Cuba tem um litoral de dar inveja, cheio de praias lindas. A região mais conhecida pelos turistas que querem tomar um sol é Varadero, antro de férias de cubanos, europeus, asiáticos e norte americanos. Com o público aumentando cada vez mais, resorts pipocam beira mar a cada nova temporada. E o que fazer se você quiser fugir deles? Não há muitas opções, mas há soluções!

Os resorts tomaram conta de uns 70% da área de Varadero e, mesmo pertencendo a grandes redes hoteleiras, como Meliá e Iberostar, que dominam boa parte das acomodações, são controladas pelo governo cubano. Em avaliações dos sites de reserva como o Booking.com, as notas são medianas ou ruins, enquanto os preços estão lá no alto.

De qualquer forma, há ofertas de all inclusive para as famílias que preferem essa opção de hospedagem. Os hotéis são escassos e também deixam a desejar pelas avaliações dos hóspedes. Pelo o que analisei, acho que o problema maior é que eles não valem o que se paga, ou seja, o custo-benefício aparentemente não é bom, especialmente para nós brasileiros que pagamos em dólar ou euro, pois turistas não podem usufruir o peso cubano.

Assim sendo, vi que encontrar uma hospedagem que me agradasse daria um certo trabalho. Conforto, localização e limpeza são os principais critérios que eu avalio na hora da escolher um lugar para ficar, além de optar sempre que possível por lugares com identidade ou uma ligação cultural verdadeira com o país ou estado que visito. Acho que é uma experiência mais completa ao invés de ficar hospedada num lugar puramente comercial.

Minha experiência

No Airbnb, dependendo da época, corremos o risco de não encontrar boas ofertas ou um espaço de acordo com suas necessidades e expectativas. E foi isso o que aconteceu comigo. Achei tudo muito mediano ou que não valia o custo-benefício. Claro que tendo uma cama pra dormir e um chuveiro salva as nossas vidas, mas eu não quero pagar caro pra isso.

No final das contas a minha saga em busca de uma casa em Varadero durou cerca de um mês. Quase que diariamente eu lia as avaliações, via a localização, as fotos, outros sites além do Airbnb, enfim, fiz tudo o que estava a meu alcance para não me decepcionar com a escolha. Queria algo próximo de uma pousada, como sempre. Mas esquece! Não há pousadas em Varadero.

Com o tempo, notei que o mesmo quarto tinha anúncios e preços diferentes, o que me causou estranheza. Fui investigar e até agora não encontrei sentido pra isso. Outra coisa que constatei é que dificilmente você irá falar diretamente com o dono da casa. Existem mediadores para os aluguéis, pessoas que viram uma oportunidade de ganhar um troco a medida em que organizam as hospedagens. Não há problema nenhum na prática, são confiáveis (claro que, dentro de sites com políticas rígidas como o Airbnb) e essa é uma prática bem comum em Varadero, além de acontecer também com algumas opções de Havana.

É aí que se abre um leque de oportunidades! Quando você encontra um administrador de reservas, tudo se transforma. Parece que fica mais fácil encontrar opções interessantes por meio deles, então o ideal é clicar no perfil pra ver todas as ofertas que possuem. Muitos anúncios não apareciam pra mim na busca, sei lá por que, então foi ótimo encontrar perfis de “corretores” da região, que há anos trabalham com o chamado “aluguel para férias“. Eles costumam responder às mensagens bem rápido e de maneira educada. Também podem arranjar outras comodidades, como agendar um táxi do aeroporto até o litoral, que foi o que eu fiz. Pedi indicação e deu tudo certo!

Outra coisa que notei é que vários prédios dividem a mesma área comum. Então existe a mesma foto circulando entre vários quartos, porque a área comum, onde é servido o café da manhã, é dividida com outras hospedagens que não têm onde colocar os hóspedes para uma refeição.

E, por fim, o café da manhã: é sempre pago a parte. E acho que em todos os casos que vi custa 5 CUC por dia (na cotação atual, algo em torno de 20 reais), incluindo café, leite, tostadas, manteiga, geleia, frutas e suco. É básico porém não há o que reclamar mesmo, afinal, não estamos falando de hotel, nem de pousada e nem de resort, mas sim algo bem próximo de um bed & breakfast. O valor médio da diária costuma ficar entre R$ 100 e R$ 250.

