Em meados dos anos 1930, uma parte da população da Áustria imigrou para o Brasil em busca de oportunidades. Parte da colônia se firmou em Treze Tílias (SC), conhecida como o “Tirol brasileiro” devido às características do país europeu que se preservaram até os dias atuais. 

A cidade foi fundada em 1933 por Andreas Thaler, ex-ministro da agricultura da Áustria, que buscava por soluções após a crise causada pela Primeira Guerra Mundial. Grande parte do fluxo imigratório veio de Tirol, Vorarlberg e Alta Áustria (Oberösterreich), que depois dos desdobramentos da guerra passou a ser parte da Itália.

Foto: divulgação/Asturtílias

Outros imigrantes que ajudaram a formar a colônia vieram das cidades italianas de Vêneto e Lombardia, além de Hundsrück e Westfalen, na Alemanha. Assim, a cultura europeia moldou Treze Tílias ao longo das décadas, como aconteceu em boa parte das regiões Sul e Sudeste do país. 

O tempo passou, mas as características austríacas se sobressaíram e permaneceram no município. É notável a presença da arquitetura tirolesa, que segue estilo alpino, com edifícios e casas de cores claras, detalhes em madeira, sacadas, campanários e floreiras nas janelas. 

Foto: divulgação/Turismo de Treze Tílias
Foto: divulgação/Turismo de Treze Tílias

A culinária também ganha toques europeus, com forte presença de doces típicos. A sopa de knödel, com bolas feitas de massa de batata ou de pão mergulhadas em caldo, e a apfelstrudel, torta de maçã envolvida em uma massa bem fininha, são pratos indispensáveis na região.

A presença de artesãos é outro traço marcante de Treze Tílias, com famílias se dedicando à produção de esculturas em madeira e pinturas no estilo Bauernmalerei (pintura camponesa).

Os eventos costumam animar bastante a cidade, como é o caso da Tirolerfest, confraternização que acontece anualmente em outubro, reunindo apresentações culturais e gastronomia típica ao longo de nove dias. 

O calendário fica mais completo com a Winterbierfest, o Festival Nacional da Cerveja de Inverno, que acontece em meados de maio; o Pedal do Chopp, que une cerveja e ciclistas no mês de novembro; e o Natal Iluminado, quando as luzes natalinas tomam conta da decoração, além de apresentações musicais e encenações.

Foto: divulgação/Tirolerfest
Foto: divulgação/Parque Linderhof

O que visitar em Treze Tílias

Museu Municipal Andreas Thaler: o famoso castelinho da cidade ficou pronto em 1936 para abrigar o organizador da colonização. Depois de funcionar como sede da Prefeitura se transformou em museu, reunindo a história da formação da cidade, objetos, peças de arte, utensílios de trabalho e ambientação que remonta ao cotidiano da época da fundação. 

Foto: divulgação/Tirolerfest

Parque do Imigrante: com bastante verde, o parque municipal oferece muita tranquilidade aos visitantes. Possui um lago com pedalinhos, quiosques, academia ao ar livre e uma ilha que reverencia os nove estados austríacos. Além disso, conta também com uma capela e uma Via Crucis esculpida em madeira, vinda da Áustria.

Parque Lindendorf e Mini Cidade: ocupando 45.000 metros quadrados, o principal parque da cidade oferece um agradável passeio para toda a família. Reúne lindos jardins, trilhas, um lago cheio de peixes, restaurante de comidas típicas e alguns animais, como ovelhas e capivaras. Conta também com uma mini cidade, que reproduz em miniaturas os edifícios em estilo tirolês. 

Foto: divulgação

Capela Maria Dreizehnlinden: a modesta capelinha no alto da colina de um belo bosque atrai não apenas religiosos, mas quem gosta de uma boa caminhada. Isso porque a trilha, além de percorrer paisagens, inclui praças, queda d’água e esculturas em estilo alpino.

Vinícola Kranz: com origem em Treze Tílias, a família Kranz entrou para o ramo da viticultura em 2007 e desde então acumula medalhas pela qualidade de seus sucos, geleias e vinhos. Em uma visita na fábrica é possível conhecer o processo de fabricação e degustar os produtos. Os valores são variados de acordo com a quantidade de taças inclusas, mas a degustação de sucos, schimer’s e geleias é gratuita e liberada para o público infantil.

Foto: divulgação/Tirolerfest

Mundo Tirolês: a maior loja austríaca do Brasil é fruto do trabalho da família Ungericht e Astner, que se dedica à venda de artigos nacionais e importados. Em seu interior encontram-se chapéus, acessórios, trajes e souvenires típicos da Áustria e Alemanha, além de artesanato local, malharia e peças com a flor Edelweiss, planta que simboliza a nação austríaca. O local conta ainda com fabricação artesanal de destilados e licores, que também são comercializados.

Cervejaria Stube Dreizehnlinden: o pequeno e aconchegante restaurante fabrica a própria cerveja que é servida aos clientes. Para acompanhar a bebida, uma boa pedida é o Wiener Schnitzel, prato típico composto por lombo suíno empanado, acompanhado de batata frita. 

Foto: divulgação

Cervejaria Bierbaum: utilizando a Lei da Pureza Alemã de 1516, chamada de “Reinheitsgebot”, a premiada micro cervejaria foi fundada em 2004 pelos irmãos Bierbaum. Com fábrica anexa ao tradicional Restaurante Edelweiss, produz nove estilos de cervejas artesanais, servidas em um charmoso espaço. 

Eiskaffee Trudi: com deck ao ar livre e vista para o lago, a cafeteria e sorveteria artesanal é ideal para começar o dia ou fazer aquela pausa no meio da tarde. Os clientes podem se entregar às doçuras com taças de sorvete, apflestrudel, brownies, tortas, bolos e outras delícias. 

Foto: divulgação

Turismo Rural 

O interior da cidade também agrega muito charme em suas construções e paisagens bucólicas. Há dois principais roteiros para fazer: Linha Pinhal e Linha Babenberg, cada qual com seus atrativos. 

Linha Pinhal ganhou certa fama quando serviu de cenário para a novela Ana Raio e Zé Trovão. Foi em 1940 que a família Ferronatto chegou do Rio Grande do Sul para formar a comunidade, agregando depois as famílias Zanella, Acrisio e Barbieri.

Assim foi surgindo a própria escola, a igreja Nossa Senhora da Saúde, que conta com pinturas sacras de Karl Neumayr e restaurantes italianos como a cantina da Família Ferronatto. 

Já a Linha Babenberg foi formada por austríacos em meados de 1934. O solo fértil permitiu o desenvolvimento de atividades agrícolas. Com o tempo a comunidade ganhou relevância religiosa, recebendo uma romaria durante a festa de Nossa Senhora Aparecida. Também conta com uma trilha para caminhada com a Via Crucis.

Foto: divulgação/Turismo de Treze Tílias

Onde ficar

Foto: divulgação/Rancho Ferradura

4 comentários

    1. Existem algumas agências que oferecem a viagem até lá, vimos pessoas de MG, TO e SP com excursões saindo desses estados indo de ônibus.

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