Rica em cores, sabores e aromas, a gastronomia santarena se destaca por ser diferente de até mesmo outras localidades do Pará. Situado no oeste do estado, o município conta com ingredientes únicos, caso do cumaru, que pode ser utilizado em algumas receitas em substituição à baunilha. Alie a essas “exclusividades” santarenas, os produtos paraenses que ultrapassaram as fronteiras do estado e já viraram paixão nacional, como a mandioca e a castanha do Pará. Outros alimentos locais que também tem ganhando cada vez mais espaço em todos os cantos do país são a chicória, o aviú, a alfavaca, o jambú e o tucupi. Portanto, diversidade é o que não falta por lá!
Com essa mistura toda, a gastronomia da cidade conseguiu criar uma miscelânea interessante advinda das influências indígena, africana e amazônica – sempre prezando por temperos indescritíveis e um toque exótico. Um dos pratos mais clássicos da região – que deve ser apreciado de preferência junto a um pôr-do-sol na beira do Rio Tapajós – é o Tacacá. A iguaria consiste em ser um caldo feito com goma de tapioca, tucupi, extratos de mandioca, camarão seco e jambu (uma verdura típica da região que garante leve dormência na língua). Consumido quente, independentemente do clima, o tacacá é uma receita exótica e afrodisíaca, sendo comercializado tanto em restaurantes como em bancas e barraquinhas de rua. Com influência indígena, esse clássico da culinária santarena era inicialmente consumido por índios durantes reuniões de comemoração.
Mesmo que seja muito comum na Bahia, o Vatapá também é paixão certeira entre os moradores e turistas de Santarém. Na versão paraense, o prato leva farinha de trigo, pimenta malagueta, leite de coco, azeite de dendê, cebola, tomate e cheiro verde. A comida – que foi trazida por escravos africanos em navios negreiros – leva ainda camarões (frescos inteiros ou secos e moídos) ou carne de frango desfiada. Para acompanhar, uma porção de arroz branco completa a explosão de sabores.
Já a Maniçoba, conhecida também como Feijoada Paraense, tem muitos adeptos em Santarém. Feita com folha de mandioca (maniva), pedaços de carne bovina, suína e ingredientes defumados, a iguaria é servida acompanhada por arroz branco, farinha de mandioca e pimenta. A maniçoba é ainda um dos pratos mais clássicos de festas tradicionais do estado, como a de Círio de Nazaré, em Belém, e de Nossa Senhora da Conceição, em Santarém.
O Pato no Tucupi também tem grande saída e está presente em boa parte dos cardápios locais. A comida, bastante amazônica, é feita com o tucupi (um líquido amarelo extraído da raiz da mandioca-brava) e jambu, verdura bastante característica da Região Norte do Brasil. Vale lembrar que o tucupi deve ser fervido por 3 ou 4 dias para perder as suas características venenosas provenientes do ácido cianídrico. O prato ganha ainda arroz branco ou farinha d’água de mandioca como acompanhamento.
O Bolinho de Piracuí também é mania entre os turistas. O seu preparo consiste em refogado de alho, pimenta, coentro e cheiro verde em que se adiciona batata cozida, ovo e farinha de piracuí (também conhecida como “farinha de peixe”, que é feita com tambaqui, acari e tucunaré socados no pilão). Dessa mistura se fazem pequenos bolinhos que são fritos e saem diretamente do óleo para as mesas dos restaurantes.
Quando o assunto é bebida, uma das mais conhecidas da região é a Jacuba (também chamada de Chibé). Tradicional da culinária amazônica, o líquido levemente ácido é feito a partir de farinha de mandioca, água e temperos. Já as sobremesas e sucos de Santarém levam em consideração as frutas locais, como o açaí, bacuri, cupuaçu, pupunha, guaraná, jaca, manga, mucuri, sapoti e cajá.