Na fronteira com Minas Gerais, Espírito Santo do Pinhal é o novo destino em ascensão no interior de São Paulo. A cidade já foi apontada como “Toscana brasileira” devido a seu clima propício para a viticultura, ao charme que invade as vinícolas e a boa mesa. Será que realmente temos um novo pedaço da Itália no Brasil?

A região tem, por si só, uma grande vantagem: fica imersa na Serra da Mantiqueira, uma das mais bonitas e cobiçadas que passa por trechos da capital paulista. Tal fato garante a contemplação de paisagens bucólicas a perder de vista.

Foto: Wikipedia

Espírito Santo do Pinhal

Mas a ligação com a Itália não é apenas falácia, não. O município fundado em 1849 a cerca de 200 km de distância da capital paulista se ergueu a partir de colonos italianos, que aproveitaram o período para cultivar café. Todo o território pertencia a uma só propriedade: a Fazenda do Pinhal, que foi invadida e virou lenda a partir de 1877, quando se tornou uma vila.

A cultura cafeeira que ainda pulsa nas veias da região aparece no Palácio do Café, um imponente edifício na Praça Rio Branco. O que antes era um cemitério foi transformado, a partir de 1890, em um edifício público de prestígio, chegando a ser o Paço Municipal durante alguns anos até se tornar um espaço dedicado ao grão então conhecido como “ouro negro”.

Logo em frente foi colocada uma estátua de bronze, de Lecy Beltran. “O Colhedor de Café” presta homenagem aos cafeicultores, em especial aos trabalhadores das fazendas.

Uma dica para conhecer um pouquinho é o tour “Da Genoma à Xícara“, roteiro turístico pedagógico, técnico, histórico e cultural. A visita começa no Palácio e depois vai à lavoura, onde o público vê de perto como produzir um café de qualidade, qual o manejo necessário na colheita e pós colheita, aprende sobre os estágios de cada grão e a torra.

Além disso, conhecem a casa sede e terreiro antigos, formas de embalagem e extração, entre outras coisas que fazem parte do processo de produção do café. Por fim, degustam a bebida coada no pano, do jeitinho que é feito na roça. Maiores informações e reservas via Instagram.

Foto: Wikipedia

Acontece que o clima, temperatura e insolação garantem território fértil para o cultivo de uvas, o que vem tornando Espírito Santo do Pinhal um promissor terroir, especialmente para o tipo Syrah, de origem francesa. A fama do município chegou junto com a Vinícola Gaspari, que não tardou a levar sofisticação e burburinho para a região, tornando-se em pouco tempo uma das produtoras mais relevantes do país.

Confira uma opção de pousada em Espírito Santo do Pinhal

Sob o comando da engenharia agrônoma Fabrícia Gennari Zuccherato, a Guaspari passou a produzir não apenas vinhos de qualidade, mas azeite e café, reunindo outras duas grandes paixões. O enoturismo, porém, ainda é o que se destaca, especialmente nos meses de julho e agosto, quando a marcante colheita de inverno traz renovação.

Foto: Divulgação

A vindima (de maio a julho) inclui um tour especial com café de boas vindas, passeio pela plantação, colheita simbólica, visita à indústria, degustação de vinhos da marca e queijo artesanal Pardinho. Depois, há ainda um almoço – preparado em fogo de chão – com harmonização de outros rótulos da empresa, para fechar com chave de ouro. Já a visita fora do período inclui tour e degustação de quatro vinhos. Todas custam R$ 130 por pessoa.

Seguindo pelos passeios rurais, outra opção é a Fazenda Retiro Santo Antônio, que foca sua produção em alimentos sustentáveis, como o fubá de moinho de pedra da década de 50, que tem baixa concentração de agrotóxicos na produção do milho.

A receita do insumo parece dar tão certo, que foi parar em estrelados restaurantes de SP, como o DOM, do chef Alex Atala. Apicultura e cultivo de café também estão dentro das especialidades do local, com a bebida servida quentinha durante a degustação.

