A África tem um território aproximado de 30 milhões de km², mas boa parte ainda não foi explorada turisticamente. Porém, o jogo vai virando aos poucos. Descubra o que visitar na Argélia, país eleito como o melhor destino de aventura para 2020.
A escolha foi feita pela equipe da British Backpacker Society (BBS), uma organização inglesa que destaca viagens de aventura sustentáveis. A cada ano renovam a lista de lugares com grande potencial ecoturístico e nas últimas edições vêm promovendo países mais exóticos. Em 2018, foi a vez do Paquistão, e em 2019, a Etiópia conquistou o topo do ranking.
O continente africano segue fazendo a cabeça de quem busca por adrenalina, cultura diferente e paisagens incríveis, entre a Cordilheira do Atlas e o Deserto do Saara. Eleita o melhor destino do mundo, a Argélia surpreende os visitantes com a hospitalidade de seu povo, as montanhas, as antigas ruínas, os oásis, as grutas e o deserto.
Confira abaixo o que visitar na Argélia, com alguns pequenos destaques para considerar no roteiro:
Ruínas romanas de Djemila: as mais famosas e numerosas ruínas da Argélia estão em Djemila, que segundo a Unesco, também são as mais lindas do mundo. A cidade montanhosa na região de Setif resguarda pedaços de antigas avenidas, termas, catedrais, arcos e um teatro romano de cair o queixo. Não há sinalização de nada, mas o fato não reduz o impacto que tais ruínas deixam.
Tremécem: na fronteira com Marrocos, a cidade atrai olhares pra suas mesquitas, palácios e montanhas. A cidade tem mais edifícios dos séculos 12 a 15 do que toda a Argélia, trazendo à tona características medievais que refletem a influência espanhola.
Montanhas Hoggar: a região da cadeia montanhosa de Hoggar é ideal para explorar a natureza argelina. É lá que fica o Monte Tahat, que chega a 2.908 metros de altura, além de povos originários, os Tuaregues.
Jardin d’Essai du Hamma: o jardim botânico de Argel conta com paisagens cenográficas entre as mais de 1.200 espécies de plantas que cultiva. Abriga também um zoológico, com tigres e leões, e um centro de pesquisas agrícolas, visto que o espaço começou como fazenda em meados de 1.830.
Ruínas romanas de Tipasa: com um cenário de tirar o fôlego, os sítios arqueológicos de Tipasa, a apenas 70 km da capital, são considerados Patrimônio Mundial da Unesco. Reúnem vestígios da civilização do século 6, antes e depois de Cristo, segundo calendário gregoriano. Algumas das informações sobre as ruínas estão no Museu de Tipasa.
Constantina: A chamada cidade das pontes é a popular e indicada para os mochileiros. Tem mirantes por todos os lados e quatro pontes que separam o moderno e o antigo, com edifícios magníficos pairando acima de penhascos. Quem vai pra lá, volta apaixonado.
Cascata Kefrida: parada obrigatória para quem busca se aventurar no país, a exuberante cascata tem um cenário digno de conto de fadas, em meio a uma floresta de 15 hectares. Apesar de ser constantemente visitada para recreação, carece de manutenção e cuidados por parte do poder público, não tendo nem iluminação noturna. Fica no município de Taskeriout, perto da vila de Ait Idriss, que também se inclui na rota dos mochileiros.
Oran: inspirada na cidade francesa de Nice, Oran é um dos principais destinos do país. Tem uma orla bonita, cercada por restaurantes, cafés e sorveterias, mirantes e penhascos que dão vista para o mar. O centro antigo conta com diversos edifícios de arquitetura francesa. A estrutura turística inclui até mesmo resorts de luxo.
O litoral: Em seus 1.600 km de costa mediterrânea, a Argélia conta ainda com lindas praias, algumas com muita e outras com pouca manutenção. a praia de Sablettes ostenta até mesmo uma brilhante roda gigante de frente para o mar.
Em Skikda, o cenário lembra um pouco as praias da Itália e de Mônaco. Paredões rochosos, um mar azul cristalino e muitos barquinhos se alinhando na orla do porto.
Os desafios para visitar o “melhor destino do mundo”
Apesar do país ser destacado pelos especialistas britânicos e dos anseios locais, faltou dizer que o setor de turismo é praticamente inexistente na Argélia, o que dificulta desde o visto e até mesmo a chegada dos viajantes.
Para conseguir ingressar no país é solicitada uma carta de visitação vinda de uma agência ou de algum argelino, contendo locais a serem visitados, datas, hotéis, cartão de embarque dos voos, comprovante de emprego e renda do viajante, que serão certificados por autoridades.
O requerimento de visto custa US$ 100 – mas não é difícil que seja rejeitado. Em caso positivo, tem durabilidade de 30 dias e pode demorar até duas semanas para ser processado.
