Certa vez, Fernando Pessoa escreveu que “a liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo”. Na hora de dar aquele tempo de tudo e todos, seja para encontrar novos caminhos ou a você mesma, lembre-se que existem vários lugares remotos no Brasil para se isolar, sem abrir mão do conforto e de algumas coisinhas que a era contemporâneo proporciona.
Nesse post, estamos falando daqueles territórios mansos, que fazem o relógio perder totalmente o sentido, sensação inerente a pequenas comunidades, vilarejos ou até cidades maiores, mas com aquele “meio do mato” onde você consegue ouvir os sons da natureza e nada mais.
Bora dar um tempo da loucura metropolitana? Se dê esse presente e lembre-se sempre de evitar a alta temporada.
Caraíva - Bahia
Faz pouco tempo que Caraíva foi “descoberta” por um grande público. Pacata, fica a umas três horas de distância de Porto Seguro, incluindo no percurso uma balsa, uma estrada de terra complicada e um rio, atravessado com o barquinhos dos próprios moradores. Na vila não entram carros, nem motos.
As ruas são labirintos de areia, adentrando casas rústicas e pequenas pracinhas até ir de encontro com o mar. A infraestrutura, porém, foi turbinada e hoje já não é difícil encontrar pousadas bem aconchegantes na beira da praia. Ainda assim, vale a pena ver o pôr do sol e tomar um banho de rio.
Onde ficar:
Ilha do Cardoso - São Paulo
Ótima ideia para quem quer largar a tela do smartphone: vá para um lugar sem energia elétrica. A pequena ilha próxima da divisa com o Paraná é 90% coberta pela Mata Atlântica, garantindo não apenas uma fauna e flora bem preservadas, como também praias desertas de águas tranquilas, que acabam atraindo botos. Todo o turismo da vila de Marujá é comunitário, ou seja, comandado pela própria comunidade, sendo fonte de renda para as famílias caiçaras. Além de admirar o céu estrelado durante a noite, você também pode conhecer o mangue, as cachoeiras e piscinas naturais.
Onde ficar:
Ilha Grande - RJ
Um dos lugares mais bonitos do Rio, Ilha Grande é a maior ilha dentro da baía de Angra dos Reis. Depois de deixar o carro num estacionamento e pegar um trecho de barco até o píer, a visitante é recebida pela rústica vila de Abraão, onde vivem cerca de 2 mil pessoas que sobrevivem do turismo e da pesca. Ao chegar nas belas praias, encontra as águas cristalinas, que revelam diversas espécies da rica vida marinha e são irresistíveis para um mergulho. Algumas se assemelham a piscinas, de tão tranquilas. Rios e cachoeiras no meio da Mata Atlântica também ajudam a espantar o calor.
Onde ficar:
Itaúnas - ES
A capixaba vila de Itaúnas fica quase na divisa com a Bahia e permanece quase intocada pela ação humana. Entre 1940 e 1970, ela chegou a ficar soterrada por areia, mas resistiu. E até hoje segue nessa missão. Entre manguezais e dunas, que são consideradas Patrimônio Mundial da Unesco, a comunidade formada por pescadores tem ruas de barro rodeadas por construções rústicas.
Dessa maneira, costuma atrair jovens e mochileiros em busca de sua personalidade única, com sossego a beira mar. No Parque Estadual de Itaúnas estão 25 praias para o deleite do público e trilhas nas areias das dunas, que podem ser percorridas também de bicicleta.
Onde ficar:
Barra Grande - PI
Barra Grande tem um quê de Bahia em seu DNA, com estrutura mais rústica e mais próxima da idade de refúgio praiano. A vila de pescadores foi ganhando alguns toques de sofisticação ao longo dos anos, sem deixar de lado sua identidade e a sustentabilidade, com investimento em empreendimentos ecológicos.
Mesmo que tenha boa infraestrutura, ainda se mantém bem preservada. Ruas de areia, casinhas simples e um certo burburinho a beira-mar ainda são suas principais características. Os ventos são propícios para os adeptos de kitesurf se jogarem na água, e na maré baixa todos podem se esbaldar nas piscinas naturais.
