Viver sem carne é uma opção cada vez mais possível no mundo contemporâneo, com o número de adeptos crescendo sem parar. Exemplos de como fazer isso não faltam e um caso recente descoberto por nós é a Veganize, pizzaria vegana em São Paulo, que utiliza ingredientes 100% livres de proteína ou crueldade animal nas receitas e produtos disponíveis.
A ideia do designer gráfico Maicon Belitato e da farmacêutica Mariana Soares, começou no final do ano passado, com um despretensioso delivery de larga abrangência para atender a demanda, chegando a 30 km de área de cobertura. O que a dupla não imaginava é que em apenas seis meses ganharia adeptos o suficiente para se transformar num espaço físico com cerca de 30 lugares.
Ocupando uma casa na gigante Zona Leste da cidade, que concentra cerca de 1 milhão de moradores e está cheia de veganos, porém carece de estabelecimentos do tipo, geralmente concentrados nas Zonas Sul e Oeste, bem distante da parte periférica. Os fatos comprovam a teoria: de acordo com Maicon, há apenas uma hamburgueria nos arredores de Itaquera, Vila Matilde e Penha. Ele também afirma que só existe a Veganize como pizzaria 100% vegana em SP, envolvendo toda a sua estrutura e cardápio dentro do que determina o movimento em prol dos direitos dos animais.
Trouxemos o veganismo para a ZL. Não precisa ser uma coisa cara, nem gourmet. Precisa ser acessível e vamos mostrar que dá para seguir com a ideologia assim.
No meio do processo criativo, Maicon contou ao Quanto Custa Viajar que a proposta estabelecida pela pizzaria é popularizar o veganismo, não só em termos de consciência mas de praticar preços justos, fugindo a proposta gourmetizada, como acontece em muitos restaurantes paulistanos. “Queremos ter um ambiente de qualidade e trazer a ideologia para a periferia, onde mora grande parte das pessoas, mas que precisam ir para endereços muito longe de casa para comer e que, por construção social, se centraliza em bairros nobres”.
Dado o primeiro passo para a democratização alimentar, a Veganize reúne cerca de 30 sabores no cardápio, em formato de pizza (com valor entre R$ 38,90 e R$ 52,90) ou esfiha (R$ 4,50 e R$ 6,90), com massa de trigo, integral ou sem glúten. Nas opções salgadas, destacam-se a de mix de cogumelos, calabresa, portuguesa, brócolis II e provolone, que é feito artesanalmente a partir do tofu defumado.
É incrível notar, com os olhos e o paladar, como o movimento gastronômico vegano vem conquistando espaço e se reinventando. O “catupiry” e a “calabresa” são duas coisas bem parecidas com os ingredientes convencionais, porém com a consciência muito mais leve. A pizza que provamos estava bem preparada e, como de praxe na capital paulista, com boas doses de recheio!
Entre as doces, tem abacaxi com coco, banana com canela, Romeu e Julieta (tofu com goiabada), entre outras. Provamos a de chocolate com paçoca, que vem caprichada no recheio! Para seguir adoçando a vida tem também brownie com sorvete e até banana split.
Na categoria das bebidas, tudo o que foi escolhido no menu também se encaixa na categoria vegan, sem o perigo de contaminação cruzada, testes em animais ou vestígios de proteína animal. Tem kombucha, bebida fermentada que vem caindo no gosto dos brasileiros, guaraná, sucos e bebidas alcoólicas. Entre as cervejas artesanais está a Guerrilheira, feita com malte, lúpulos, cevada e hortelã. Apesar de ser uma pilsen, lembra bastante uma witbier.
O intuito do espaço é também alimentar a massa cinzenta dos clientes com um bocado de cultura. Há uma biblioteca e um pequeno lounge, além de uma programação com apresentações musicais, saraus e outras manifestações artísticas, igualmente importantes e em déficit no bairro. Alguns eventos de final de semana trazem a chance de provar pratos de outras cozinhas, como a mexicana.
Segundo Maicon, há ainda um outro fator que ele observa e sente falta na região: os produtos de higiene, por vezes caros e muito nichados no público com maior poder aquisitivo. “Aqui a gente também tem uma lojinha e sede o espaço para alguns expositores, como pessoas que fazem produtos em casa, para ajudar quem está na mesma causa que nós. Queremos ser um ponto de fuga para os veganos daqui não precisarem se deslocar e, consequentemente, gastar muito mais do que deveriam“. Se continuar nesse caminho e nesse ritmo, o sucesso não tardará em chegar.
Como chegar: a pizzaria fica na Rua Augusto Ostergreen, 354, numa linha reta a partir da estação de metrô Vila Matilde.
Fotos: Brunella Nunes/Equipe QCV (com exceção das imagens de divulgação)
*reprodução proibida
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