O centro de Espírito Santo do Pinhal tem outros atrativos, como o Theatro Avenida, inaugurado em 1927. Passou anos com as portas fechadas, até ser restaurado e reaberto em 2009, voltando a ter a elegância de outrora, consolidando-se como um importante centro cultural.

Muitos casarões coloniais, da época dos abastados barões de café, foram tombados e são mantidos bem preservados ao longo do tempo. As igrejas se mantêm como paradas de turismo arquitetônico e religioso, especialmente em relação à italiana Santa Luzia, que chega a mobilizar até 30 mil devotos no mês de dezembro.

Foto: divulgação/Theatro Avenida
Foto: divulgação/Theatro Avenida

Um dos principais pontos da cidade, o Lago Municipal é um convite à descompressão. O verde da vegetação salta aos olhos, assim como a fonte d’água que foi colocada no meio do lago. A vida segue tranquila em Espírito Santo do Pinhal, que pode ser o seu próximo destino na hora de fugir do caos da metrópole!

Foto: divulgação/Famiglia Bartho

Onde comer

  • Inverno D’Itália: sediada em um belo edifício de 1930 com uma varanda arborizada, a cafeteria foi inaugurada por uma família que tem café no DNA: são mais de 160 anos envolvidos na produção do grão, que vai parar na xícara. Jazz, blues e bossa nova invadem o ambiente, deixando a experiência agradável do paladar aos ouvidos.
Foto: divulgação
Foto: divulgação
  • Empório Paganini e Palermo: servindo café da manhã colonial e almoço, o empório esbanja charme em meio à natureza. As redes para descanso são quase um suplício após a comilança. O aconchego é serventia da casa.
Foto: divulgação
  • Opção Trattoria: ocupando o mesmo edifício onde funcionou uma pharmácia – assim mesmo, com “ph”, bem antiga – a trattoria serve massas, carnes e peixes. Fettuccine artesanal com truta defumada, confit de pato, arroz de polvo e risoto de camarão estão entre as opções que podem (ou devem!) acompanhar uma boa taça de vinho.
Foto: divulgação
  • Restaurante Celeiro: localizado na estrada que liga Pinhal e Albertina, o tradicional restaurante de comida caseira mineira serve buffet por quilo com opções vegetarianas e veganas. Conta com um ambiente rústico, um grande jardim e brinquedos para as crianças se divertirem ao ar livre.
Foto: divulgação

Onde ficar

  • Villa do Poetasediada em um antigo casarão, a pousada está entre as mais bem avaliadas da região. Conta com acomodações confortáveis, jardim e café da manhã continental. A partir de R$ 280 por dia.

  • Pousada do Vinhedoo pequeno vinhedo urbano Parziale produz vinho tinto de marca própria, mas também oferece hospedagem. Tem piscina, jardim e suítes muito bem decoradas. A partir de R$ 390 por dia.
Foto: divulgação
Foto: divulgação
  • Pousada Famiglia Bartho: ocupando uma fazenda histórica de café há sete gerações, a sofisticada pousada conta com jardim, piscina ao ar livre, sala de jogos, bar, restaurante, lago, horta, e animais de criação. A partir de R$ 1.440 para dois dias, com pensão completa.
Foto: divulgação
Foto: divulgação

Como chegar

Quem vai até Espírito Santo do Pinhal percorre cerca de 200 km de carro a partir de São Paulo capital. A Viação Santa Cruz leva os viajantes de ônibus a partir do terminal rodoviário Tietê, por aproximadamente R$ 65. O percurso dura cerca de 4 horas.

Foto: divulgação/Câmara de Pinhal

Circuito Caravaggio reúne belezas naturais, vinícolas e tradições italianas em Espírito Santo

7 comentários

  1. Ótimo texto sobre a maravilhosa Pinhal! Uma correção: o valor da visita à Guaspari já não está em R$130,00.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.