Onde ficar:
Carrancas - MG
Lar de belas cachoeiras cristalinas, Carrancas ainda não é conhecida por muita gente, embora tenha sido descoberta em meados de 1720. Suas paisagens, porém, já foram alvo de algumas produções televisivas, como nas novelas Império e Alma Gêmea.
Localizada no vale do Rio Grande, é dona de 110 atrações naturais, entre serras, grutas, trilhas e poços, além de pinturas rupestres, fazendas histórias e charmosas pousadas. É um lugar propício tanto para relaxar quanto para subir a adrenalina com esportes radicais, como voo livre e montanhismo.
Onde ficar:
Aurora - Tocantins
É na cidade de Aurora, a 535 km de Palmas, que o sol chega por último, nascendo mais tarde devido às elevações rochosas das Serras Gerais. Pequenina, carrega consigo 280 cavernas e grutas catalogadas, dunas, cachoeiras e montanhas, além do menor rio do mundo, chamado de Rio Azuis. Poderia ser também o mais hipnotizante, pois suas águas intensamente azuis turquesa e cristalinas são irresistíveis. Você também pode incluir Jalapão nesse roteiro, destino que vem despontando como tendência no Brasil.
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Onde ficar:
Serra do Aracá - AM
É no Parque Estadual da Serra do Aracá, a cerca de a 534 km quilômetros de Manaus, que fica a maior cachoeira do Brasil, e também uma das mais bonitas. A Cachoeira El Dorado despenca 360 metros de altura a partir de um cânion coberto por vegetação, formando um cenário digno de obras cinematográficas. Outras quedas d’água chamam a atenção do turista de coração aventureiro, como a da Anta e do Boto.
A natureza na região é farta, com a inclusão de Sumaúmas, árvores de raízes gigantescas, e tepuis, montanhas “achatadas”, que se assemelham a mesas. É uma viagem para quem gosta de total imersão na ecologia, com direito a passeios de barco nos extensos rios amazonenses.
Onde ficar:
Superagui - PR
A natureza intocada de Superagui, a 145 km de distância de Curitiba e a menos de uma hora de barco da Ilha do Mel, encanta qualquer mortal. Restingas, manguezais, trilhas ecológicas e praias formam o cenário exótico, onde é possível avistar golfinhos, mico-leão-da-cara-preta e papagaio-de-cara-roxa, espécies endêmicas, raras e ameaçadas de extinção.
Na praia Deserta, muito tempo e espaço para contemplação: são 38 km livres para caminhadas. Além disso, o mar é repleto de botos cinzas, especialmente no verão. O povoado da pacata Barra de Superagui conta com apenas 700 moradores, que recebem os visitantes em suas casas de madeira, que se transformaram em restaurantes ou pousadas simples.
Onde ficar:
Nobres - MT
Depois de Bonito deitar na fama e, consequentemente, ficar mais movimentada, os turistas em busca de isolamento podem mudar a rota para Nobres, no Mato Grosso. O município a cerca de 150 km de Cuiabá é marcado por paisagens surreais, como a das águas cristalinas de cor turquesa que chegam a ser tão intensas, que nem parecem de verdade.
A flutuação nos rios é uma das principais atividades turísticas do local, além dos passeios em balneários e cachoeiras. As paisagens vão deixar você de queixo caído e alma lavada.
Onde ficar:
Pirenópolis - GO
Pode ser que você nunca tenha ouvido falar dela, mas Pirenópolis definitivamente é um lugar gostoso para se isolar, tanto que acaba acolhendo viajantes de várias partes do mundo. A pequena cidade no interior de Goiás, a 120km de Goiânia e a 130km de Brasília, é um verdadeiro oásis natural, destacando-se pelas 42 quedas d’água formadas aos pés da Serra dos Pireneus.
A charmosa cidade histórica é considerada Patrimônio Nacional, por manter resquícios de sua fundação, em 1832. Entre suas ruas de pedra se reúnem casarões do século XVIII, restaurantes, pousadas, igrejas e museus.