Outros obstáculos a serem encontrados estão no idioma, visto que placas e demais sinalizações são em árabe ou francês; e no transporte, que não cobre as principais cidades. O aluguel de carro tem um valor exorbitante, chegando a US$ 1.000 por semana.
O dinheiro também pode ser um problema se não for o suficiente, pois caixas internacionais são escassos, abrindo espaço para vendedores de moeda ilegais.
A Argélia é um país seguro, porém, com os problemas estruturais, turísticos e políticos, é preciso redobrar a atenção e conhecê-lo antes mesmo de chegar lá. Há uma constante mobilização popular por lá e algumas tensões, mas de maneira geral os protestos são pacíficos.
O Itamaraty recomenda visitar o país com “alto grau de cautela“, conforme descrição na página oficial, listando também ameaças de sequestros e ataques terroristas, que não acontecem desde 2013. O turista deve evitar regiões afastadas das áreas leste e sul, e as fronteiras com a Mauritânia, o Niger e a Líbia, que concentram extremistas.
Sem o devido investimento na área, é notável a apreensão por parte do governo, caso o país se popularize. Apesar de lisonjeados com a nomeação, os argelinos publicam na internet que o “turismo em massa não é para eles” e que o “mochileiros não encontrarão um país em perfeitas condições” para recebê-los.
O fluxo turístico da Argélia varia entre 2,5 milhões e 3,5 milhões nos últimos anos, mas boa parte do número condiz com residentes. A intenção das autoridades é chegar a 5 milhões até 2025.
Em contrapartida, talvez isso force os projetos a saírem do papel e ajude a mover a economia. Com um novo governo sendo montado em 2020 e o país crescendo o olho no potencial que publicações como a da BBS sugerem, parece que existe um genuíno interesse em atrair estrangeiros e seu poder de compra.
Uma reportagem do Arabian Business aponta que a Argélia quer se colocar como um “destino alternativo no Mediterrâneo”, segundo palavras do conselheiro do Ministério do Turismo, Abdelkader Gouti, que também afirmou que o setor gera empregos e que o país não pode ficar à margem.
As iniciativas que preveem investimento do governo, porém, não são sustentáveis e muito menos destinadas a aventureiros. Gouti disse que há planos para expandir o porto, a afim de receber cruzeiros marítimos, e a construção de um resort, seguido da promessa de um visto mais ágil.
A Argélia e a África no geral têm sim muitos tesouros que fazem os olhos reluzirem, mas eles ainda precisam ser lapidados.
Outros destinos para 2020
Além da Argélia, a BBS também incluiu em sua concorrida seleção outros países que saem do lugar-comum, mas alguns deles seguem com os mesmos desafios do país africano: uma burocracia tremenda para entrar e alguns conflitos.
Exemplo disso é Uzbequistão, rico em atrações e belezas históricas que, infelizmente, são vistas apenas por turistas que recebem convites vindos de pessoas ou hotéis. Esta é a única forma de obter o visto e, se ficar mais de três dias, precisa também realizar um registro no Ministério de Assuntos Externos.
O Paquistão também aparece no ranking, mas os brasileiros que quiserem ir pra lá precisam apresentar não apenas os documentos convencionais, como também passar por um processo de três etapas e enviar uma carta de convite ao país, caso a viagem seja de negócios.
No ano passado, o primeiro lugar ficou com a Etiópia, apontada como melhor destino pela CNN em 2015. Em 2020 o país africano segue no ranking, devido seus parques naturais e sítios arqueológicos. Porém, vale lembrar que conflitos étnicos são constantes, especialmente nas regiões leste e sul, então é necessário planejar bem onde será a próxima aventura.
A Arábia Saudita vem apostando cada vez mais no turismo de luxo, com investimentos de bilhões de dólares. Pode ser excelente para a economia caso tenha sucesso, mas ao mesmo tempo afasta outros perfis de viajantes.
A melhor dica do ranking em termos de facilidade de acesso, belezas naturais, aventuras e certo exotismo é o Cazaquistão. O país não exige visto dos brasileiros, que podem permanecer até 90 dias por lá explorando suas inúmeras belezas. Confira mais no post sobre este país surpreendente.
Dividida entre Europa e Ásia, Azerbaijão aparece em 8º lugar na lista. A capital Baku chegou a ser apontada como tendência em pesquisas de 2017. É um país rodeado por belas montanhas, com cidades grandes ou pitorescas e boa comida. Os itinerários passam por fortalezas, palácios, mesquitas, paisagens rurais e muita natureza. Os vistos são baratos, emitidos online em até três dias úteis e duram 30 dias.
Rússia, Bósnia-Herzegovina e Irã aparecem como opções para viajantes que gostam de história, cidades cosmopolitas e aventuras entre os cenários naturais deslumbrantes e ainda pouco explorados que reservam.
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