Em meados de 1502, uma expedição portuguesa chegava a um dos mais lindos arquipélagos paulistanos. Neste roteiro em Ilhabela, te convidamos a (re)descobrir e aproveitar a capital da vela em apenas três dias, o suficiente para se apaixonar, e levar consigo boas lembranças desse “amor de verão”.

Sob o sopro constante de bons ventos, Ilhabela é conhecida como Capital Nacional da Vela, atraindo velejadores desde sua origem. No passado, foi destino de inúmeras embarcações, ligadas à história colonial do Brasil. Nem todas chegaram à terra firme e o local ficou até conhecido como “Triângulo das Bermudas” tupiniquim.

Uma porção de mistérios e lendas permeia a pequena gigante – são 27 mil hectares de área! – em meio aos mares. Parte dessa história pode ser explorada no Museu Náutico, que remonta a saga dos navios e naufrágios.

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Com belezas naturais de cair o queixo, Ilhabela é também onde mora a maior reserva da Mata Atlântica do planeta. Em seu território 90% preservado cabem centenas de espécies da fauna e da flora, montanhas, picos com mais de 1.000 metros de altitude, cachoeiras e vilas caiçaras. Quem diria que na ilha caberia tanta grandeza!

Não existe exatamente uma ordem a ser seguida no nosso roteiro em Ilhabela, mas serve como orientação do que pode ser feito ao longo dos três dias de pura diversão ou descanso. Tudo vai depender também do tipo de viajante que habita em você, se curte uma aventura ou um rolê confortável.

Foto: Ronald Izoldi/Sectur Ilhabela

Vamos lá? Se liga no roteiro em Ilhabela

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Dia 01

O primeiro dia pode ser um reconhecimento de território, digamos assim. Seguindo rumo às praias do Norte, uma passada pela orla das avenidas principais – que é como se fosse a mesma via, mas vai mudando de nome -, já mostra boa parte das praias principais, que começa no Perequê e vai até Jabaquara, uma praia mais selvagem, bem preservada e longe da civilização.

Aqui cabe a escolha de seguir para a última praia com acesso de carro e ir voltando, ou fazer paradas até chegar nela. Mas não se engane e nem tenha pressa; são 17 km de distância, porém há trechos sem asfalto, dificultando mais o percurso. No meio do caminho tem um mirante bem bonito.

No trecho Norte, recomendamos paradas na Praia do Pacuíba, que tem uma pequena trilha e um mar propício para observar peixinhos; na praia da Armação, para ver a charmosa capela Nossa Senhora Imaculada Conceição e com sorte beliscar alguma coisa na Nhá Pudina, um foodbike itinerante de comida saudável e orgânica.

Foto: divulgação/Restaurante Pedra do Sino

A próxima parada pode ser a Praia do Sino, que recebe esse nome devido a uma pedra que parece emitir som de sinos ao ser tocada pelas ondas do mar ou por outras rochas. Fica colada com a praia de Garapocaia e está rodeada por opções gastronômicas. Se quiser parar para o almoço, o restaurante Pedra do Sino serve pratos executivos e a la carte, como anchova grelhada e camarão pastorela recheado com catupiry, que é carro-chefe da casa. 

Outra opção para o almoço é na areia da praia do Viana, que agrada as famílias devido a infraestrutura, a ausência de ondas e um parquinho. O restaurante do Viana é um dos mais conceituados e tradicionais da ilha, comandado a três gerações pela mesma família, que é alemã mas se inspira na gastronomia nordestina. O local ganhou fama pela receita de casquinha de camarão, guardada a sete chaves.

Foto: divulgação/Restaurante do Viana

O dia pode continuar na praia, que conta com espreguiçadeiras e guarda-sol, até o entardecer ou dar sequência até as cachoeiras Couro do Boi, que se assemelha a uma hidromassagem natural, e Friagem, que possui uma boa ducha para banho. O percurso, porém, é de três horas de caminhada, exige atenção e plenas condições físicas.

Um giro noturno pelo centrinho comercial, chamado de vila pelos caiçaras, pode fechar o primeiro dia de atividades. É ali, aos pés da igreja Nossa Senhora da Ajuda, que se concentram lojas, bares e restaurantes.

Colado no píer, num deck de frente para o canal de São Sebastião, está a pizzaria Aeroilha, na ativa há mais de 25 anos. Tem como pizza da casa a mistura de mussarela, calabresa salpicada, rúcula e rodelas de tomate, mas também serve frutos do mar e saladas.

