Em tempos de crise econômica e sanitária, o turismo sofreu grandes baques. Tentando recuperar o fôlego em 2021, o setor aéreo brasileiro poderá contar com duas novas companhias aéreas que já estão trabalhando em busca de funcionários e suporte financeiro.
Uma das apostas é a do grupo Itapemirim, viação rodoviária capixaba que já atuou no transporte aéreo de cargas, é entrar para a aviação civil logo no primeiro trimestre do próximo ano. Com um aporte de US$ 500 milhões vindos do Emirados Árabes Unidos, a empresa começou a traçar seus planos em fevereiro, antes da pandemia do coronavírus chegar ao país.
Apesar disso e do dinheiro ainda não ter sido liberado, segundo uma matéria do UOL, a Itapemirim Linhas Aéreas deu sequência ao projeto, já divulgando o modelo e design dos aviões nas redes sociais. Os planos para decolar incluem 10 aeronaves, voando a partir de Guarulhos (SP), Brasília (DF) e Recife (PE).
Inicialmente, os planos são de comportar entre 100 e 140 passageiros por voo, porém sem a necessidade de que todos os assentos sejam ocupados, garantindo mais espaço na aeronave e entre os passageiros. Tiago Senna, CEO da cia aérea, afirmou que a ideia é deixar ao menos 20 assentos desocupados.
Em 1960, a empresa ganhou nova identidade visual, adotando a cor que ficaria conhecida como “Amarelo Itapemirim”, que será destacada nos aviões
O intuito é oferecer serviços de bordo minimamente confortáveis aos clientes, disponibilizando ao menos uma dose de bebida alcoólica para cada adulto que solicite, e classe executiva para voos domésticos. A inspiração da marca vem da finada Varig e do avião Electra, que tinha um lounge para happy hour, deixando a ponte aérea entre Rio de Janeiro e São Paulo mais feliz.
Com a falência da Avianca, a Itapemirim sairá em busca de seu público, majoritariamente corporativo, que acaba pagando tarifas mais altas devido ao serviço e comodidade, não entrando em promoções mais competitivas. Resta saber se o mercado pós-Covid 19 irá responder de acordo com as expectativas.
Vale lembrar que em 2017 o grupo tinha comprado a companhia aérea Passaredo, de São Paulo, que dois meses depois do anúncio desfez a venda e entrou em recuperação judicial. Hoje se chama Voepass Linhas Aéreas. Na época, a Itapemirim já havia anunciado que os planos eram de integrar o transporte rodoviário com o aéreo para alcançar mais destinos ao redor do país.
Nella
Outra novidade que vem sendo falada na mídia é a Nella Linhas Aéreas, ideia do empresário brasiliense radicado em Orlando, Maurício Souza, da JKL Holdings, que durante três anos estudou empresas low cost e low fare a fim de entrar para o ramo, atendendo à demanda por preços mais baratos em passagens aéreas.
O diretor geral, Moisés de Lima Paes, tem 42 anos de aviação na carreira, passando pela VASP, TAM e Pantanal. Ele será responsável pela estrutura da cia aérea em formação, que atualmente aguarda aprovação de documentações da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para conseguir voar no primeiro semestre de 2021.
Inicialmente, a empresa sediada em Brasília irá operar com quatro aeronaves pequenas, de 44 lugares, e depois vai integrar modelos de 72 passageiros na operação de voos regionais, com menor custo operacional. De acordo com o CEO, a empresa mira em localidades desassistidas no Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Mesmo com voos a baixo custo, a Nella irá oferecer serviço de bordo e programa de fidelidade aos clientes.
Embora ainda conte com aportes futuros do governo e planos mais concretos, a Nella já está buscando funcionários, recebendo currículos de pilotos e comissários de bordo através do site oficial.
Entre idas e vindas
No ano passado, algumas companhias aéreas com planos de entrada no Brasil haviam sido anunciadas. Uma delas é a low cost Air Europa, fundada em 1986 na Espanha, que foi autorizada pela ANAC a realizar voos domésticos e aguarda aprovação para criar uma companhia aérea em território brasileiro.
Entre as empresas de baixo custo que manifestaram interesse de operação no país estão a AirAsia, a Ryanair, a Spirit Airlines e a Frontier, que é ultra low cost, que atualmente opera na América do Norte e Central.
A argentina Flybondi opera voos para o Rio de Janeiro, mas havia entrado com pedido de expandir a rota para ao menos outras 10 capitais. Atualmente já opera voos em São Paulo, Porto Alegre e Florianópolis.
A JetSmart, do Chile, também desembarcou no Brasil em 2019, operando voos internacionais a partir de São Paulo, Foz do Iguaçu e Salvador. Em junho deste ano, foi anunciado pela agência Reuters que a empresa low cost entrou com pedido na ANAC para operar voos domésticos.
Durante anos a britânica Virgin Atlantic também mostrou interesse em lançar uma cia aérea no Brasil para voos domésticos. Em fevereiro deste ano, a empresa tinha conseguido aval da ANAC para atuar nos principais aeroportos do país, porém com a pandemia do coronavírus, desistiu definitivamente da operação, o que é mais uma grande perda para o setor.