Difícil acreditar em algo bom quando se tem uma pandemia em curso. Mas a internet está aí para provar que a solidariedade e empatia estão em alta. Algumas pessoas estão oferecendo abrigo para quem não consegue voltar pra casa em virtude do fechamento de fronteiras devido ao coronavírus.
As postagens começaram a pipocar no grupo Mochileiros do Facebook, que reúne viajantes brasileiros ao redor do mundo todo. Com o avanço do vírus Covid-19, os países começaram a limitar o fluxo nos aeroportos e nem todos conseguiram voltar ao local de origem, ficando numa situação complicada, inclusive financeiramente, afinal, não estava nos planos “esticar” a viagem.
Foi então que membros do grupo, espalhados pelos cinco continentes, passaram a disponibilizar um espaço em suas casas, de forma voluntária e sem custos de diária, para auxiliar os viajantes sem condições de pagar por alguma hospedagem. No melhor estilo couchsurfing, é uma forma eficiente de acolhimento e fortalecimento de uma rede de apoio nesse momento tão complicado.
No dia 20 de março, os administradores do grupo divulgaram a ação em um post, que diz: “você pode hospedar algum viajante que esteja em trânsito durante o período de quarentena ou está preso em algum lugar sem condições de voltar para casa?”. A mensagem reuniu mais de 100 comentários de apoio e participação.
Os anúncios estão em várias partes do mundo: Noruega, Alemanha, Escócia, Portugal, São Paulo, entre outras cidades e comunas.
Postando da Holanda, um dos usuários fez questão de deixar suas ponderações ao fazer o anúncio: “minha casa continua aberta para quem precisar neste momento de crise, não estou aqui para fazer julgamentos de classe, cor, orientação sexual, orientação política, etc. Porém não está aberta para quem quer somente turistar neste momento que estamos vivendo”.
Na mesma mensagem, ele também refutou mensagens um tanto inusitadas que estava recebendo, como de pessoas perguntando se era traficante de órgãos ou se queria “descolar” uma namorada. Infelizmente a desconfiança ainda faz parte da natureza humana globalizada, mas não custa nada conversar numa boa e buscar referências ou informações sobre a pessoa que oferece um abrigo.
Vale lembrar que, caso você aceite a oferta de alguém, procure ser solícito e retribua o amparo como puder. Lavar a louça, zelar pela organização e limpeza dos ambientes por onde circular e dividir alguma despesa estão entre as opções do que pode ser feito.
Uma maneira bacana de contribuir com a família é, também, o escambo de talentos. Que tal trocar umas aulas de redes sociais ou fotografia pela hospedagem? Gentileza gera gentileza.
Quem não pode oferecer algum cômodo no momento está também se colocando à disposição para outros tipos de auxílio, como doação de comida e remédios para pessoas em necessidade, viajantes ou não.
Visando apoiar quem não consegue voltar pra casa, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) disponibilizou um formulário on-line destinado a brasileiros no exterior afetados pelas restrições da pandemia. Em parceria com companhias aéreas, os ministérios do Turismo e das Relações Exteriores já conseguiram retornos de pessoas com passagens aéreas compradas ao país.
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