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Dia 02

O segundo dia dessa jornada pode ser no sentido oposto do anterior, indo rumo ao lado Sul, onde ficam as praias mais lindas do município, incluindo a isolada Bonete, que tem acesso apenas por uma longa trilha ou barco. Aqui cabe novamente a reflexão sobre ir até a praia mais distante primeiro e ir voltando sentido vila, mais para o final da tarde.

Com base nessa lógica, pé na estrada até a praia do Curral, que é uma das mais extensas da ilha e um tanto badalada, com forte presença do público mais jovem. Ao redor do hotel de luxo DPNY há restaurantes, bares e quiosques, que estão sempre tocando música.

Se a fome já estiver batendo, aproveite para almoçar ou petiscar ali mesmo, mas esteja preparado para encontrar preços inflacionados. Só para ter uma ideia, um quiosque visitado certa vez pela apresentadora Ana Maria Braga cobra R$ 35 na coxinha vegana.

Antes de partir para a próxima parada, não deixe de ver o belíssimo mirante da capela Santa Cruz, na ponta esquerda da praia. Quem esticar a estadia poderá observar o espetacular pôr do sol ao final do dia.

Não muito longe do Curral fica a cachoeira Paquetá, que conta com estacionamento e ducha na entrada. A trilha de acesso não é das mais fáceis, exige calçado adequado e calça para se proteger dos borrachudos. O esforço, porém, é recompensado com uma linda paisagem natural, com direito a uma vista inesquecível no terceiro salto, um dos pontos de nado, que se assemelha a uma piscina de borda infinita.

Voltando à via principal, cabe uma parada na praia do Julião, acessada por uma pequena trilha pavimentada, que tem um mar bem cristalino e piscinas naturais na maré baixa; ou uma ida direta à praia da Feiticeira, que é imperdível.

O cenário lindo da praia da Feiticeira – Foto: Brunella Nunes/Equipe QCV

O cenário dessa praia é diferente das demais, um tanto peculiar. Parece bem isolada do mundo ao mesmo tempo em que divide espaço com uma fazenda colonial e alguns morros no horizonte. Não possui infraestrutura, o que significa menos conforto, porém mais sossego.

Tome nota: o mar da Feiticeira não é ideal para crianças, pois é de tombo. Redobre a atenção caso esteja na companhia delas.

Perto dali tem outra cachoeira, a dos Três Tombos, com nível baixo de complexidade e um poço delicioso para banhar o corpo com água doce.

Por fim, visite a praia da Ilha das Cabras, que é um aquário natural e, portanto, ideal para mergulho. Arraias, tartarugas e peixinhos são a atração local, a apenas 100 metros de distância da areia. Mas, vale lembrar: só atravesse de maneira autônoma se já for um (a) nadador (a) nato (a)! Há como comprar passeios até o local em agências próximas.

O jantar pode ser no restaurante Kanoa da Ilha, que serve uma comida deliciosa e bem servida a preços justos. Aposte na sequência de camarão, que traz amostras variadas do crustáceo: empanado, ao alho e óleo, e ao molho, acompanhado de batata e mandioca frita.

Foto: divulgação/Prefeitura de Ilhabela

Dia 03

Há três sugestões para o terceiro dia do roteiro em Ilhabela. A primeira é desbravar as cachoeiras, caso não tenha dado tempo de ir. Além das já citadas aqui, tem muitas outras, como a cachoeira do Veloso, que é um dos lugares mais lindos da cidade, pertinho da praia do Veloso, também muito bonita e tranquila.

São três quedas para visitar, sendo a primeira delas de fácil acesso por caminhada de meia hora. As demais têm trechos mais íngremes na trilha, subindo a montanha. Em alguns pontos é necessário que a pessoa passe agachada, se segurando em cipós. Ao chegar, o visual é ainda mais bonito, com vista para o canal da Serra do Mar.

A segunda opção de passeio é uma ida à Castelhanos, que exige ao menos metade do dia. A praia isolada do outro lado da ilha é um refúgio, ainda predominantemente caiçara. Tem uma beleza única e exuberante, rodeada por montanhas e muita vegetação.

O trajeto até ela é um passeio aparte, um mergulho na natureza e suas nuances, de texturas, cores, temperaturas. Mirantes e cachoeiras fazem parte da aventura. Confira maiores detalhes nesta matéria.

