A mãe natureza encanta só pelo fato de existir. Não é preciso que ela faça muito esforço para trazer à tona um fascínio que faz o homem percorrer centenas de quilômetros só para ver com seus próprios olhos suas belezas e fenômenos. Assim, o meio ambiente é um dos grandes impulsos na hora de viajar. Mas, será que você está praticando o turismo consciente?

Não é de hoje que vemos o quanto a natureza é prejudicada através de mãos humanas. Mesmo que involuntariamente, somos cúmplices de muitos crimes ambientais só para satisfazer nossos desejos. Nisso, águas são poluídas, animais ficam ameaçados de extinção ou até morrem por conta de práticas nada saudáveis, o habitat natural de muitas espécies é destruído ou modificado, e etc.

Recentemente, um elefante asiático morreu de ataque cardíaco no Camboja após fazer a típica travessia para os templos de Angkor Wat com turistas a bordo, num calor escaldante de 40 graus. A exploração do animal, que está ameaçado de extinção, acabou o matando, e os danos desse tipo de turismo levam a óbito tantas outras espécies.

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A questão central é que animais não deveriam servir de entretenimento, pois isso acaba os tirando de sua vida selvagem, prejudicando toda uma cadeia ambiental e certamente os poupa da felicidade. Alguns zoológicos ao redor do mundo estão revendo suas práticas. O zoo de Buenos Aires, que ficou aberto por mais de 140 anos, vai se transformar num Ecoparque e numa clínica para animais vítimas de tráfico ilegal.

É também na Argentina onde fica o polêmico Zoológico de Luján, onde centenas de turistas posam para fotos ao lado de animais selvagens como leões e tigres. A prática é um tanto duvidosa, afinal, em nenhuma circunstância estas espécies ficariam amigas de inúmeras pessoas que sentam ao seu lado. Muitos relatos contam que os bichos são dopados e submetidos a comportamentos mecânicos para satisfazer a vontade do homem. Triste, para não dizer criminoso, pois a situação não é nada agradável.

Vale a pena refletir e se questionar: por que vou a este lugar? como os animais são tratados? estão no seu habitat natural? será que é divertido para eles ficar posando para fotos durante sete dias por semana, todos os dias do ano? essa experiência vai enriquecer a minha viagem? é um bom custo-benefício? Enfim, crie consciência antes de fechar qualquer negócio que envolva bichos e pense mais neles do que em você. Um relatório da World Animal Protection mostra as 10 atrações mais cruéis do mundo e na internet há inúmeras informações e relatos sobre o local que você almeja visitar, então pesquise bem.

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Na Tailândia há uma enorme preocupação ambiental não só por conta da exploração de animais, mas também pela superlotação das praias. Quatro ilhas serão fechadas, incluindo três na famosa província de Phuket, por conta do excesso de turistas, que consequentemente destroem o ecossistema local.

É por essas e tantas outras que é tão importante praticar o turismo consciente e procurar por lugares sustentáveis até mesmo na hora da hospedagem, projetos que ajudem animais resgatados ou na preservação de espécies, como o Projeto Tamar, e cumprir tarefas básicas como recolher lixo das praias e cachoeiras, não incentivar passeios ou práticas que exploram os bichos (você pode conferir o Animal Friendly Travel Guide – Guia para Turistas Amigos dos Animais), procurar por agências de ecoturismo responsáveis, não comprar produtos de origem duvidosa (marfim, por exemplo, alvo de caça de elefantes), etc. Assim é possível viajar tranquilo e estar alinhado com as belezas naturais que tanto nos encanta.

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*Nota pessoal da autora: eu sou “alouca” dos bichos, amo estar perto deles e já quis até ser bióloga só pra isso. Tenho um fascínio por aquários e já visitei vários ao longo da vida. Há anos atrás queria muito ir no Zoo Luján e me recusei após parar pra pensar que, simplesmente, não há vida silvestre que resista aos nossos desejos. Ali eu não veria um leão e sim um animal dopado, infeliz e longe de sua casa.

Tampouco entrei no Zoo de Buenos Aires e estou cada vez mais distante dos animais que eu tanto amo, porque eu os respeito e quero que sejam felizes. Não posso colocar a minha vontade acima do bem estar deles. Numa ida ao Uruguai, estive mais próxima dos bichos do que jamais pensei e relatei tudo aqui. No porto de Punta del Este, alimentei um lobo marinho com um pedaço de peixe porque eles vivem por ali.

Andando numa praia de Valizas, me deparei com lobos marinhos tomando sol mais de uma vez e foi um momento mágico, porque simplesmente aconteceu e no exato local onde eles vivem. Assim é a vida, em todas as suas esferas. Não desembolso mais dinheiro algum para financiar animais que servem para entreter e assim eu colaboro para que estas práticas não funcionem mais. Atrações curiosas também são duvidosas. Não se engane. 

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Post por Brunella Nunes
Fotos: reprodução | Foto do topo: Brunella Nunes

16 comentários

  1. As matérias do seu blog me fazem chorar, é lamentável o que o turismo predatório tem feito contra os animais e ecossistemas, um exemplo é Porto de Galinhas, onde os corais já estão desbotados de tanto serem pisoteados pelos turistas o ano inteiro…
    Em relação ao habitat natural dos animais sabemos que a cada diminui, alguns nem existem mais, então os zoológicos acabam se tornando um lugar onde veremos os animais que foram ameaçados na antiga natureza, então penso que os zoos devem ser locais que se pareçam o habitat natural, respeitamos os espaços que os animais precisam e oferecendo os cuidados médicos a eles, e se o ser humano puder financiar com visitas e doações que seja feito.

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