Já cansada de procurar uma hospedagem que me deixasse com a certeza de um bom negócio, quase me rendi ao Starfish, que mais parece um hotel do que um resort. Mas aí eu teria que pagar o all inclusive e acho fundamental conhecer os restaurantes regionais, então definitivamente não seria muito feliz lá também. Eis que volto a buscar no Airbnb e fico dividida entre três casas que ainda estavam disponíveis a cinco dias da viagem chegar.

Acabei optando pela Casa da Amélia, que ilustra esse post, e fiquei muito satisfeita com a escolha. A acomodação fica a duas quadras da praia, próxima a bares como o La Bodeguita del Medio, mercados, restaurantes, o Centro Comercial Hicacos e o terminal de ônibus. A Amélia é uma simpática e amorosa senhora com a típica alma de vovó. É uma pessoa comunicativa, divertida, preocupada com o nosso bem-estar e super solícita. Ela vive com o marido e o cachorro Tiki na casa principal, enquanto no anexo – que tem entrada privativa – há dois quartos com camas bem confortáveis, ar condicionado, frigobar e armários. Para os hóspedes tem apenas um banheiro, mas se o outro quarto não estiver ocupado, só você acaba usando.

Também tem uma varanda bem legal, de uso compartilhado. Ao chegar na casa, a Amélia oferece uma chave para que você vá e volte a hora que quiser. Também oferece café da manhã, que ela mesma prepara diariamente. A limpeza é um dos pontos positivos da acomodação. Os quartos podem ser limpos pela ajudante dela ao longo dos dias, desde que você autorize, e as toalhas são trocadas.

A escolha de uma casa pra se hospedar é realmente a solução perfeita para quem gosta de conhecer a cidade por si só e se aproximar dos moradores. Acredito que com esse turismo cubano cada vez mais crescente eles estejam bem preparados e acostumados a receber turistas. Ter momentos de privacidade e ao mesmo tempo doses de amizade com os donos da casa fez eu ter certeza de que essa foi a melhor escolha.

Dicas para escolher sua hospedagem

Redobre a atenção em relação à localização dos anúncios, pois costumam aparecer casas em Matanzas, vizinha de Varadero. De lá, não dá para ir a pé até a cidade e acho desnecessário gastar dinheiro com esse percurso, então, evite.  As praias dos resorts não são privadas e achei isso super positivo, afinal, natureza é um patrimônio público. A diferença é que podem ser mais limpas do que as demais. São bem cuidadas porque existe uma equipe pra isso e multa para quem ousa sujar o local.

Na praia mais popular, que é a chamada Varadero mesmo, o mar tem um azul diferente mas igualmente lindo e cristalino. É limpa na medida do possível porque exige também a colaboração dos visitantes. Todo dia, por volta das 4h, um trator passa limpando a areia. Porém vimos mais de uma vez pessoas arremessando garrafas no mar (como se isso fosse “normal”) e outras deixando restos de frango ou lixo nas beiras da praia. Recolhi o que pude, mas é realmente triste ver isso acontecendo em qualquer lugar do mundo.

Estar próximo do centrinho faz muita diferença durante a noite, porque facilita os deslocamentos e passeios. E não há preocupação em andar a pé, porque em Cuba me senti segura como há muito tempo não sentia. É algo fora do comum pra quem vive em cidades como São Paulo. Uma sensação deliciosa!

E, por fim, pesquise muito, muito mesmo! Deixe a preguiça de lado e leia todas as informações possíveis sobre o lugar que você está de olho. Como não costuma ser barato, valorize o quanto você estará pagando. Você pode checar avaliações e anúncios em sites como o Trip Advisor, Airbnb, Cuba Casas, Casa Particular, Cuba Accomodation e Casas Cuba.

