Ah, se eu pudesse voltar no tempo…“. Nos restaurantes e cafés clássicos em São Paulo, você até pode. Com ambientes permeados por tradicionalismo e nostalgia, os endereços antigos da capital ainda despertam o interesse de novos olhares. Com algumas mudanças, é claro, muitos estabelecimentos da cidade seguem no mesmo endereço dos tempos áureos.

Foi em meados do século 19 que o Centro de São Paulo começou a ganhar boa parte de seus comércios, que até hoje mantêm as portas abertas. São mercearias, panificadoras, cafeterias e restaurantes, cada qual com sua fama, frequentados ao longo de décadas por famílias e turistas.

Restaurantes e cafés clássicos em São Paulo

  • Hamburgueria do Seu Oswaldo
    R. Bom Pastor, 1659 – Ipiranga

O primeiro da lista de restaurantes e cafés clássicos em São Paulo é uma hamburgueria que foi fundada em 1966 por Oswaldo Paolicchi (1930-2008), é uma das primeiras hamburguerias de São Paulo, sendo auto declaradamente a primeira a criar um molho de tomate para acompanhar os lanches. Maionese e hambúrguer são caseiros, e a receita dessas delícias é guardada a sete chaves pelos funcionários.

Os lanches são servidos em pratos coloridos de plástico e as bebidas com gostinho de nostalgia: nas garrafas KS ou em copos de refresco. Não há venda de acompanhamentos, como batatas fritas, ou porções, mas isso não é problema para degustar um lanche saboroso e cheio de história. Seu Oswaldo é um ponto tão famoso no bairro que costuma a ter fila na porta aos finais de semana.

  • Café Girondino
    Rua Boa Vista, 365 – Centro

Uma instituição paulistana. Assim se define o Café Girondino, inaugurado em 1998 com o mesmo nome de um famoso bar e charuaria que existiu na Praça da Sé em meados de 1910, segundo imagens históricas. Com vista para o Mosteiro São Bento, o charmoso restaurante na esquina da rua Boa Vista, serve, além do café da manhã, doces e salgados a qualquer hora do dia. São servidos almoço e jantar, e também é uma boa opção para um happy hour com os amigos.

Foto: divulgação
  • Ponto Chic
    Largo do Paissandu, 27 – República
  • Outras unidades: Ponto Chic Perdizes -Largo Padre Péricles 139
    Ponto Chic Paraíso – Praça Oswaldo Cruz, 26
    Ponto Chic Brooklin/Morumbi (Exclusiva para delivery) – Rua Guararapes, 218

O Ponto Chic é um dos bares mais tradicionais de São Paulo, com 100 anos de existência e história e sua inauguração no Largo do Paissandu, coincidiu com a Semana de Arte Moderna, em 1922.Os alunos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco se tornaram assíduos frequentadores.

Casimiro Pinto Neto, o Bauru, aluno da faculdade, que tinha esse apelido por ser da cidade de Bauru, foi o responsável pela invenção do sanduíche que levou seu nome (1937), O Famoso Bauru e até hoje o Ponto Chic mantém sua receita original, que em 2022 completou 80 anos.

As 4 lojas (Paissandu, Perdizes, Paraíso e Brooklin/Morumbi) possuem um cardápio variado com lanches, porções e pratos tradicionais da cultura paulista.

  • Di Cunto
    Rua Borges Figueiredo, 61/103 – Mooca

Fundada por Donato Di Cunto em 1896 no coração da Mooca, a Di Cunto traz a tradição italiana, seguindo as receitas da família desde então. Com o passar dos anos Donato Di Cunto regressa à Itália e não volta mais, deixando seus filhos nascidos no Brasil vivendo por aqui, e é em 1935 que a Di Cunto nasce oficialmente. Os filhos de Donato, Vicente, Lorenzo, Roberto e Alfredo decidem recuperar o sobrado e reabrir a padaria.

O cardápio é variado, e você pode passar para tomar um café e comer um docinho, ou se preferir, levar massas frescas com molho caseiro para o almoço no final de semana. O restaurante está aberto também, assim dá para provar um pouco de cada uma dessas delícias lá mesmo. Detalhe: eles fazem panetone o ano inteiro lá, vale a pena provar!

