes e temperos do Paraguai também revolucionaram a gastronomia local. E por mais inacreditável que pareça, a cultura japonesa também tem grande peso por lá (graças à forte imigração do passado).
Aliás, as surpresas não param por aí. O Sobá, prato de origem japonesa, foi considerado a “cara” de Campo Grande. Misturando macarrão, ovo, cebolinha, gengibre, carne e vegetais, a iguaria é uma espécie de sopa servida em tigela que se assemelha ao lámen. Considerado Patrimônio Imaterial da cidade, o sobá tem até um monumento em frente à Feira Central em sua homenagem.
Diretamente do Rio Grande do Sul, o churrasco ganhou o coração dos moradores locais. Preparado de forma simples e similar, no espeto e no sal grosso, o prato ganha um acompanhamento diferente em Campo Grande: a mandioca. É, portanto, o Churrasco com Mandioca o campeão de vendas da cidade. Apesar de poder ser servida frita, a mandioca geralmente vem assada, quase derretendo, como forma de acompanhamento para a carne. Inusitada também é a utilização de gotas de Shoyu, famoso molho de soja japonês, na proteína para acentuar o sabor.
Foram ainda influências gaúchas que fizeram surgir a bebida mais típica da região, o Tereré. Assim como o chimarrão, o tereré é feito pela infusão de erva-mate. Porém, a bebida aqui ganhou uma diferença latente: enquanto no Sul o chimarrão é consumido quente para driblar as baixas temperaturas, o tereré de Campo Grande é ingerido gelado para amenizar o calor da região. Outra diferença é o recipiente no qual ele é servido: aqui eles não usam cuia e sim chifre de boi ou copo de alumínio. Hoje, o tereré é considerado nada mais nada menos do que Patrimônio Imaterial do Mato Grosso do Sul.
Já com características das fazendas pantaneiras, o Arroz Carreteiro também disputa com os pratos anteriores o status de uma das comidas mais típicas da cidade. Feita para alimentar no café da manhã os peões que iam trabalhar nas planícies do Centro-Oeste brasileiro, a iguaria consiste na mistura de arroz, carne seca, cebola, alho, caldo de laranja, sal e pimenta preta. Muito popular, o prato ultrapassou fronteiras, sendo consumido hoje em praticamente todas as regiões do Brasil.
Ainda diretamente do Pantanal veio o costume do sul mato-grossense comer a Carne de Jacaré. Fazendo o preparo da parte mais nobre do réptil, a iguaria tem gosto similar à carne de frango, porém com um toque adocicado que lembra os peixes de água doce. Em suas formas mais tradicionais, a carne de jacaré é servida frita ou ensopada. Outro clássico pantaneiro é o Caldo de Piranha, que hoje é servido como entrada em muitos bares e restaurantes da capital sul mato-grossense. Já o Pintado à Urucum foi criado há mais de 40 anos na região e consiste no filé de pintado, um peixe característico da área, que é empanado no trigo e servido com molho de urucum, leite de coco e tomate. Para quem não sabe, o urucum é uma semente de coloração vermelha que dá a tonalidade final ao prato.
Agora do Paraguai, o exemplo mais gritante da influência é a Sopa Paraguaia. E por mais que o nome sugira uma coisa, o prato é na verdade outra. A iguaria não é um caldo, mas sim um bolo de milho salgado. Além do cereal ralado, a receita leva queijo, leite, cebola e óleo. Já a Chipa é um biscoito com aparência de pão de queijo feito com polvilho, óleo vegetal, queijo ralado, ovos e sal. Tem se popularizado cada vez mais em Campo Grande, sendo consumido como comida rápida nas lanchonetes do centro da cidade.