Estima-se que um terço da população mundial esteja isolada em casa devido ao surto de coronavírus. Com menos tráfego nas ruas, os efeitos da quarentena ao redor do mundo já começam a surpreender a população, que acompanha as mudanças pela internet. De céu limpo a invasão de cabras, os fatos mostram que realmente as coisas já não são como eram.
Impulsionar uma grande transformação é uma maneira de enxergar ou encarar as consequências da pandemia do Covid-19 na sociedade, nos sistemas de governo, no campo do trabalho e na economia.
Ao mesmo tempo em que a natureza parece se regenerar de formas inéditas, o sustento de muita gente é comprometido ou rompido pelos decretos de quarentena, que visam conter o avanço desacelerado da contaminação e superlotação de hospitais.
Teorias apontam perdas e ganhos. Incertezas pairam no ar. E nós, humanos, também tivemos de parar nossas vidas para atuar, neste momento, como meros observadores, voyeurs na janela, de olho nas mudanças que chegam a cada dia. As perguntas ainda sem respostas são muitas, mas abrem portas para as reflexões sobre o impacto e influência que temos sobre cada metro quadrado tocado e ocupado por nós.
A nível de curiosidade, confira abaixo uma pequena parcela do que vem acontecendo enquanto você dorme:
As metrópoles ficaram como ‘cidades fantasmas’
O que Amsterdã, São Francisco e Nova York têm em comum? Além de serem cosmopolitas, estão sempre lotadas de gente pelas ruas. Nas semanas mais intensas de isolamento social, o que restou foram ruas vazias e comércios fechados. As imagens são impressionantes, afinal, quem é que já conseguiu ver a nova iorquina Times Square sem centenas de pessoas circulando e em silêncio?
Andando pelas ruas de Amsterdã entre 8:30 e 13:30, o cineasta Jean Counet não reconheceu a cidade sem o vai e vem das bicicletas na região central. Ele traduz em palavras sentimentos opostos que muita gente pode ter: “O que testemunhamos pareceu um sonho. Às vezes bonito e hipnotizante, às vezes assustador e preocupante”. A gravação dele, intitulada “Meanwhile in Amsterdam”, pode ser assistida aqui.
Visões que pareciam ser coisa de filme viraram realidade da noite para o dia. E nem adianta querer trocar de canal.
A poluição do ar deu uma trégua
Faz alguns anos que a China é considerada um dos países com pior qualidade do ar do mundo. Em tempos de pandemia e ruas vazias, estudos já apontam uma queda na concentração de 40% de NO2 na atmosfera. Fazia bastante tempo que a população de lá não via o céu azul. Confira imagens aqui.
Fotos comparando o antes e depois da quarentena começaram a pipocar nas redes sociais, não apenas em relação à China, mas também em cidades da Itália, Los Angeles, Nova York e São Paulo.
Segundo dados divulgados pela Universidade de Columbia, em NY houve 50% de queda no monóxido de carbono, que sai dos carros. E não precisou de tanto isolamento assim: houve apenas 35% de diminuição no tráfego da cidade desde o início da pandemia.
Os canais de Veneza ficaram cristalinos
Fazia pelo menos uns 40 anos que os canais de Veneza perderam a vitalidade e se renderam ao mau cheiro, que ficou tão comentado quanto a cidade. À beira de um colapso pela superlotação dos espaços, aliado ao vai e vem dos navios de cruzeiro, a pequena e charmosa cidade italiana ganhou um presente ao ficar vazia.
Os canais ficaram cristalinos, animais voltaram a se aproximar do local, como cardumes de peixes. Isso não significa que a água esteja despoluída, já que esse processo é mais longo; mas é considerado um sinal de respiro do meio ambiente.
Pandas finalmente acasalaram!
Os pandas são ursinhos adoráveis, é verdade. Mas sabia que zoológicos e santuários de preservação da espécie ao redor do mundo têm uma baita dificuldade de fazê-los procriar? Bom, a melhor coisa, nesse caso, é que tudo flua naturalmente. No meio da pandemia e dos espaços mais vazios, dois pandas gigantes do zoo Ocean Park, em Hong Kong, FINALMENTE acasalaram, após 10 anos de tentativas frustradas com intervenção humana. Que venham os bebês!
O Himalaia está, enfim, visível
A enorme cordilheira do Himalaia costuma atrair visitantes dispostos a escalar o Monte Everest, integrante da cadeia montanhosa que se divide entre vários países, como Índia e China, ambos com uma considerável poluição atmosférica.
Eis que, com a determinação de quarentena, o Norte indiano ganhou de presente uma vista que era impossível a pelo menos 30 anos, segundo moradores locais. A cordilheira voltou a aparecer no horizonte, junto a estrelas no céu, e logo começaram a pipocar fotos nas redes sociais, celebrando o momento no mínimo histórico.
Mas o sentimento que fica é um misto entre alegria e tristeza. Abril e maio costumam ser os meses ideais para escalar as montanhas. Neste ano, porém, as atividades foram suspensas, o que acabou prejudicando a economia de muitas famílias da região.
Cabras invadiram as ruas do País de Gales
As cabras da pequena cidade de Llandudno, no País de Gales, aproveitaram o período de calmaria para dar uma voltinha entre amigas. Elas migraram das montanhas, atravessaram alguns jardins e foram tomar sol na pracinha da igreja. Acabaram tomando conta das pautas do noticiário local, que as acompanhou durante os tours. Com certeza vai ficar na memória delas a lembrança de “esse dia foi louco!”