Viajar em grupo é um dos testes de amizade mais intensos que alguém pode fazer. É como um casamento com hora para começar e terminar. E o pior (ou melhor, dependendo do ponto de vista): com vários maridos e esposas.
Claro que viajar é sempre maravilhoso, mas lidar com as expectativas de várias pessoas diferentes sobre um mesmo destino ou roteiro pode ser desafiador. Se as bagagens não estiverem cheias de bom senso, não tem jeito: vai dar briga.
E, eu não sei vocês, mas o que eu menos gostaria de levar de lembrança de uma viagem é uma amizade rompida. Sabe quando você volta pra casa com aquele gostinho de “nunca mais“?
O melhor remédio nesse caso é não criar expectativas. Mas ler esse pequeno guia de sobrevivência para viagens em grupo (e compartilhá-lo com seus companheiros de viagem) pode ajudar bastante. 🙂
Ele é um compilado de atitudes que eu reuni depois de refletir sobre diversas viagens em grupo que fiz esse ano.
Normalmente, viajo apenas com o marido e o cachorro e já é um malabarismo para conseguirmos agradar a todos. O companheiro de vida é o de menos, mas a mascote dá trabalho. Querendo ou não, dogs precisam passear em qualquer lugar do mundo e costumam se incomodar com a mudança de rotina (como explicar para eles a mudança de fuso horário?).
Fato é que encarar um roteirão em conjunto parecia um desafio quase intransponível, mas a verdade é que sobrevivi – e (acho) mantive intactas as amizades e laços familiares após viajar com pessoas de 1 a mais de 70 anos.
Escolha suas companhias
Talvez você esteja planejando apenas um final de semana no Rio de Janeiro. Talvez a ideia seja um mochilão pela Europa.
Não importa para onde você vai, mas com quem. O nível de intimidade não é o principal fator para que as coisas saiam bem, mas sim o que cada um espera do roteiro.
Será que o orçamento de vocês é compatível? Estão dispostos a passar perrengue juntos? Todo mundo entende que viajar em grupo normalmente significa abrir mão de algumas coisas em detrimento da paz e da felicidade geral do coletivo?
Se sim, bola pra frente! As chances de vocês sobreviverem começam a aumentar.
Entenda as necessidades de cada um
Eu sou um tipo de viajante que gosta muito de acordar sem planos e sair flanando pelas cidades. Parar em um café para ver o movimento da cidade e, com toda calma do mundo, pensar no que farei depois. Se é que farei alguma coisa.
Isso é razoavelmente fácil para mim, porque trabalho na estrada (e a estrada é meu trabalho), o que me permite ter mais do que os habituais 30 dias de viagem por ano – e bem menos do que os habituais 30 dias de férias por ano. 🤷
Ainda assim, quando viajo em grupo eu sei que preciso entender as necessidades de cada pessoa. Nesse bolo, a gente inclui as limitações de tempo, as dificuldades de comunicação, dietas especiais e, principalmente, limitações físicas.
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Crianças e idosos vão ficar cansados em algum momento do dia. Alguém pode ter alergias ou necessidades especiais no grupo. Pode ser que algum dos viajantes passe mal pelo caminho (piriri: quem nunca?).
Talvez você vire tradutor ou precise de um. Não adianta fazer planos que excluam essas situações. Pense que elas vão acontecer e fazem parte da viagem – e, se tudo for melhor do que o esperado, você ganha pontos bônus de felicidade! ✨
Não está disposto a se adaptar? Talvez a vida em sociedade não seja para você, mas tudo bem: sempre é tempo de fugir para uma ilha deserta.
Liderança e deboísmo
Quando humanos se reúnem em grupos, seja para viajar ou não, eles ficam bem parecidos a uma matilha. Em algum momento, provavelmente muito antes do embarque, vai surgir um perfil dominante no grupinho.
É a pessoa que definitivamente faz tudo na viagem: ela toma as decisões, monta o roteiro, escolhe a hospedagem e lista quais atrações todo mundo gostaria de conhecer.
As chances de que essa pessoa ganhe inimigos durante o rolê são consideravelmente altas e você terá que tomar uma atitude: ou se responsabiliza pelo roteiro (e aguenta as consequências disso), ou fica na paz e diz amém para o que for decidido.
Pode não parecer, mas deixar de visitar uma atração turística que você gostaria é bem mais agradável do que comprar briga por uma bobagem. E, se você não se envolveu no planejamento, é bom não atrapalhar o amiguinho que passou horas (talvez dias) organizando cada detalhe da viagem em grupo.
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Colabore também com o motorista da rodada (caso vá alugar um carro) e se disponha a dividir eventuais multas. Críticas não costumam ajudar, ok?
Contra o relógio
Quanto mais corrido for o seu roteiro, maiores as chances de todo mundo acabar estressado, alguém gritar com alguém e o climão rolar solto no grupo.
Por isso, eu diria que a dica mais preciosa é: permitam-se ter tempo. Menos de quatro dias para ficar em uma cidade grande geralmente é sinônimo de roubada, a não ser que o roteiro de vocês esteja milimetricamente organizado e que os astros contribuam para que nada dê errado.
Em cidades menores, dois a três dias costuma estar de bom tamanho. Menos do que isso, só se o plano for uma roadtrip.
Bol$inho$
Seu orçamento de viagem nunca será igual ao do amiguinho. Ele pode estar num momento economicamente favorável ou você pode ter acabado de ganhar uma bolada que estava esperando há tempos.
Não interessa o motivo. Tentem ser realistas quanto ao orçamento de cada pessoa.
Caso não tenha dinheiro para acompanhar todos os programas que o restante do grupo faz, saia de fininho quando uma atração não couber no seu bolso. Se abrir o jogo, todos vão entender (ou, no máximo, insistir para pagar sua parte).
A única coisa que não vale é brigar por dinheiro, combinado?
Acordo pré-nupcial
Como todo casamento, mesmo que esse seja só de brincadeirinha, é importante estabelecer um acordo pré-nupcial.
Converse com seus companheiros de viagem para que vocês entendam qual a expectativa de todos os envolvidos. Talvez vocês sejam ótimos viajantes independentes e estejam felizes em organizar seu próprio dia e se encontrar na hora da janta para trocar experiências; mas é provável que a ideia seja mesmo curtir o tempo 100% juntos.
Afinal, vocês estão viajando em grupo para se divertir em conjunto, não é mesmo?
Definir esses detalhes com antecedência pode poupar um bate-boca desnecessário durante a viagem. Com isso, as chances de que o grupo fique ainda mais unido após o roteiro só aumentam.
Quem sabe vocês não voltam pra casa cheios de planos para a próxima viagem? E, se essa coisa de viajar em grupo não for pra você, confira 10 lugares perfeitos para viajar sozinho.