Foto: divulgação
  • Cantina C…Q Sabe
    Rua Rui Barbosa, 192 – Bela Vista

A Cantina C…Q Sabe é tradicionalíssima em São Paulo, no Bixiga, desde 1931.
Bruno Stippe, chef da Cantina, manteve as receitas tradicionais italianas dos avós e incrementou com a cozinha internacional. Além dos pratos, o ambiente chama a atenção também, com decoração típica italiana, quadros nas paredes com fotos de artistas que já frequentaram o local, panelas penduradas no teto e muita música ao vivo.

  • Café Floresta
    Av. Ipiranga, 200/21 – Copan – Centro

Foi em 1970, quatro anos após a abertura oficial do Copan, que o café abriu as portas e nunca mais fechou. É parada rápida, no balcão mesmo, onde saem inconfundíveis xícaras na cor âmbar, com café forte moído na hora. O bolinho de banana é o mais comentado do pedaço. E, não se esqueça: pagamento apenas em dinheiro.

Foto: Immanuel Fruhmann

Faz 64 anos que a Pizzaria Speranza abarca longos jantares, de famílias que mantém a tradição viva por gerações a fio, seja na administração do espaço ou nos encontros. Localizada no italianíssimo bairro do Bixiga, a pizzaria ocupa o antigo casarão da família Tarallo, a fundadora, contando com espaço de sobra para receber o público sedento por saborosas pizzas, nos tamanhos tradicional e napolitano, além do excelente Tortano, pão de linguiça que é um patrimônio da casa. 

Na ativa desde 1872, a Padaria Santa Tereza é considerada a mais antiga do país. Mudanças foram feitas ao longo do tempo, inclusive de endereço, mas a casa se mantém atrás da Catedral da Sé desde 1947. O ambiente é simples e bem paulistano: um grande balcão serve comidas rápidas, em especial a famosa duplinha coxa-creme e Coca-Cola gelada. Já o andar superior é mais sofisticado, contando com objetos antigos e uma parede forrada de fotografias que recontam a história longeva da padoca. 

  • Carlino Ristorante 
    Rua Epitácio Pessoa, 85 — Vila Buarque

Mas é claro que o restaurante mais antigo da cidade foi fundado por um imigrante italiano, nação volumosa em terras tupiniquins. Foi fundado em 1881 com base na cozinha Lucchese, proveniente da região Toscana, por Carlo Cecchini, que permaneceu no comando até 1949. Foi repassado a outros dois chefs italianos e mudou de endereço na década de 60, onde permanece até hoje. Para sair do óbvio, uma sugestão: Tagliolini verdi com salmon defumado, pimenta rosa, dill e raspas de laranja. 

Casa antiga, receitas novas: assim é esse clássico de São Paulo. Foto: divulgação
Foto: divulgação

Foi em 1888 que a mercearia mais conhecida da cidade se instalou em um edifício na região central, sob o comando do imigrante português José Maria Godinho. No atual endereço está desde 1924, mantendo até hoje os charmosos pisos de ladrilho hidráulico, a balança de prata, as prateleiras em madeira nobre. 

A clientela de pessoas como Assis Chateubriant, Adhemar de Barros e Jânio Quadros trouxe mais fama para o local, que vende azeites, frutas secas e outros produtos a granel. O Bacalhau da Noruega é orgulho da casa, assim como as empadinhas, que trazem gente de longe para matar as saudades. 

O tempo em atividade, que atravessa séculos, fez com que fosse declarada patrimônio cultural imaterial da cidade.

  • Padaria São Domingos
    R. São Domingos, 330 – Bela Vista

A última da lista de restaurantes e cafés clássicos em São Paulo foi bombardeada no conflito de 1924, conhecido como “a guerra esquecida”, a padaria São Domingos já passou por poucas e boas. De pé desde 1907, o endereço centenário se estabeleceu no bairro do Bixiga para nunca mais sair, nem que venha uma bomba dos céus. O pão italiano chegou por ali através das mãos do italiano Domênico Albanese, que atraiu uma boa e fiel clientela, incluindo o músico Adoniran Barbosa.

Entre as delícias da panificadora está a crocante Sfogliatella feita de ricota com frutas cristalizadas, o cannoli e a rosca de linguiça calabresa. Antepastos e embutidos acompanham as compras de quem não abre mão da São Domingos.

Encontre aqui a sua hospedagem e viaje no tempo sem sair da cidade!

Texto com colaboração de Paula Alvarez

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