Os irmãos mais famosos do graffiti brasileiro conseguiram propagar arte de rua no país e se projetar lá fora. A exposição OSGEMEOS teve sua estréia na Pinacoteca de São Paulo e agora chega em Curitiba!
A exposição que tomará o Museu Oscar Niemeyer a partir de setembro sem data definida até o momento, é uma enorme retrospectiva dos artistas Otávio e Gustavo Pandolfo, revelando detalhes da juventude inserida no hip-hop, das instalações artísticas oníricas que rodaram o mundo e obras em parceria com nomes como Banksy.
Nascidos orgulhosamente no bairro Cambuci, na capital paulista, os gêmeos Pandolfo poderiam ser confundidos com integrantes do grupo nova iorquino Beastie Boys, mas ao invés de música, estão nas artes desde 1987, pintando os muros da própria casa até chegar a castelos monumentais, como o Castelo de Kelburn, na Escócia, colorido por eles em 2011, na companhia de Nina Pandolfo e Nunca, também brasileiros.
Com apoio da família desde os primórdios, a dupla criada à base de tintas e brincadeiras de rua se deslumbrou com o universo do hip-hop nos anos 1980, pegando referências de break dance, rap, batalhas de rima, graffiti e bombing, uma tipografia feita rapidamente (e ilegalmente) com spray, que se proliferou em vagões de trem e muros como expressão artística pública. Era comum sua reprodução em roupas, como jaquetas e calças jeans, de quem curtia o estilo musical, fazendo parte de um movimento cultural e underground.
Confira o relato da Brunella Nunes que visitou a exposição em São Paulo para saber o que esperar em Curitiba:
A exposição OSGEMEOS está cheia de surpresas, mas uma delas definitivamente não passa despercebida: um enorme personagem inflável é quem recebe o público assim que entram no edifício. Fato curioso é que, quando crianças, os irmãos fizeram um curso de arte no mesmo local. O bom filho a casa torna, literalmente.
É fácil reconhecer as obras d’osgemeos, impulsionadas por um misto de fantasia, sonhos, experiências de vida, relações afetivas, questionamentos e críticas sociais. Mas é ainda mais interessante acompanhar, em rascunhos, desenhos, telas e objetos, a evolução dos irmãos no processo artístico. Podemos conhecer outros estilos de pintura e composição, indo além dos típicos personagens amarelos e coloridos da dupla.
Uma série de esculturas e outras instalações nos transferem para o mundo lúdico erguido a quatro mãos, onde veículos têm rosto e pianos têm uma pista de dança cheia de luzes, com um b-boy em cima da cauda.
Além de esculturas e intervenções site specific, a mostra é composta de sete salas com mais de 1.000 itens pessoais dos artistas, em parte inéditos ou nunca exibidos no país. Um destes é o trabalho realizado em conjunto com o polêmico artista de rua Banksy, da Inglaterra, em 2013: duas telas que representam a repressão e a resistência.
Outro ponto alto é a instalação concebida especialmente para o Octógono da Pinacoteca: uma caixinha de música sobre rodas, inspirada na escultura “O Beijo”, também assinada pelos osgemeos. Elementos mecânicos e elétricos são acionados de forma automática para compor uma melodia, meio confusa e maluca, assim como o trabalho em si.
Em uma das salas se vê duas telas bordadas, que foram feitas pela mãe deles, Margarida L. K. Pandolfo. Este é um dos trabalhos mais afetivos de toda a mostra, resultado de muitas horas de dedicação materna.
“Somos complementares: um completa o pensamento do outro a todo momento, pois nosso processo criativo é tão natural para nós, que é até difícil de explicar. Parece que existe um fio, vamos sempre estar conectados, mesmo quando estamos longe um do outro. É um vínculo eterno”
– osgemeos, em seu site oficial