Um dos mais importantes pontos turísticos naturais da Austrália foi colocado no centro de uma discussão (não sem razão) que envolve respeito à cultura local, comportamento inapropriado de visitantes e segurança.
A falta de noção de turistas que vão à Austrália para visitar o Parque Nacional Uluru-Kata Tjuta e, daí, escalar a Uluru Rock vai fazer com que essa segunda atividade se torne, muito em breve, algo do passado.
Uluru Rock, que não vai mais receber turistas em seu topo a partir de 2019. Foto: Robert Young
No final de 2017, o conselho do parque, que fica na região central do país, votou de forma unânime o banimento da subida ao topo da rocha. O povo nativo local, a quem pertencem as terras, tenta há anos vetar a presença de visitantes no cume de sua montanha sagrada. Eles foram, finalmente, ouvidos — a base do rochedo, aliás, guarda um placa que diz “A subida não é proibida, mas nós preferimos que você, como visitante das terras Aṉangu, opte por respeitar nossa lei e cultura e não suba”.
Detalhe do relevo local. Foto: Paul Arps
O governo australiano devolveu a rocha e seus arredores aos nativos em 1995 e será no 24º aniversário desse reempossamento, no dia 26 de outubro de 2019, que o acesso será, definitivamente, fechado a turistas.
As belezas naturais do parque nacional têm atraído um sem número de aventureiros de diversas partes do mundo — até o Príncipe William e Kate Middleton aterrissaram por lá, em 2014 –, mas nem por isso a montanha se encaixava como um simples destino turístico para os Aṉangu. A rocha é uma área sagrada em sua totalidade, e o local onde começa a subida é sagrada para os homens. A discussão sobre o desrespeito à cultura nativa voltou de forma mais acalorada à pauta quando uma turista postou uma foto despida no topo da Uluru, há cerca de dois anos.
As terras pertencem ao povo Aṉangu. Foto: Peter Priday
Desde meados dos anos 1990, no entanto, o ímpeto aventureiro dos visitantes vem diminuindo. Segundo estatísticas de uma TV local, em 2015 apenas cerca de 16% deles subiram a rocha; 20 anos antes, 74% dos turistas faziam o trajeto, índice que pode estar associado tanto à sensibilidade cultural de quem visita o parque ou à fama de perigosa da montanha, que é constantemente fechada por causa de más condições meteorológicas (segundo a rede BBC, 35 turistas morreram ao fazer a escalada desde os anos 1950).
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