Basta o frio começar a bater, que o viajante de mão cheia já quer fugir para as colinas. Um dos lugares mais conhecidos da Grande São Paulo durante o inverno é Paranapiacaba, que faz parte do município de Santo André e tem ares um tanto bucólicos. O local pode ser acessado através de um trem turístico, deixando o passeio ainda mais nostálgico.
O passeio de trem já começa com atmosfera vintage, tendo a bela Estação da Luz, inaugurada em 1901, como ponto de partida. Com o roteiro funcionando apenas aos sábados e domingos, o Expresso Turístico de década de 50 possui 174 poltronas e espaço reservado para cadeira de rodas, garantindo acessibilidade.
Na verdade, há duas opções de embarque, definida na hora da compra do bilhete. O passageiro pode pegar o trem às 8h30 na Estação da Luz ou às 9h00 na Estação Prefeito Celso Daniel-Santo André (Linha 10-Turquesa, da CPTM). Independente da escolha, o retorno ocorre sempre às 16h30 em Paranapiacaba, com parada na Estação Prefeito Celso Daniel-Santo André.
Quanto Custa o passeio de trem até Paranapiacaba
O preço unitário da passagem é R$ 50 (ida e volta). Na compra de quatro passagens, os descontos podem chegar a 25%. O bilhete é vendido das 9h às 18h, diariamente, nas bilheterias das estações da Luz e Prefeito Celso Daniel-Santo André e agora pode ser adquirido online.
O acesso também pode ser de trem convencional, indo até a estação Rio Grande da Serra (Linha Turquesa da CPTM), de onde partem ônibus até a Parte Alta da Vila. Outra possibilidade é pegar o ônibus da linha 040, que parte do Terminal Rodoviário de Santo André e segue para o mesmo destino. Quem vai de carro pode deixá-lo em estacionamentos próximos à vila inglesa.
O percurso de 48 Km leva 1h30, passando por duas estações históricas e tombadas como Patrimônio: de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
O que fazer em Paranapiacaba
O distrito que fica entre o ABC Paulista e a Serra do Mar é rodeado pela natureza, com morros a perder de vista, trilhas e cachoeiras. A área verde com cerca de 4,2 km² de Mata Atlântica no entorno foi batizada de Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba e atrai aventureiros, especialmente nas trilhas da Pontinha, do Mirante e da Água Fria.
Na parte mais urbanizada, o que prevalece é o estilo rústico e que relembra as origens da antiga vila inglesa, que abrigava operários da The São Paulo Railway Company, a primeira companhia de trens da cidade, em meados de 1867.
Com esse histórico conseguimos entender melhor sobre as influências europeias e sobre a estação ferroviária local, formada por um conjunto de galpões transformados em Museu Ferroviário, reunindo modelos como a locomotiva inglesa de 1867. O sistema erguido pelos ingleses funcionou até 1982, quando começou então um novo capítulo: a luta pela preservação de Paranapiacaba como era.
Ao chegar, o público logo avista — quando não há a forte presença de neblina — , a torre do relógio, inspirada no Big Ben da Inglaterra, observada a partir de uma ponte que liga dois trechos de Paranapiacaba. Dali também se vê os trens de carga e o restante do distrito, tombado como patrimônio.
Denotando uma pitoresca simplicidade, casinhas de madeira se espalham pela área turística de terra batida, mas ainda abrigam moradores. É um lugar tranquilo, onde não há prédios e o trânsito é, no máximo, de pessoas indo pra lá e pra cá, visto que a entrada de carros é proibida.
As mesmas construções de madeira abrigam pequenas lojas, lanchonetes, restaurantes e o Mercado Municipal, point conhecido por reunir itens artesanais, como doces, cachaças e licores de cambuci, fruta azeda nativa da Mata Atlântica que é uma marca de Paranapiacaba e tem um festival próprio no mês de abril, anualmente.
Há também um museu interessante no alto do morro. O Castelinho era a residência do engenheiro e autoridade máxima da ferrovia inglesa. A construção vitoriana de 1898 pode ser visitada pelo público, que por lá encontra fragmentos históricos dos tempos das locomotivas.
Paranapiacaba ficou conhecida como um dos principais destinos turísticos dentro de São Paulo, realizando um grande festival anual de inverno no mês de julho e outros eventos como Convenção de Bruxas e Magos, revelando um lado mais místico do distrito; a Festa do Padroeiro; e a Feira de Artes e Antiguidades.
Para além do roteiro cultural, o distrito também conta com lugarejos gastronômicos interessantes. Confira abaixo uma modesta seleção:
- Infinito Olhar: o ambiente e decoração da cafeteria é tão peculiar que virou cenário para ensaios fotográficos diversos. Além de servir cafés especiais, conta com comidinhas como cookies, waffles e bolos caseiros.
- Bastiana Comida Afetiva: aberto durante sábados, domingos e feriados, o restaurante tem apenas delícias veganas como moqueca de banana da terra, nhoque de batata doce e lasanha de berinjela.
- Casa de Chá Raízes da Serra: a cafeteria e casa de chá com mesinhas no gramado ao ar livre serve bebidas quentes e frias, com docinho para acompanhar. O bolo de cenoura com calda quente é o favorito dos clientes.
- Estação Cavern Club: cheio de charme, o misto de restaurante e bar serve pratos mais elaborados, como a costela suína com geléia de cambuci e arroz negro; filet mignon ao vinho e fondue completo. Inclui opções para vegetarianos e veganos no menu.
Tome nota: aconselhamos o acesso às trilhas somente com guia, pois há partes perigosas entre os percursos e atrativos naturais. O serviço de monitoria de trilhas é contratado à parte e pode variar de preço conforme o roteiro.
Consulte a lista de monitores(as) credenciados(as) aqui.
Uma noite em Paranapiacaba
Quem quiser esticar o dia por lá, encontra algumas opções para uma ou mais pernoites. As hospedagens são simples e familiares, mas dão conta de oferecer cama, banho e café da manhã aos hóspedes.
- Hospedaria Os Memorialistas (onde fica o restaurante Cavern Club)
- Pousada Avalon
- Pousada Shamballah