Inclua Castelhanos no seu roteiro em Ilhabela – Foto: Brunella Nunes

O turista também pode se dedicar a visitar pontos de lazer, história e cultura. Cheque a programação e horário de visitação do Instituto Baía dos Vermelhos, espaço lindo no meio da Mata Atlântica, dedicado a concertos e apresentações de música, dança, etc.

Provavelmente muita gente que vai à Ilhabela deixa de lado uma ida ao Museu do Naufrágio. Tente não fazer isso, porque o local reúne tesouros históricos e informações valiosas sobre a ilha, que é o maior cemitério de navios do Brasil. Objetos, pedaços e réplicas dos navios de antigamente ajudam a explicar por quê tanta gente afundou.

Uma dica para quem está em família é o Ilha da Aventura Ecopark, um parque de lazer com piscinas, cachoeiras, espaço kids, churrasqueiras e lanchonete. Custa R$ 20 por pessoa e crianças com até 6 anos não pagam. Outro programa interessante é a Fazenda Engenho D’água, relíquia arquitetônica que tem visitação gratuita.

Foto: divulgação/Ilha da Aventura

Para o almoço, siga até o Marakuthai, aberto durante o dia apenas aos finais de semana. Um agradável espaço pé na areia e de frente para o mar acomoda os clientes, que provam a culinária autoral com inspiração asiática, assinada pela chef Renata Vanzetto.

A refeição começa com o Khiri Khiri (R$ 29), bolinha de camarão cremoso em crosta de castanha de caju, acompanhado por molho de pimenta. Como prato principal, vá de Wok (R$ 78), misto de camarões, cubos de salmão puxados na wok com alho, cebola, gengibre, pimenta e mel.

Foto: divulgação/Marakuthai

Outra pedida para a refeição é o Vila Salga, aberto como restaurante apenas durante a alta temporada na praia da Armação. Serve drinks bem elaborados e cozinha caiçara, misturando ingredientes brasileiros e frutos do mar.

Prove a Pescada Cambucu, uma carne branca leve, delicada e muito saborosa, servida de maneira semelhante a um ceviche; é marinada no leite de tigre, cebola roxa, milho verde, pimenta dedo de moça e salpicada com cubinhos de bacon. Chips de batata doce acompanham. Para refrescar, peça o Gin taya, com gin, pitaya, limão siciliano e tônica.

Roteiro em ilhabela precisa ter boa gastronomia no pacote – Foto: divulgação/Vila Salga

Por fim, se despeça da ilha se deliciando com alguns dos 40 sabores de sorvete na Gelateria Tradizionale ou um cafezinho coado no Ponto das Letras, uma charmosa livraria num casarão colonial de 1924, de atmosfera agradável e acolhedora.

Bom, chegou a hora de dar tchau, mas com as energias definitivamente recarregadas no pequeno grande paraíso.

Foto: divulgação/Ponto das Letras

Encontre aqui sua hospedagem em Ilhabela

Foto: divulgação/Ponto das Letras

Onde ficar

Ilhabela tem ótimas opções de hospedagem, seja em pousada, hostel, hotel ou casas para alugar. Para este roteiro, o ideal é encontrar um meio termo na localização, ou seja, a região central mesmo.

Se não estiver de carro, ao menos próximo da vila encontrará opções de praia, entretenimento e gastronomia. Poderá pegar um transporte para visitar pontos mais distantes do lado Norte e do Sul em algum dos dias.

Foto: divulgação/Feiticeira Guesthouse

Confira abaixo a seleção que fizemos:

*preços consultados para dois adultos por quarto em fevereiro de 2020; sujeitos a alteração.

Como chegar

Prontos para colocar o roteiro em Ilhabela em prática? Então comece definindo como será sua ida até lá e se possível se planeje para ir em períodos ensolarados. Os dias nublados realmente ofuscam as maravilhas da ilha e a experiência é bem diferente.

Quem vai de carro pode seguir pelas rodovias Ayrton Senna, Carvalho Pinto, Tamoios e Rio-Santos até a cidade vizinha, São Sebastião, de onde parte a balsa para Ilhabela.

Dica: evite as filas na balsa agendando a travessia por meio do site da Dersa. No Verão, é altamente recomendável fazer isso.

As viações de ônibus que realizam o percurso de São Paulo a São Sebastião partem do terminal rodoviário Tietê. São 213 km de distância, cerca de 3h30 de viagem, e o valor da passagem de ida é R$ 69,69.

O Heliponto Maroum recebe os turistas que chegam por via aérea. Não há aeroportos na ilha.

Foto: divulgação/restaurante do Viana

Foto em destaque: Brunella Nunes

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