Onde ficar:
Cambará do Sul - RS
Cidade ideal para atender àquela famosa frase: “fuja para as colinas”. Cambará do Sul, a cerca de 200 km de Porto Alegre, é conhecida como “capital dos cânions”, já que abriga 36 formações rochosas distintas. Entre os principais está o cânion do Itaimbezinho, um abismo verde que existe a pelo menos 130 milhões de anos e é um dos maiores do Brasil.
Sua extensão atinge 5.800 metros e uma largura que varia entre 200 e 600 metros, dentro do Parque dos Aparados da Serra. Com sorte, é possível ver até neve no município durante o inverno. Lá no alto você encontra pousadas bem aconchegantes e propriedades rurais que servem comida caseira.
Onde ficar:
Guarda do Embaú - SC
Cansou de Floripa? Então reserve um tempo a mais para esticar a viagem até Palhoça, onde fica a Guarda do Embaú. A vila de pescadores já foi mais tranquila, mas ainda oferece dias de tranquilidade para o viajante em fuga. Embora o mar azul atraia os surfistas em busca de dropar aquela onda, do outro lado existe um rio manso, que agrupa das famílias com crianças.
Do alto da Pedra do Urubu se observa toda a magnitude natural do trecho catarinense. E para quem quer ainda mais isolamento e good vibes, siga para o Vale da Utopia, um paraíso terrestre com pequenos aquários de água doce, trechos de Mata Atlântica e muita calmaria na Praia do Maço. Por ali, os pouquíssimos moradores vivem em cabanas ou em cavernas. Leve sua barraca para acampar.
Guarda do Embaú se destaca com belas paisagens no litoral catarinense
Onde ficar:
Ilha do Marajó - PA
A maior ilha fluviomarinha do mundo tem em seu território um pedaço quase intacto da floresta Amazônica. A Ilha do Marajó fica no encontro entre o Atlântico e os rios Amazonas e Tocantins, sendo assim famosa por sua pororoca - grande onda criada pelo encontro das águas. Também surpreende os visitantes pela grande quantidade de búfalos usados para carga e transporte. Mas a melhor parte mesmo é curtir as praias, lagos, dunas e florestas fazem parte deste santuário ecológico.
Onde ficar:
Galinhos - RN
Um dos destinos mais badalados do país durante o verão é Natal, mas a apenas 170 km de distância você pode encontrar o sossego que tanto procura. Na península da Galinhos, o azul do mar contrasta com o dourado das dunas e o infinito branco das salinas.
Não entram carros na pacata e rústica vila de pescadores com pouco mais de 2 mil habitantes, apenas bugues, que cortam as intermináveis dunas da região. Lagoas, piscinas naturais e manguezais são outros passeios disponíveis para o deleite do público. Há pousadas e restaurantes no local, então não precisa se preocupar com muita coisa. Na verdade, preocupação nem combina com esse lugar.
Onde ficar:
Barra do Sahy - SP
São Sebastião, onde ficam as agitadas Maresias e Riviera São Lourenço, também tem seus trechos de tranquilidade. Um deles, na encosta da Mata Atlântica, é a Barra do Sahy, que avistada por cima se assemelha a uma ferradura, com os altos rochedos do Canto Bravo numa ponta e o Rio Sahy na outra, onde vivem os caiçaras.
O balneário é bem familiar, ideal para deixar as crianças aproveitando as maravilhas naturais até o final do dia, incluindo aí visitas em piscinas naturais e comida caseira para reabastecer as energias. Visite também a vizinha Barra do Una, a apenas 100 metros de distância.
Onde ficar:
Ilha do Canela - Tocantins
Apenas 3 km de distância separam a charmosa ilha da margem da capital de Tocantins, Palmas. Uma propriedade particular de 45 mil m² é aberta ao público como praia fluvial, ou seja, na qual um rio forma um reduto “litorâneo” de lazer.
Após pegar um barco na marina da praia de Graciosa, o público pode então curtir o dia até o belo pôr do sol, praticando diversas atividades, como canoagem e pesca esportiva. As águas calmas do Lago da Usina de Lajeado também são propícias para banho.
Onde ficar:
Fotos: divulgação
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