Viajar através dos trilhos ainda não é uma prática muito comum no Brasil, mas num futuro próximo, quem sabe! O trem turístico de São Paulo a Santos será reativado segundo promessa do governo do Estado, voltando a conectar paulistanos com o litoral como antigamente, quando existia um funicular entre ambas.

O atual governador de São Paulo, João Doria, afirmou que estão sendo realizados estudos para reativação do trem de passageiros, extinto há 40 anos. Recentemente foram feitas duas viagens experimentais para testar o trecho a bordo de vagões turísticos. O trajeto durou duas horas, ou seja, uma hora a mais do que de carro.

A ideia é promissora, afinal, a Serra do Mar tem belas paisagens e parte das pessoas sai diariamente de Santos para trabalhar na capital. Porém, não é tão simples tirá-la do papel, ainda mais no estado em que apenas 22% dos 1.375 km de linhas de trem são para o transporte de pessoas.

A linha operada pela concessionária de carga MRS funciona desde 1970 para subir e descer a Serra do Mar, porém trata-se de uma cremalheira, um tipo de trilho que não é o mais eficiente para transportar viajantes. Ao longo de 10 km, as locomotivas alemãs elétricas realizam o transporte de mercadorias num percurso de cerca de 30 minutos, fazendo apenas uma viagem por vez.

Foto: divulgação/Metrô-CPTM

Além deste, um dos problemas para adaptação ou expansão do trem é a altitude, que entre capital e litoral tem cerca de 760 metros de diferença. Ou seja, é uma questão complexa de se solucionar, pois o percurso de quase 80 km tem muitos desafios, como o da cremalheira, que seria o maior deles.

A antiga estação de trem de Santos, chamada de Valongo e inaugurada em 1867, é atualmente a Secretaria de Turismo da cidade. Para o novo trecho turístico, operado apenas aos finais de semana, o plano seria partir da Estação da Luz, seguir pelos mesmos trilhos que levam à Paranapiacaba, descendo depois para a baixada santista. O ponto final seria o terminal Giusfredo Santini, de passageiros de navios cruzeiros.

Foto: Wikipedia

Vale lembrar que entre 2010 e 2011 a CPTM  (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) lançou uma licitação e um edital para estudos de trem regional entre São Paulo e Santos. Na época, foram analisados dois projetos, que contemplavam ou a criação de novos túneis ou um novo sistema de cremalheira.

Será que a campanha de reativação do trem turístico de São Paulo a Santos sai do papel?

Foto: divulgação/Sistema Ambiental Paulista

Passeio de bonde em Santos

Com ou sem trem ligando a São Paulo, fato é que Santos tem um histórico com os trilhos, abrigando a primeira ferrovia paulista no século 19 e assim dando origem ao primeiro serviço de bondes do Brasil. Ainda no pioneirismo, a cidade litorânea fabricou a primeira locomotiva elétrica do país.

Foto: Rogério Cassimiro – MTUR

Mesmo que não sirvam mais como meio de transporte cotidiano, os bondinhos elétricos sempre marcaram presença por ali, sejam como relíquia histórica ou para uso turístico, implementado a partir dos anos 2000. Os bondes dos séculos 19 e 20 passam por 40 pontos de interesse histórico e cultural, como o Museu do Pelé e o Museu de Pesca.

Foto: divulgação/Secretaria do Turismo de Santos

Os turistas podem ter a chance de percorrer 5 km a bordo do Bonde 32, o mais antigo elétrico em circulação no país. Mas há também outros veículos interessantes para um passeio:

  • o bonde escocês número 40, apelidado de “camarão” devido à cor original, vermelha;
  • o bonde 224, que veio de Portugal, mantido com interior original e lustres de época;
  • o bonde Café, doado pela Itália e com degustação de café elaborado com grãos selecionados pelo Museu do Café;
  • o bonde Arte, inspirado na obra Plano em Superfície Modulada nº 5 (1957), de Lygia Clark;
  • o Reboque 38, que é uma adaptação de um bonde exposto em Campos do Jordão e o maior em circulação na cidade.
  • o Reboque Pequeno, que em 1871 era movido a tração animal e foi adaptado;

Os motorneiros e condutores vestem réplicas do uniforme original da época, aumentando a sensação de uma viagem no tempo. Vez ou outra os passeios ganham ainda mais adaptações temáticas, como o Bonde do Harry Potter, lançado junto ao Santos Festival Geek, em novembro de 2018. Na ocasião, os passageiros puderam interagir com covers dos personagens da série e participar de gincanas e uma oficina de herbologia (estudo das plantas do mundo bruxo).

O passeio de bonde acontece diariamente, saindo do Largo Marquês de Monte Alegre nº 2, Valongo – Centro Histórico. O ingresso custa R$ 7,00 e só pode ser pago em dinheiro. Crianças até 5 anos não pagam. Quem quiser mais praticidade pode agendar através do site da SISTUR.

Na charmosa Estação Valongo foi construído um galpão para abrigar o Museu Vivo Internacional de Bondes, o primeiro da América Latina, contando com exposição dinâmica dos diversos veículos da linha para turismo, oriundos de países como Escócia, Portugal, Itália e Japão.

Estação Bistrô

O edifício de feições neoclássicas e vitorianas abriga ainda um bistrô, temperado com pitadas de solidariedade. Trata-se de um restaurante-escola, elaborado a partir da parceria entre a Universidade Católica de Santos e a Prefeitura de Santos para inclusão de jovens de 18 a 29 anos em situação de vulnerabilidade pessoal e social.

Diariamente, os alunos preparam duas opções de prato para o menu executivo, que custa R$ 32,90 (prato e sobremesa do dia + bebida). Já o cardápio fixo, disponível aos sábados, tem opções mais refinadas, como o Escondidinho Caiçara, composto por peixe desfiado, muçarela de búfala, purê de banana da terra, salada de agrião e arroz branco (R$ 42,00).

As refeições são servidas no elegante salão, que tem como chamariz o antigo piso hidráulico e um enorme lustre ornamentado com xícaras, pires e bules.

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Foto: divulgação/Prefeitura de Santos

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