A medida em que os anos passam, a estância climática de Cunha fica mais conhecida. Nascida entre as curvas da Serra do Mar, a cidade entre SP e RJ não tem praia, mas a natureza é abundante em cada pedacinho. A tranquilidade e o ar puro que emana das montanhas segue seu fluxo entre propriedades rurais, campos de lavanda, ateliês de cerâmica e charmosas pousadas.

Cunha é um lugar que exige tempo do visitante, seja para percorrer a estrada, onde ficam vários de seus atrativos, ou para contemplar suas paisagens a perder de vista.

Localizada a 1.100 metros acima do nível do mar, faz da altitude uma aliada, que favorece o cultivo de espécies típicas do clima ameno, como cogumelos, olivas e pinhão, que é praticamente o símbolo do município a 230 km de São Paulo e a 307 km do Rio.

Foto: Wikimedia

Outro ponto crucial que vem dando fama à cidade, coincidentemente desde a publicação no Quanto Custa Viajar, são os lavandários. Os arbustos de lavanda, que tem propriedades terapêuticas e medicinais, enfeitam vários endereços ao redor de Cunha, mas ganharam um apelo maior devido as fotos em campos floridos, publicadas nas redes sociais.

Desde 1975 mantém a tradição ceramista em seu DNA, com mais de 20 ateliês dedicados à arte de esculpir argila. Os artesãos costumam receber visitas e também oferecem cursos aos interessados.

Neste Guia de Cunha, te contamos esses e outros encantos da cidade abraçada por vales verdejantes.

O que fazer em Cunha

A cidade virou praticamente sinônimo de seus campos de lavanda, que trazem aquele gostinho de Provence, região francesa onde as plantas crescem aos montes. A paisagem roxinha com mirante para as curvas das montanhas é realmente digna de horas de contemplação, com uma porção de fotografias, é claro.

O mais conhecido em Cunha é O Lavandário, que proporciona uma verdadeira imersão nas lavandas a partir não apenas das plantações, mas de seus derivados. O local conta com produtos diversos a base da planta medicinal, como sorvetes, chás, óleos e cremes. Na busca por relaxamento, agende uma sessão de massagem para renovar seu bem estar.

Foto: divulgação/O Lavandário

Porém, o que muita gente não sabe ainda é que existe uma outra opção, tão legal quanto. O Contemplário cultiva em seu terreno outras espécies aromáticas além da lavanda, como alecrim e capim limão. Da destilaria saem sabonetes, aromatizadores, velas e demais produtos, a venda na loja. Passear entre os campos, fazer pique nique e apreciar um café com direito a uma vista incrível está entre as tarefas do dia.

Não deixe de conhecer a Fazenda Aracatu, lugar muito charmoso que cultiva pinhão. O ingrediente vira matéria prima para delícias diversas, como pesto e pão, além de pratos preparados no fogão à lenha. Queijos e embutidos também fomentam a produção.

As famílias incluem no roteiro o Café Capril, propriedade que cria cabras para produção de queijo. As crianças podem se aproximar dos animais e saber mais sobre eles.

Foto: divulgação/O Olival

E sabe o que mais vai ganhando público em Cunha? O cultivo de oliveiras, que resulta em azeite. A produção pode ser acompanhada de perto no O Olival, espaço a 300 metros de altitude, que oferece visitas guiadas e cursos de especialização do óleo extraído das azeitonas. Além disso, o local conta com cachaças, envelhecidas em barril de Carvalho e jequitibá rosa. Outra opção é o almoço executivo, com entrada, prato principal e sobremesa. Ou o visitante pode apenas tomar um cafezinho.

Ainda dentro dos passeios que misturam cultivo e gastronomia, existe até mesmo uma Vinícola em Cunha. A Pousada Vale do Vinho começou a implantar uvas do Sul da Itália para produção de vinho artesanal. O espaço também oferece tratamentos de beleza como a vinoterapia, a base de vinho tinto e mosto, que tem propriedades antioxidantes.

Foto: divulgação/Vale do Vinho

A apenas 10 minutos de carro do Lavandário os turistas podem se refrescar no Canto das Cachoeiras, um complexo natural que reúne trilhas com acessibilidade, redário e cachoeiras em meio a uma belíssima paisagem verde. Quem não quiser se molhar pode visitar apenas o bistrô local, que serve delícias como truta com pinhão e buffet de café da manhã aos finais de semana.

Foto: divulgação/Canto das Cachoeiras

Seguindo por outros caminhos se alcançam novas quedas d’água, que exigem clima favorável, evitando quaisquer tipo de acidentes. Uma das mais conhecidas da região é a Cachoeira do Pimenta, que fica ao lado de uma antiga usina hidrelétrica, que hoje é o museu de energia. O acesso é simples, por estrada que se divide em trechos de asfalto e terra.

A Cachoeira do Desterro fica na mesma estrada. Bem volumosa, conta com duas quedas d’água e uma piscina natural. Há ainda a Cachoeira do Mato Limpo, próximo à Pedra da Macela, e a Cachoeira da Paraibuna, de fácil acesso pela rodovia Cunha-Paraty.

Se a sede por trilhas ainda não foi saciada, vá ao Parque da Serra do Mar, que tem infraestrutura turística e três opções de trilha para percorrer. A única autoguiada, porém, é a do Rio Paraibuna, com quase 2 km de extensão. As demais, com 7.700 metros e 14.700 metros, necessitam de guia, havendo a necessidade de agendamento prévio para acessá-las.

A Pedra da Macela é um dos pontos de observação mais famosos do interior paulista. Fica na rodovia que liga Cunha a Paraty e tem sinalização. Do alto de seus 1.840 metros de altitude o público enxerga trechos de Paraty, a baía da Ilha Grande, parte de Angra dos Reis e toda os arredores serranos.

