O Oriente tem uma cultura riquíssima e bem diferente da nossa. Prova disso são as “mulheres girafa” da Tailândia, como ficaram popularmente conhecidas as integrantes da tribo Karen, a maior entre todos os grupos minoritários do país. São cerca de 300 mil pessoas, divididas em três principais etnias: Kayah (vermelho), Pgo (preto) e Sgaw (branco).

Devotos ao cristianismo, budismo e animismo, estes grupos se espalham por vilas em Chiang Mai, Chiang Rai e na fronteira com Myanmar. A comunidade é composta por homens que trabalham no campo e por mulheres que se dedicam ao artesanato e a tecelagem. É um lugar simples, mais precisamente, um assentamento para refugiados que nunca evoluiu o suficiente para melhores condições de vida desse povoado.

Mas o que chama a atenção mesmo é o costume de alongar os pescoços femininos com o uso de pesadas argolas de latão. É exatamente o peso (de até 10 kg) que carregam sobre os ombros que pressiona e rebaixa suas costelas, fazendo com que o pescoço pareça maior do que é. O desconforto é óbvio, até porque se elas retiram a peça, podem até torcer o pescoço, já que ficam muito tempo na mesma posição.

Aos 5 anos de idade, as meninas já recebem o primeiro anel para colocar e podem acumular até 25 deles ao longo da vida. Algumas chegam a usar também nos braços e pernas. A tradição ancestral veio com a proposta de protegê-las contra ataques de tigres. Hoje, é considerado um símbolo de beleza, um adorno estético para que elas arrumem um marido na vida adulta. A geração mais nova, porém, está mudando e se recusando a utilizar as argolas.

Do conflito étnico ao conflito moral

Infelizmente, boa parte destas mulheres fugiram de Myanmar em meados dos anos 1980, devido conflitos étnicos e territoriais. Mesmo pagando impostos, não possuem nenhum respaldo do governo, não podem trabalhar e nem sair das áreas demarcadas. Assim, têm de buscar meios de sobrevivência no turismo e no artesanato que produzem.

Anualmente, as tribos turísticas recebem cerca de 40 mil pessoas em seu território. As mulheres ganham em torno de US$ 45 por mês, além do que conseguem vender. As que se recusam a usar as argolas, não recebem nada; só uma cesta básica para a sobrevivência. Ou seja, a situação não é fácil e definitivamente não é simples.

Se o governo tailandês não colabora, então talvez esteja mais do que na hora das agências de turismo assumirem a responsabilidade, pressionando as autoridades e abrindo espaço para o crescimento econômico e demais melhorias para este povo. Afinal, todos querem lucrar em cima dessa tradição, mas pouco chega em quem, de fato, trabalha.

Caso você encare a ideia, lembre-se de que este é um passeio cultural, uma imersão em costumes diferentes, de contato real com as pessoas e não apenas poses para fotos. Não são peças exóticas de museus e tampouco animais em zoológico. Seja consciente de suas escolhas.

Fotos: reprodução/banco de imagens/Thai Basic Stay
Em destaque: foto por Justin Vidamo

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