História, praias e botos moldam a encantadora Laguna, em SC

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A linha imaginária do antigo Tratado de Tordesilhas, que limitava territórios entre Portugal e Espanha, ia de Cabo Verde ao sul de Laguna, em Santa Catarina. Do período das Grandes Navegações ficou o legado açoriano na cidade a apenas 110 km de Florianópolis, que também abrigou a revolucionária Anita Garibaldi.

O visual de Laguna até parece coisa de gringo, lembrando trechos de Portugal, Noruega e Reino Unido. Aquelas pequenas vilas e cidades distantes, onde há mais verde do que construções, e um belo farol coroando a paisagem.

O imponente Farol de Santa Marta se mantém, até hoje, no ponto mais alto do município, entre terra e mar. A construção de 21 metros de altura foi erguida por franceses em 1891 e ostenta 92 km de alcance geográfico, um dos maiores do mundo. Para visitá-lo é preciso pegar uma balsa, mas antes de ir é bom saber que a entrada na torre não é permitida.

Banhada pelo oceano Atlântico, Laguna tem uma atmosfera tipicamente caiçara. Os visitantes podem se esbaldar nas pequenas dunas da praia do Gi, aproveitar os bons ventos de Mar Grosso, região urbanizada, onde se concentram hotéis e restaurantes, e surfar nas ondas da praia da Galheta. É a partir desta que se acessa a Ilhota, o apelido da praia de Ipuã, que se mantém quase deserta e tem águas tranquilas, atraindo esportistas náuticos.

É também em Laguna que fica uma das construções mais curiosas do Brasil: os Molhes da praia da Barra. O quebra-mar feito com rochas enormes, construído na década de 40 para conter o impacto das ondas, é hoje uma plataforma para surfistas aproveitarem a correnteza.

Há outras praias, acessadas por embarcações, como a praia do Cardoso, concentra as maiores ondas do Sul do país, e surfistas corajosos para encará-las. Entre julho e novembro, um campeonato atrai profissionais na modalidade, aqueles que realmente sabem dropar ondas intensas, que chegam a 3,5 metros de altura.

A praia de Gravatá uma das mais bonitas e inóspitas. Acessada por uma trilha de 20 minutos que passa em trecho da Mata Atlântica, conta com uma enseada rodeada por rochas de 180 milhões de anos, dunas e plantas nativas, como as bromélias.

A pesca artesanal de tainha, uma das principais fontes de renda dos moradores, atrai olhares curiosos no canal da barra. Os assistentes nessa missão são um tanto inusitados: os botos é quem empurram os cardumes para as margens, facilitando a captura.

A simpática espécie marinha, protegida por duas ONGs locais, é símbolo e patrimônio de Laguna. Acredita-se que existam 50 botos na região, conhecidos como Boto da Tainha ou Nariz de Garrafa.

Cerca de 25 deles possuem o peculiar comportamento cooperativo, auxiliando os pescadores e, claro, ganhando os peixes que sobram no final. Pois é, a atividade é remunerada!

De agosto a setembro, são as Baleias Francas que chegam ao local para montar um novo espetáculo.

Durante a noite, a cena muda. Os pescadores saem em busca de camarão nas lagoas de Santo Antônio e Imaruí, com auxílio de lâmpadas a gás. Assim, o mar vira um mar de luzes, que não por acaso chamam a atenção de quem está passando por ali.

Chegando ao centro histórico, que é o maior conjunto arquitetônico tombado de Santa Catarina, não deixe de visitar a Casa de Anita, onde viveram os padrinhos da guerrilheira, que usou o local para se vestir para seu primeiro casamento. O local, com arquitetura luso-brasileira, funciona como um relicário, reunindo móveis, utensílios, trajetórias do romance com Giuseppe Garibaldi e a sepultura da heroína.

Já o Museu Anita Garibaldi, apesar do nome, dedica-se a acervos indígenas e peças de alto valor arqueólogo da região, além de peças de porcelanas, utensílios domésticos, móveis e outros objetos que fizeram parte da vida da sociedade lagunense.