As famílias com crianças podem viver grandes aventuras no sítio Vale Radical, que conta com infraestrutura própria para camping, já com barracas equipadas, oferecendo a experiência de acampar com segurança e praticidade. Além disso, tem roteiros para mountain bike e trilhas até cachoeiras.

Não deixe de prestigiar os trabalhos manuais que tornam Cunha famosa a partir de 1970. As cerâmicas que saem de lá são peças únicas, diferentes e muito bem feitas, como se vê no ateliê da Carol Tsai, que mantém uma adorável lojinha no centro da cidade.

O ateliê Suenaga e Jardineiro faz uso da técnica japonesa de cerâmica, a partir da utilização do forno Noborigama, vindo do Japão. Dos 20 estabelecimentos com esse equipamento no Brasil, seis estão em Cunha. As visitas acontecem todos os dias e há uma mais especial, durante a abertura da fornada. Consulte o site para saber quando será a próxima.

Foto: divulgação/Suenaga e Jardineiro

Onde ficar

Foto: divulgação/Vale dos Sonhos
Foto: divulgação/Latitude Lodge
Foto: divulgação/Latitude Lodge

*preços pesquisados para dois adultos em novembro de 2019, sujeitos a alteração.

Onde comer

Café Moara: espaço charmoso na beira da estrada entre Cunha e Paraty, é uma boa parada para aquele cafezinho. Tortas, bolos, pães e cafés especiais compõem o menu. Há também uma lojinha vendendo produtos artesanais diversos.

Foto: divulgação/Café Moara

Casa do Strudell: quem prova esse strudell jamais esquece. O doce tipicamente alemão composto por finas camadas de massa e recheio de frutas, como maçã e banana, é o que dá fama ao local. É servida com chantilly ou sorvete. O sabor romeu e julieta, e o Mil folhas de cappuccino são opções bem diferentes para você provar.

Foto: divulgação/Casa do Strudell

Do Gnomo: com um chapéu azul e pontudo, o chef Gnomo preparada suas especialidades, envolvendo shitake, cordeiro, truta e pinhão. Alguns pratos são preparados na pedra de sal rosa do himalaia, como é o caso da truta defumada, acompanhada de purê de banana prata, arroz negro e tabule de quinoa. O restaurante é aberto, no meio de um jardim.

Foto: divulgação/restaurante Do Gnomo

Real Café Restaurante: mesas ao ar livre, no gramado, são um convite para aproveitar a refeição sem pressa alguma. O agradável espaço serve caldos, petiscos, massas e comidas típicas da região.

Dona Felicidade: culinária caseira é sinônimo de felicidade. Nesse restaurante familiar, a comida é preparada no fogão a lenha com ingredientes colhidos no quintal ou vindos de pequenos produtores. A casa serve opções do café da manhã ao jantar, com foco em pratos mineiros. Paella de coelho, torresmo e arroz de marimbondo estão entre as especialidades.

Foto: divulgação/Dona Felicidade
Foto: divulgação/Dona Felicidade

La Taverne Bistrô: o restaurante rústico segue as premissas da cozinha contemporânea, com foco em cogumelos e pescados. Conta com pratos bem elaborados, que se renovam a cada estação do ano. No inverno, a pedida da vez foi o ravióli sorrentino recheado com pêra cozida no moscatel, queijo Serrano maturado coberto com pesto de cogumelos, alho negro e pinhão.

Foto: divulgação/La Taverne

Fruto da Serra: quem ama cogumelos não pode deixar de visitar esse lugar. Cultivando shiitakes orgânicos no terreno, o bistrô serve vários pratos com base no fungo fresco, como risoto, quiche, lasanha e até coxinha. Boa pedida para os vegetarianos e para quem viaja junto com animais de estimação, pois o local é petfriendly.

Foto: divulgação/Fruto da Serra

Cervejaria Reale: localizada no centro da cidade, a cervejaria tem 14 tipos de cerveja, incluindo lavanda e pinhão na composição de sabores. Funciona como bar para petiscos, como embutidos, ou dividir uma pizza preparada no forno a lenha.

Foto: divulgação/Cervejaria Reale

Cervejaria Wolkenburg: Cunha tem água em abundância e clima favorável para a produção de cerveja. Na Wolkenburg, o público pode acompanhar os processos da microcervejaria artesanal e provar as quatro variedades da bebida.

Pub81: o gastrobar anima as noites de Cunha, com música ao vivo, drinks, choppes artesanais, hambúrgueres e petiscos. Uma caipirinha de limão cravo com manjericão ou cerveja escura pode acompanhar a calabresa artesanal no tacho com polenta cremosa e molho rústico de tomate.

Foto: divulgação/Pub 81

Como chegar em Cunha

O acesso à Cunha a partir de São Paulo inclui duas opções: pela rodovia Presidente Dutra e pelo sistema Ayrton Senna/Carvalho Pinto. Pelo Rio de Janeiro, a Nova Dutra e a Rio-Santos são as rodovias indicadas. A estrada é pavimentada e bem sinalizada.

De ônibus: o caminho de ônibus a partir de São Paulo inclui baldeação. Primeiro é necessário embarcar no Terminal Rodoviário Tietê rumo a Guaratinguetá, com as viações Cometa ou Pássaro Marron. Chegando ao destino final, pule para o ônibus da Viação São José rumo a Cunha.

A partir do Rio de Janeiro, basta pegar um ônibus sentido Guaratinguetá na rodoviária Novo Rio e fazer a mesma baldeação. São cerca de 4h de viagem.

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