Cientistas sequestram crianças para usá-las em experimentos sobrenaturais e tentativas de controlar suas mentes. Mistérios rondam um edifício próximo a um bosque. Poderia ser apenas uma descrição rápida sobre o enredo de Stranger Things, mas são suspeitas comuns entre os habitantes da cidade de Montauk, em Nova York, Estados Unidos.

Assim como a fictícia Hawkins, onde se passa a famosa série da Netflix, Montauk é uma cidade interiorana, daquelas em que todos se conhecem. Nada tão difícil, considerando seus menos de 5 mil habitantes.

Entre eles, os mistérios e teorias da conspiração são assuntos frequentes. Todos parecem já ter falado ou ouvido falar sobre o misterioso Projeto Montauk.

O quê?

Projeto Montauk

Nos anos 40, o exército americano construiu uma estação de defesa em Montauk, no extremo leste de Long Island. O mundo estava em guerra e, por ser uma cidade costeira, a localização era ideal para a construção de um forte que fosse capaz de proteger Nova York de possíveis ataques.

Nascia Camp Hero, uma base militar edificada sobre mistérios e teorias da conspiração. A área ganhou fama na região graças ao suposto Projeto Montauk, um experimento do governo que visaria desenvolver estratégias de guerra psicológicas e recursos inusitados, como viagens no tempo, controle de mentes e técnicas de invisibilidade. Tudo especulação, claro.

As histórias começaram a circular ainda nos anos 80 e, desde então, ganham relatos cada vez mais sofisticados. Em 1992, o lançamento do livro “The Montauk Project: Experiments in Time” (“O Projeto Montauk: Experimentos no Tempo“, em português), de autoria de Preston B. Nichols e Peter Moon, aumentou a curiosidade em torno do local.

A obra, lançada como um livro de ficção, detalha acontecimentos que teriam ocorrido na Base Aérea de Montauk e usa algumas fotografias reais para ilustrar a narrativa. Como resultado, diversos leitores foram convencidos de que a história era mesmo verdade e passaram a creditar os fatos da ficção ao espaço real – o que foi estimulado pelos autores, convém dizer.

Após o sucesso inicial, o livro ganhou diversas sequências ao longo dos anos 90, que detalham outros acontecimentos que estariam supostamente ligados a Camp Hero. Entre eles, estão as teorias da conspiração de que a chegada do homem à Lua seria uma farsa e de que o vírus da AIDS teria sido criado em laboratório (obviamente, em Montauk!).

Como é possível supor, não há evidências de que nada disso tenha de fato acontecido, apenas relatos de pessoas que supostamente estariam envolvidas nos experimentos.

Hoje, Camp Hero é um parque estadual que se estende por 415 acres. Parte deste espaço é fechada a visitantes e permanece aparentemente abandonada. São as áreas que um dia deram lugar aos edifícios da base militar.

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Fechado para o público. Não entre no edifício“. Foto CC BY-SA 3.0 Transpoman

Montauk

A história maluca atrai visitantes de diversas partes dos Estados Unidos ao local, mas eles não são os únicos turistas a colocar os pés na região.

Montauk também é famosa entre os trendsetters. Modelos, estilistas, músicos e surfistas encontram no balneário o cenário para férias que conseguem dosar tranquilidade e badalação em uma fórmula perfeita.

Inclusive, já mencionamos a região ao falar sobre as cidades ideais para surfistas. A fama é merecida.

Além das praias, 70% do território de Montauk é formado por parques naturais. Camp Hero é um deles e há tantos motivos para conhecê-lo quanto teorias conspiratórias em torno do local.

O site oficial do parque descreve um cenário quase idílico:

“Características específicas de Camp Hero são magníficas florestas marítimas intocadas, áreas úmidas de água doce, vistas espetaculares do oceano e penhascos dramáticos saindo da praia. Um extenso sistema de trilhas está disponível para caminhadas, ciclismo e cavalgadas. O parque possui alguns dos melhores locais de pesca e surfe do mundo, abertos 24 horas por dia para pescadores com licenças e áreas para piqueniques. Um ambiente imperturbável abriga uma abundante vida selvagem e uma abundância de pássaros.”

Montauk nos planos? Hospede-se no The Surf Lodge, uma das acomodações mais badaladas da cidade.

