Durante oito semanas, a “joia da terra” é protagonista de um dos mais importantes festivais gastronômicos da Europa. A pequena cidade de Alba, no Piemonte, no norte da Itália, recebe centenas de culinaristas e curiosos atraídos pela aura mágica do ouro branco que eclode por aquelas bandas: a trufa branca.
A Feira da Trufa Branca de Alba (em italiano, tartufo bianco), que este ano acontecerá entre 6 de outubro e 25 de novembro, marca a temporada de caça à iguaria e compreende um programa rico, com mostras, exposições, mostras culinárias, enogastronomia e todo tipo de encontros culturais, musicais, literários, folclóricos e esportivos. Mas, claro, quem se desloca até o povoado, que não chega a 30 mil habitantes, quer mesmo provar a trufa, ingrediente único e caríssimo, em pratos diversos. O mais famoso deles, o talharim com trufas brancas, é encontrado em vários restaurantes locais durante a temporada dos tartufi, que acontece nos três últimos meses do ano. Lâminas do ingrediente pairam sobre massas, risotos e pratos que levam ovos. Quanto mais frescas, mais firmes são as trufas. É isso que facilita o laminar. O frescor se mantém por um período curto, que vai de cinco a dez dias; depois desse período, elas ficam mais mórbidas e perdem o aroma característico.
A feira conta com diversos expositores, que vendem massas artesanais e doces, além de, claro, trufas. No galpão onde ocorre o festival, dá para degustar vinhos da região harmonizados com os pratos. Chocolates artesanais completam o “menu”
(Não se pode esquecer, contudo, que as trufas brancas têm uma irmã menos glamourosa, mas igualmente procurada, a trufa negra, colhida no verão.)
Vendedor apresenta trufa para possível compradora Crédito: Luca Privitera/Divulgação
Selvagens, raras e fascinantes, as trufas brancas fascinam não apenas pelo sabor, mas pelo mistério que envolve sua produção: não se sabe ao certo como esses fungos se formam e se desenvolvem no subsolo – não existe plantação ou cultivo de trufa. São cães farejadores treinados que as encontram, sempre a cerca de 30 centímetros da superfície e próximas de aveleiras e carvalhos. São encontradas no extremo norte italiano (onde fica Alba), em partes da Toscana e em algumas regiões da Croácia.
Tais características (e o hype que ano após ano torna o ingrediente ainda mais badalado) fez com que o preço da trufa atingisse seu auge no ano passado: negociada na “Bolsa do Tartufo”, em Alba, chegou aos 6.000 euros por quilo – há de se considerar que as condições climáticas desfavoráveis, calor acima do comum e seca, fizeram o valor subir. É em Alba, inclusive, que a iguaria custa mais caro, graças à qualidade sem par do fungo produzido na região – aquela zona de Trento é tão famosa pelos vinhos (os Barolo são campeões absolutos) quanto pelas trufas; uma viagem gastronômica não pode faltar nem um nem outro.
Além das trufas
Alba conta com atrações turísticas que não ficam só no campo gastronômico. Pequena e simpática, a cidade permite um tour geral de um dia.
Não deixe de passar por:
– Praças Savona e do Risorgimento; na segunda, fica a catedral de San Lorenzo, construção gótica que começou a ser erguida no final do século 15;
– Museo Federico Eusebio: conta a história da cidade, fundada há 8.000 anos; abrange achados arqueológicos, geológicos, zoológicos e botânicos;
– Fondazione Ferrero: construção moderna financiada pela família Ferrero (a dos chocolates), recebe mostras de arte durante todo o ano, além de eventos musicais.
Trufa branca, apresentada em Alba Crédito: Stefania Spadoni/Divulgação
Onde ficar:
A região tem um dos hotéis mais elegantes da Itália, o Relais San Maurizio, próximo da cidade de Asti. Com vinícola própria, o local tem um dos SPAs mais disputados da Europa. Bonito e bem localizado, o Villa d’Amelia é bem menos luxuoso, mas guarda uma vinda vista das montanhas trentinas.
Como chegar:
- Dá para chegar a Alba vindo dos aeroportos de Milão, Veneza ou Bolonha. É preciso fazer baldeação entre os Intercity e trens regionais. Se optar por ir de trem, vale a pena pensar em um roteiro esperto, que pare em cidades-chave, como Brescia, Verona, Trento, Treviso, Bassano del Grappa, Pádua ou Ferrara, a depender da cidade de partida. Também é possível chegar à região de carro, percurso mais que recomendável, já que as estradas que levam a Alba descortinam paisagens incríveis.
Texto por Lívia Scatena, foto destaque por Pietro Grasso/Divulgação
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