Nomeada por Cristóvão Colombo e desde de 1635 sob domínio francês, o arquipélago de Guadalupe passa despercebido por quem vive do lado de cá, na América do Sul. Apesar de fazer parte da União Europeia, a ilha vulcânica paira sob as águas cristalinas do Caribe, a norte de Antigua e Barbuda e ao sul de Dominica, tendo ainda como principal característica a cultura Crioula, consolidada pela população africana.
Antes do domínio europeu, a região se chamava Karukera, que significa “ilha das lindas águas” na então língua nativa. Foi então rebatizada para prestar homenagem a Santa Maria de Guadalupe de Estremadura e assim permaneceu. Apesar do francês ser a língua oficial e o inglês ser ouvido facilmente nas áreas turísticas, é a língua crioula que é a mais usada no cotidiano.
As tentativas de rejeitar, banir e proibir o dialeto único foram em vão. Em 1970, poetas e escritores retomaram as raízes populares em seus trabalhos, trazendo de volta o idioma, que atualmente é ensinado até em universidades. O mesmo aconteceu com a música típica, chamada de Kassav, responsável por fazer corpos se remexerem desde 1980.
A ilha ficou basicamente dividida em duas partes. A capital Basse-Terre é praticamente dominada pelo vulcão Soufrière e sua cadeia montanhosa, que ocupa parte dos 17 mil hectares de floresta tropical, repleta de trilhas e pontos de escalada. O Parque Nacional abraça ainda cachoeiras, bacias e outras reservas naturais de beleza estonteante, como a La Réserve Naturelle du Grande Cul-de-Sac Marin, um conjunto de ilhotas.
Entre seus destaques estão a queda d’água de Carbet em Capesterre-Belle-Eau, as cascatas ao longo da Route de la Traversée, aLa Réserve Naturelle du Grande Cul-de-Sac Marin, o L’Habitation La Grivelière, plantação de café e cacau em Vieux-Habitants que remonta ao século 18 e o Le Parc Archéologique des Roches Gravées, o Parque Arqueológico de Trois-Rivières.
A parte costeira forma praias de areias coloridas, em tons de ocre, preto, marrom e cor de rosa. Um dos destaques é o La Réserve Cousteau, parque submarino de renome internacional. Corais, tartarugas e até baleias Jubarte são avistadas na área de preservação marinha que engloba as praias de Malendure à Bouillante.
Na cidade, o Forte Delgrès, erguido no século 17, ganha os holofotes. A arquitetura colonial permeia boa parte da região urbana e rural, com casas que ganham variações vernaculares, como parte da cultura local. Os passeios se estendem ainda por capelas, igrejas e o tradicional mercado de rua.
Do outro lado da ilha está Grande-Terre, o destino certo para quem quer curtir praias imaculadas, lagoas de águas turquesas e paisagens rurais. As plantações de cana-de-açúcar dominam a parte Norte e a vida noturna é reconhecida por oferecer variedade, com ou sem ritmos caribenhos.
Explore a natureza nas regiões de La Pointe-des-Châteaux, rico em biodiversidade e tesouros arqueológicos; La Pointe de la Grande Vigie e La Porte d’Enfer, reduto de falésias monumentais com vistas inesquecíveis; e Le Gosier Islet, onde há trilhas submarinas para desbravar a vida marinha tropical.
Há muito a ver na maior cidade e centro comercial de Guadalupe, Pointe-à-Pitre, especialmente no que diz respeito à cultura e história, com lugares especialmente pensados em – talvez - redimir a própria trajetória de seus povos. O museu Schoelcher presta homenagem ao escritor abolicionista francês, enquanto o Museu Memorial ACTe se coloca como um lugar de recordação, de compreensão e de reconciliação de milhões de vidas destruídas pelo tráfico de escravos massivo de outrora.
Fora as duas ilhas principais, existem ainda as “agregadas”, ilhotas nos arredores: La Désirade, agora considerada uma reserva natural nacional, que vem desde 1993 buscando desenvolvimento sustentável; a quase intocada Marie-Galante, com praias selvagens, distilarias de rum e o maior festival musical de toda a ilha, Terre de Blues Festival.
Vale destacar ainda Les Saintes, um arquipélago com vilas charmosas, um imponente forte napoleônico, lindas baías e muitas praias, incluindo a idílica Pain de Sucre, ou Pão de Açúcar, nomeada por influências do Rio de Janeiro devido a sua formação rochosa. Não vá embora antes de provar a famosa Tourment d’amour, tortinha com recheio de banana, coco ou goiaba.
Quando ir: o clima tropical casa muito bem com a rotina vibrante de Guadalupe. De dezembro a junho fica seco e quente, enquanto de julho a novembro fica quente e úmido. A média anual de temperatura é de 28 ºC.
Como chegar: há voos diários com oito horas de duração a partir de Paris (e outras grandes cidades francesas) para o aeroporto de Pôle Caraïbes, próximo a Pointe- à-Pitre. Também existem rotas aéreas via Barbados e Antigua e Barbuda.
No Brasil, sem chance de voos diretos. O ideal é ir até Miami ou Orlando e de lá partir rumo a Guadalupe, numa viagem com aproximadamente duas horas de duração.
Outra opção é ir por mar com a ajuda de cruzeiros. Costa Cruises, Aida Cruises, Club Med, Holland America Lines, Tui Cruises, Thomson Cruises, Pullmantour, P & O Cruises, Royal Caribbean Cruise Lines e MSC Cruzeiros são algumas das operadoras.
Onde ficar
- Fredo Hostel: a partir de R$ 88 por dia em quarto duplo
- Racoon Lodge: R$ 352 por dia em quarto duplo
- Hôtel Amaudo: R$ 494 por dia em quarto duplo
- Canella Beach Hotel: a partir de R$ 720 por dia em quarto duplo
- Auberge de la vieille tour: R$ 799 por dia com caféFotos: divulgação/Turismo de Guadalupe
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