Praia de areias claras com algumas cadeiras próximas à beira do mar.
Praia de Montauk, nos Estados Unidos. Foto: Bridget Shevlin

Como visitar Camp Hero

Para chegar a Montauk, são cerca de 2h30 de carro saindo de Manhattan, em Nova York. Também é possível fazer o percurso em trem ou ônibus – nesse caso, o tempo de viagem será de três horas.

Camp Hero fica no extremo leste de Long Island e, exceto pelas áreas de acesso restrito, o parque permanece aberto durante todo o ano.

Até hoje, muitas pessoas que acreditam nas teorias conspiratórias que envolvem Camp Hero costumam frequentar o local. Portanto, não se preocupe se encontrar alguns curiosos observando tudo de maneira misteriosa.

Aos finais de semana, o parque pode ficar bastante movimentado, principalmente durante a temporada de pesca (entre abril e dezembro). Caso pretenda visitar o local nesta época, programe-se para chegar cedo.

Não se esqueça de levar repelente: ele pode não afastar experimentos sobrenaturais, mas vai deixar você livre dos carrapatos que vivem no parque. São muitos, como as inúmeras placas pelo caminho fazem questão de avisar.

E, ainda que você não goste de teorias da conspiração, é difícil não reparar nos vários pontos marcados em vermelho como “Restricted Area” (“Área Restrita”) no mapa oficial do parque. Você arriscaria chegar perto deles?

Mapa oficial de Camp Hero. Imagem: Divulgação NY State

Para chegar lá, joga no Google Maps o seguinte endereço: 27 Route, Montauk, NY 11954. 😉

Montauk e Stranger Things

Quando a Netflix anunciou pela primeira vez a série dos irmãos Duffer, a produção tinha outro nome. Será que você consegue adivinhar qual era?

Acertou quem pensou em Montauk. O anúncio feito em abril de 2015 dá uma boa pista de qual foi a inspiração para os acontecimentos que conhecemos na série, renomeada de Stranger Things para sua estreia em 2016.

Mas esta não é a única série que se conecta a Montauk. Se os casos curiosos acontecidos na cidade inspiraram o enredo da trama de mistério adolescente na Netflix, sua paisagem virou cenário para The Affair.

Com cinco temporadas ambientadas em Montauk, The Affair pode ser vista na GloboPlay ou na Netflix (no serviço internacional, apenas as 4 primeiras temporadas estão disponíveis). A trama acompanha a relação de um casal de amantes e as consequências que o caso extraconjugal traz para a vida de ambos.

Enquanto isso, Stranger Things supostamente se passa em Indiana, mas foi gravada na Georgia. Espia um roteiro completo pelas locações que serviram de palco para a história de Eleven, Mike, Dustin e outros personagens que ganharam nosso coração e deixaram nossa cabeça fervilhando de ideias.

2 comentários

  1. A ficção imita a realidade… E nunca o contrário! O Projeto Montauk, que aqui é tratado como “teoria da conspiração” e tendenciosamente desacreditado, realmente aconteceu, pois existem sim, registros de que algo muito suspeito era estudado em Camp Hero, entre a Segunda Guerra Mundial, até meados dos anos 80. Descartado os relatos de pessoas que “supostamente” fizeram parte disso, é sabido que documentos encontrados guardados ( e esquecidos desastrosamente por seus responsáveis) em um departamento do governo americano alguns anos atrás, mostraram parcialmente alguns experimentos feitos, assim como gastos inexplicáveis de grande monta para tais estudos(ainda que esses documentos estivessem fragmentados, obviamente não à toa). Assim como os alemães da era nazista faziam seus estudos e experimentos de cunho científico, tecnológico e espiritual, tendo como exemplo a Sociedade Vrill e Thule, seria muita ingenuidade que americanos também não tentassem algo nesses campos. Tudo por poder! O projeto Montauk era parte do Mk-ultra, com parceria da CIA e dos militares da época. Envolvia controle da mente, paranormalidade e até mesmo viagem no tempo. Se algo de tudo isso deu certo ou desastrosamente muito errado, todo ou grande parte do que foi registrado, foi destruído ou ainda se encontra como confidencial. Se nada disso fosse verdade, por que a base militar foi desativada, depois de algum tempo, despertar suspeitas do que acontecia por lá, entre cidadãos comuns, autoridades e políticos da época? Outra questão é a de terem desativado uma base que se considerava estar em um ponto estratégico para a defesa do território americano. Se não tem serventia alguma nos dias atuais, após tantos anos fechada, por que certas áreas e prédios das instalações ainda são de acesso restrito? Algo de errado não está certo.

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