As águas esverdeadas que correm pelos rios cristalinos de Campo Novo do Parecis, em Mato Grosso, ganharam a atenção do mundo após uma foto publicada nas redes sociais. Na imagem se vê um homem numa canoa que parece flutuar, de tão translúcida que é o percurso fluvial.
O estado do Mato Grosso é muito rico em hidrografia e não por acaso abriga em suas fronteiras lugares como Bonito e Nobres, dois destinos turísticos que figuram entre os mais lindos do país. Mas ainda existe muitos outros municípios a serem explorados no coração do Centro-Oeste.
Com cara de paraíso perdido e fundo de areia branquinha, o Rio Ponte de Pedra é afluente do Rio do Sangue e integra a bacia do Rio Sucuruína, na divisa entre Diamantino e Nova Maringá. Pra variar, a área está sob constante ameaça, seja pela expansão agrícola ou pelo projeto de hidrelétrica. O agronegócio, aliás, é a principal atividade econômica regional.
É um local de geologia curiosa, visto que a tal ponte de pedra teve origem a milhares de anos atrás, com escavação fluvial natural. Mas chegar lá exige experiência, conforme conta ao QCV, Eduardo Augusto de Carvalho, adepto de expedições de pesca esportiva e autor da famosa fotografia que viralizou nas redes sociais.
“O rio Ponte de Pedra é parte de uma aldeia de mesmo nome. É um pouco mais restrito que o Rio do Sangue, onde há vários pontos de visitação. Fazer essa viagem requer planejamento e experiência, pois não existe apoio durante o trajeto, com exceção de poucas fazendas onde, em geral, a sede fica longe do rio”.
Conversando comigo, Eduardo disse que é preciso levar todo equipamento possível, como barracas de camping, comida e remédios. É importante também não ir sozinho, visto que o local é inóspito. “Nosso grupo desceu cerca de 250 km de rio em canoas canadenses, ao longo de aproximadamente 10 dias”, explicou.
O local corta a região de Campo Novo do Parecis, a 391 km de Cuiabá, município conhecido por suas belas águas, que seguem entre rios, corredeiras, poços e cachoeiras. É necessário ter bastante atenção aos pontos adequados para mergulho, pois as quedas d’água não formam piscinas, deixando as pessoas mais inseguras com as correntezas.
Um dos pontos mais impressionantes é o Salto do Utiariti, que oferece 98 metros de queda livre no Rio Papagaio, onde também é praticado rapel. Há um espaço legal para ficar admirando as águas fluírem. O banho é proibido. Este atrativo foi altamente recomendado por Eduardo.
Se quiser ver a água cristalina assim, evite os períodos de chuva, que tornam os rios mais turvos.
Outras aventuras em Campo Novo do Parecis
Seria injusto falar apenas de uma atração de Campo Novo do Parecis, que tem outros seis grandes rios cortando seu território: Membeca, Verde, Sacre, Papagaio, Sucuruína e Cravarí. Com paisagens únicas, todos oferecem um verdadeiro deleite para mergulhadores, que ali praticam mergulho autônomo e apneia, técnica sem cilindro de oxigênio.
Na superfície, a canoagem e o rafting atraem os demais praticantes de esportes radicais. Um dos pontos mais frequentados para as atividades é o Balneário Rio Verde, formado por uma linda piscina natural azul turquesa. Fica numa área particular com boa estrutura para Day Use ou campismo, contando com chalés, quiosques com churrasqueiras, restaurante e playground. O local engloba o belo Rio Sacre e o acesso custa R$ 10 por pessoa.
Nas quedas paralelas do Rio Verde se forma o conjunto Quatro Cachoeiras, que conta com dois mirantes e alguns “trampolins” onde os indiozinhos se jogam sem medo na água. Diversão garantida para crianças e adultos! No Rio Papagaio, é permitido nadar nos poções, que entre as pedras parecem formar uma hidromassagem natural. Com sorte, o banhista ainda consegue presenciar a formação de um arco-íris sob as águas.
Campo Novo também foi abençoada pela mãe natureza com a transição de dois biomas importantes: a Floresta Amazônica e o Cerrado. Assim, engloba paisagens imperdíveis e peculiares, como se vê Chapadão de Parecis, que proporciona uma imersão pelo cerrado através de uma Cidade de Pedras, formações naturais rochosas e avermelhadas, semelhantes à Vila Velha, próximo de Ponta Grossa/PR.
É procurado para trilhas ecológicas, cavalgadas e passeios de bike. Porém, trata-se de um local considerado sagrado pela etnia Paresi-Heliti, então é necessário agendar visita através da Funai, pelo telefone (65) 4482-2869.
É fundamental lembrar ainda que boa parte das terras da cidade pertencem a 12 aldeias indígenas, como Utiariti, Wazare e Quatro Cachoeiras. A etnia dos Parecis é a mais forte, espalhada em 56 comunidades mato-grossenses.
Com o turismo despontando como fonte de renda, foi criada a a Rota dos Parecis, um roteiro turístico cultural-indígena, que parte de Campo Novo do Parecis e vai até Sapezal. Os povos de cinco aldeias recebem visitantes para um dia de intercâmbio cultural, com música, artesanato, dança e comida. Também está incluso no passeio uma ida aos atrativos naturais nos arredores das aldeias.
São estes os moradores responsáveis pela preservação local, que se reflete não apenas no cristalino das águas, mas também na ciência. O município é reconhecido como principal polo de estudos e pesquisas da fauna e flora típica do cerrado mato-grossense e de suas comunidades indígenas.
Onde ficar
A rede hoteleira da cidade ainda é bem pequena. No AirBnb há apenas uma opção, que seria um espaço para camping. Na região central, existem cerca de 10 hotéis que atendem os viajantes. Abaixo você pode conferir alguns deles:
Como chegar em Campo Novo do Parecis
Para chegar em Campo Novo do Parecis, o ideal é descer no aeroporto de Cuiabá e depois alugar um carro. O trajeto também pode ser feito de ônibus, com a viação Tut Turismo, que liga a capital mato-grossense diretamente ao destino das cachoeiras e rios cristalinos.
As agências de turismo da região vendem esse pacote, além de auxiliar os viajantes em relação a hospedagem, restaurantes e demais passeios com infraestrutura.
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Só uma correção, vila velha fica em Ponta Grossa, e não em Curitiba ( 110km de Curitiba)
Agradecemos a correção 🙂