Dá pra imaginar uma cidade de mais de 12 milhões de pessoas sem ninguém circulando nas ruas? Com a quarentena, uma São Paulo vazia surge nas imagens 360 graus compartilhadas pelo fotógrafo profissional Alexandre Suplicy.

A maior cidade do Brasil e a mais populosa da América do Sul entrou em isolamento social e fechamento de comércios por decreto no dia 23 de março, dado o avanço de coronavírus no país. Desde então, o prazo vem aumentado e a adesão à quarentena também.

Ao menos é o que consta nos dados divulgados pelo Sistema de Monitoramento Inteligente do Governo de São Paulo, que aponta 49% de isolamento no Estado. O governo afirma, porém, que 70% seria o ideal para achatar a taxa de infectados por Covid-19.

Aproveitando a quarentena, Alexandre registrou diversas regiões da capital na série de fotos “Quarantine Feelings 360º”, postado no Facebook com bastante sucesso, chegando a quase 3 mil compartilhamentos.

O recurso, feito com auxílio de um drone Mavic 2 Pro e uma câmera Sony A7III, permite que o usuário visualize os arredores por inteiro ao arrastar a imagem com as mãos ou o mouse. Também é possível dar zoom em alguns pontos de São Paulo vazia.

São 21 fotografias de pontos conhecidos pelos paulistanos, como a Marginal Pinheiros, a Rua da Consolação, a Praça Roosevelt, o Centro, o Itaim e a Luz. Em pleno final da tarde, conhecido como “hora do rush”, nota-se uma quantidade mínima de carros circulando onde antes havia tráfego intenso, também conhecido como trânsito infernal.

“Fiquei uns dias em casa, mas senti que era meu dever documentar esse momento único e bizarro para as próximas gerações que escutariam nossas histórias mas não conseguiriam imaginar o que foi isso”, escreveu o fotógrafo e videomaker em seu blog.

Mas ele revelou à Vogue que usou um pouquinho de mágica de edição para remover alguns carros, pois também ficou surpreendido e decepcionado ao encontrá-los nas avenidas. “Para a minha surpresa, a cidade estava vazia, mas não como imaginava. Uma terça-feira à tarde, parecia uma manhã de domingo. Então decidi fazer um registro mais artístico, eliminando os carros da cidade”.

O céu da cidade também parece mais limpo, mais vívido do que outrora. Ao mirar o horizonte, não se vê mais a intensa camada de poluição, que em boa parte vem diretamente das emissões de carbono dos veículos.

A sensação de olhar as imagens aéreas é de que estamos voando. E sonhando também com essa capital mais pacata e mais limpa.

Foto: reprodução/Alexandre Suplicy
O Obelisco do Ibirapuera sob a luz do pôr do sol – Foto: reprodução/Alexandre Suplicy

Nascido em São Paulo, Alexandre sempre gostou de registrar cenas cotidianas na metrópole que nunca dorme. Alguns de seus cliques foram parar na exposição “Olhar Expresso”, exibida em estações de metrô em 2015.

Também passou temporadas na África, que resultaram na publicação de um livro documental sobre a realidade dos desempregados do país. A sua série de fotos “Namíbia Única” foi premiada com o “Travel Photography Awards”, na Nova Zelândia.

Voltando de um trabalho na Índia recentemente, agora passa a quarentena em casa, pensando em novos projetos. “Odeio ficar parado. Acho que quando você tem um volume menor de trabalho, você fica mais criativo”, disse ao Quanto Custa Viajar. Agora ele pensa em levar a série Quarantine Feelings para outro foco: fotografar pessoas que estejam nas ruas se arriscando e com trabalhos essenciais, como garis, médicos e entregadores.

As fotos seguirão sendo postadas nas redes sociais do Alexandre.

Região têxtil do Bom Retiro costuma ser uma das mais movimentadas da cidade – Foto: reprodução/Alexandre Suplicy
Marco zero na Praça da Sé – Foto: reprodução/Alexandre Suplicy
São Paulo vazia assim, só com ajuda da edição mesmo – Foto: reprodução/Alexandre Suplicy

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