No Airbnb, fique de olho nos anúncios para não levar gato por lebre. Os títulos são bem chamativos, do tipo “casa maravilhosa em quarto super confortável” ou “casa com uma bela praia” (sendo que a praia não fica exatamente no mesmo lugar). Em termos de acomodação diria que é puro marketing, mas luxo é algo relativo, né. Aconselho que você pesquise casas nas páginas dos seguintes gerentes de reservas: Hotelito, Trip&Rest (que administra a casa da Amélia), Emmanuel, PoreltechoRIA Vacations Varadero e a Ofelia para opções mais luxuosas. Para checar todos os anúncios selecionados por mim, clique aqui.

Ainda não conhece o Airbnb? Confira um post que fizemos contando tudo!

Por fim, mas não menos importante: fuja dos campismos. Encontrei vários campismos no Google Maps e comecei a pesquisar sobre eles. Bem localizados e baratos, são as chamadas colônias de férias dos trabalhadores cubanos, geralmente formadas por chalés e até piscinas de uso comum. Porém, segundo conversei com os moradores, hoje estão defasados, sem manutenção e sem conforto. Eles não aconselham esse tipo de hospedagem.

Demais observações:

  • Converse com o dono da casa ou o mediador antes de fechar negócio. Verifique se há mesmo o café da manhã e tire demais dúvidas com eles.
  • Veja se a localização está próxima ao centro, que seria os arredores do Parque Josone (foto abaixo). Esse é realmente o melhor lugar de Varadero para quem não liga para os resorts. O lado Sul só tem resorts e o lado Norte é meio mortão, sem entretenimento ou movimento noturno.
  • Redobre a sua atenção em relação aos resorts! Muitos deles são antigos e com aquela carinha de colônia de férias dos anos 1990. Não faz meu tipo, e pela grana que você paga, também não deveria fazer o seu.

Todas as fotos por Brunella Nunes/Equipe QCV

8 comentários

  1. Queria você teria um meio para que eu entre em contato direto com a Amélia? Gostaria de fazer reserva na casa dela deviso as suas recomendações, porém pretendo tratar todo meu roteiro diretamente com os cubanos, para que eles não sejam taxados por sites.

    1. Fala Allyne, tudo bem?

      Então, a internet em Cuba ainda é BEM precária. A maneira mais prática é realmente por Airbnb. Entendo seu ponto em relação às taxas, mas no caso da Amélia, não se preocupe com isso. Acho que ela até prefere que seja pelo Airbnb, porque há duas meninas de confiança, que administram as reservas dela, além de uma moça que faz a limpeza. Ou seja, ela acaba gerando emprego dessa forma.

      Espero que fique na casa dela. É um amor de pessoa! 🙂

  2. Olá Brunella, tudo bem?
    Eu fiquei em dúvida em relação ao acesso as praias.
    Como funcionam os quiosques, cadeiras e guarda-sóis? Só para o pessoal do hotel?
    Que outras atividades vc recomenda fazer na praia?

    Muito obrigada,

    1. Oi Aline!

      Então, Varadero tem trechos de praia pública e outros trechos de praia privada. Porém, acredito que cada resort tenha uma política em relação às praias. As que eu fui tinham acesso livre. e você pode esticar sua canga lá na sombrinha dos coqueiros.

      Mas imagino que nas praias de resorts (são bem fechadas, é preciso cruzar mesmo os resorts para chegar nelas, então nem vi!) você pode pagar pelas cadeiras. É que eu não uso esse serviço nunca. Já os quiosques, tem resort que não deixa você nem consumir nada se não for hóspede, como acontece na praia do Melia Las Americas. Mas lá tem um shopping também, onde você pode comer, beber e usar o banheiro. Essa praia tb tem ducha disponível para todos. A praia é linda, aberta e tem essa infraestrutura, então acho uma boa opção!

      A praia da região central é pública e ótima também! Tem alguns hotéis pequenos a beira mar, mas também não cheguei a ir neles porque realmente não animam! rs

      Em Varadero também tem agências que oferecem mergulho e passeios para outras ilhotas paradisíacas, chamadas de “Cayo”. Fora isso, você pode visitar o parque da cidade e cavernas como essa aqui: https://quantocustaviajar.com/blog/cueva-de-saturno-varadero/

      Espero que tenha ajudado!

  3. Olá, tudo bem? Eu tentei acessar o link que você cita as demais casas que você selecionou, porém ele me redireciona para o Airbnb mesmo. Pode me passar os nomes das casas, por favor?

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