O edifício datado em 1735 era a antiga Casa de Câmara e Cadeia, abrigando a câmara de vereadores e a guarda municipal até 1956, quando foi transformado em instituição cultural. Atualmente está fechado para reforma, com previsão de reabertura em setembro de 2020.

Outros pontos de interesse na região central:

  • Fonte da Carioca, construída por escravos em 1863
  • Igreja Matriz Santo Antônio dos Anjos, com arquitetura barroca, se dedica ao padroeiro da cidade, celebrado em festa típica
  • Casa Pinto D’Ulysséa, quinta portuguesa de 1866, que pertenceu ao violonista português Joaquim Pinto de Ulysséa
  • Cine Teatro Mussi, belíssimo e restaurado edifício Art Déco, inaugurado em 1950
  • Cais do antigo porto, onde se contempla o pôr do sol
  • Mirante do Morro da Glória, oferece uma das vistas mais lindas da cidade do alto de seus 128 metros

Embora pacata, Laguna tem o maior Carnaval do Sul do Brasil, contando com bloquinhos de rua e milhares de foliões nas ruas

Onde comer em Laguna

Com alma caiçara, não é de se estranhar que a culinária lagunense se resume à peixes e frutos do mar. O mais famoso e tradicional point gastronômico na cidade é o Geraldo Restaurante, que serve pratos açorianos em localização privilegiada, com vista para o mar.

A história começa em 1955, quando seu Geraldo servia em seu armazém o  o risoles, a casquinha de siri e o camarão recheado de dona Arlete, sua esposa. Anos depois, quem diria, o pequeno comércio se tornou um sofisticado restaurante, mantendo a casquinha de siri e o risoles de camarão. O extenso cardápio conta com muitas opções de peixes, lulas, mariscos, camarões e drinks.

Foto: divulgação/Geraldo Restaurante
Foto: divulgação/Geraldo Restaurante

Outra opção a beira-mar é o Marbelle, que faz sucesso com o “chiclete de camarão”, tacho cheio de camarão rosa à milanesa e palmito, coberto por molho béchamel e bastante queijo mussarela. Outro que é bem pedido pelos casais é o Grelhados Marbelle, um apanhado de filé de peixe, camarão, marisco, lula, polvo e fatias de abacaxi grelhados na pedra, acompanhado de arroz branco e pirão de peixe. 

Foto: divulgação/Marbelle

No jantar, os moradores recorrem à elogiada Piazza Pizzeria, antiga por fora e moderninha por dentro. A casa no centro histórico serve pizza no estilo napolitano, com massa fermentada por 48 horas, servida em quatro pedaços, ideal para comer com as mãos.

Foto: divulgação/Piazza Pizzeria
Foto: divulgação/Piazza Pizzeria

Um chope artesanal na Laguna Craft Beer pode abrir o apetite ou fechar a noite com chave de ouro. São sete opções produzidas pela marca local, que podem ser servidas no Flight, régua de degustação que inclui quatro chopes de 100 ml à escolha do cliente. A cervejaria também tem música ao vivo em alguns dias da semana.

Foto: divulgação/Laguna Craft Beer

Onde ficar

Foto: divulgação

Como chegar em Laguna

A maneira mais prática de chegar em Laguna é ir até Tubarão e pegar a estrada BR-101, sentido Florianópolis e Porto Alegre. São apenas 30 km de distância. Quem vai de ônibus a partir de Floripa pode recorrer às viações Santo Anjo e Eucatur, que levam em torno de 2h30 para realizar o percurso até Laguna.

De avião, os aeroportos de Criciúma (54,3 Km) e Florianópolis (136 Km) são os que possuem mais opções de voos. Quem vem a partir de São Paulo pode optar ainda por voos da Latam a partir de Congonhas ou pela Azul a partir de Viracopos, rumo ao Aeroporto Regional Sul Humberto Bortoluzzi, em Jaguaruna, a apenas 21 km de Tubarão.

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