Vai se chamar Trilha de Leonardo o caminho que percorre as margens do rio Adda, desde sua nascente na Itália, até a Suíça, que fica logo ao norte. A trilha ganhou o nome do gênio italiano graças a inspiração que a paisagem do Adda trouxe a Da Vinci. É esse o cenário pitoresco e bonito que se vê ao fundo de obras valorosas como Monalisa e A Virgem nas Pedras.

Monalisa e A Virgem nas Pedras, duas obras de Leonardo Da Vinci que têm como pano de fundo a paisagem do Adda. Fotos: Joaquín Martínez (à esq.) e Art Gallery ErgsArt (à dir.)

Pode-se dizer que o Duomo de Milão e o passo de São Bernardino nunca estiveram tão próximos: 300 quilômetros de trilhas e ciclovias vão conectar a capital da região lombarda à Suíça por meio de um circuito de trekking sem igual na Europa. Do Canal de Martesana até a cidadela de Trezzo d’Adda, seguindo pelo rio e, em seguida, passando por Paderno, Brivio, Imbersago e Lecco até chegar à trilha del Viandante, que leva até a cidade de Colico. De lá até a reserva natural Pian di Spagna e a Ponte del Passo Sorico e, mais abaixo, caminhando ao longo das vias Francisca e Spluga:  Chiavenna, Madesimo, o passo do Baldiscio, a 2.350 metros acima do nível do mar e, finalmente, a Suíça. Por lá, o caminho atravessa Messoco, Val Mesolcina e chega a San Bernardino.

O trajeto da trilha. Na legenda do mapa, no canto à direita: refúgio a ser construído; trilha del Viandante; pista ciclística do Adda; e Canal de Martesana. Divulgação

Uma grande parte da rota já existe e é percorrida anualmente por centenas de caminhantes. Agora, bastam reconstruir alguns pontos, criar três novas rotas de conexão, particularmente entre as cidades de Lecco e Abbadia, para, finalmente, construir um abrigo para receber aventureiros em alta altitude. Isso deve acontecer em três anos, graças aos fundos europeus colocados à disposição no programa de cooperação Interreg, que prevê o auxílio de 1,2 milhão de euros para a construção, mais 515 mil divididos entre Itália e Suíça.

Da Trilha do Viandante descortina-se esta bonita vista do Lago di Como. Foto: Luca Casartelli

As líderes do projeto “Os caminhos do viajante 2.0” são a região suíça de Moesa e a cidade de Lecco, aos pés do Monte de São Martino. O percurso deve ganhar vida dentro de 12 meses, quando deve ser aberta a sua rota mais importante: o trecho de 5 quilômetros que vai da capital da Lombardia até Abbadia, que descortina uma bonita vista do lago local e que termina em Colico — a paisagem, acredite, vale cada metro caminhado.

Vista de Lecco, por onde a trilha irá passar. Foto: Luca Casartelli

Ao jornal Corriere della Sera, o prefeito de Lecco, Virginio Brivio, relatou que o percurso vai percorrer um antigo traçado que até há pouco estava em desuso, mas que foi recentemente restabelecido pelo alpinista Giuliano Maresi. Segundo o político, o trecho em questão tem 750 mil euros disponíveis para investimento, mas pouquíssimo tempo para ser concluído.

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Complexo, o projeto conta com o envolvimento de 12 partes, oito das quais são entidades públicas. A consultoria Ideas encabeça a projeção, com o principal objetivo de incentivar o trabalho em equipe. No projeto constam a instalação de um barco elétrico no lago Novate Mezzola, intervenções ao longo da rota existente para Dorio, Dervio, Perledo e Varenna e a construção de um abrigo no passo de Baldiscio. Esse refúgio terá 25 camas e baixo impacto ambiental.

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