Com a venda de drogas leves como a maconha, os coffeeshops em Amsterdã viraram febre mundial ao longo dos anos. Acontece que agora o país está considerando banir os turistas das lojas, visando novas estratégias de atrair o público estrangeiro e manter a qualidade de vida da população local.
Apesar do nome fazer alusão às cafeterias, os coffeeshops em Amsterdã são espaços dedicados à cultura canábica e ao haxixe. Ficaram conhecidos por comercializar brownies e bolos “batizados” com maconha, além de itens de tabacaria e variedades da erva propriamente dita, que pode ser consumida no local por pessoas maiores de 18 anos.
A medida passou a ser pensada pelo atual prefeito, Femke Halsema, após uma pesquisa recente mensurar que mais da metade dos jovens buscam pelo país prioritariamente para irem aos cafés cannábicos. Dos 17 milhões de turistas ao ano, 72% deles dizem ter visitado os coffeeshops, 34% afirma que visitaria menos o país caso não pudessem ir a estes locais e 11% sequer faria a viagem.
Com níveis mais altos de turismo em massa, fenômeno contemporâneo que tem chegado a diversas cidades ao redor do globo e caracterizado por turistas ‘mal educados’, Amsterdã agora busca para se manter sustentável, com fluxo equilibrado de pessoas, evitando a superlotação concentrada na região central.
Cogumelos, cocaína, heroína, LSD, morfina e demais substâncias sintéticas são totalmente proibidos na Holanda. Fumar maconha em locais públicos e carregar mais de 5 gramas da erva também pode penalizar os usuários.
Porém, as coisas já começaram a mudar por lá em 2007, quando protestos tomaram as ruas da cidade pedindo a proibição da venda de cogumelos frescos alucinógenos, após alguns casos de morte envolvendo adolescentes que consumiram a droga. Embora nenhum dos dois casos de suicídio tenham relação direta com o uso dos fungos mágicos, o governo optou por vetar seu cultivo e comercialização a partir do ano seguinte.
Acontece que os coffeeshops são um meio seguro e legalizado, mediante alvará de funcionamento, para comprar e experimentar drogas recreativas. Limitar seu acesso é não apenas arriscado em termos econômicos como também pode acabar incentivando o tráfico, que já vem assustando a Holanda como um todo.
O país chegou a ser considerado o principal núcleo do tráfico de entorpecentes do continente em 2016, quando foi divulgado um relatório de 2016 da Europol (polícia da União Europeia) e do Observatório Europeu das Drogas e Dependência Química.
Os coffeeshops legalizados possuem sinalização de uma bandeira com triângulos verde e branco, colocada em um lugar visível.
Com o aumento de mortes e assaltos, uma onda de criminalidade passou a ser alertada por autoridades locais em meados de 2018, fruto de uma economia paralela vinda das drogas ilegais.
Não demorou muito para que a palavra narcoestado, termo que designa países com alto índice de produção e circulação de drogas, a ponto de traficantes influenciarem no poder público, fosse associada ao país e a tensão aumentasse ainda mais. A questão é polêmica e um tanto controversa, mas no geral, especialistas e agentes de segurança afirmam que as gangues não influenciam na política do país, o que descarta essa hipótese.
A cerca de três anos atrás, o De Rokerij — um dos mais famosos coffeeshops em Amsterdã — acabou sendo fechado por associação ao tráfico internacional de drogas.
O combate ao crime organizado passou a ser priorizado pela polícia. E desde então, novas medidas vêm sendo tomadas para conter o avanço da violência, que também inclui a legalização da prostituição, outro nicho que movimenta bastante o turismo de Amsterdã, concentrado especialmente no chamado Red Light District (distrito da Luz Vermelha).
A região também passará a ter menos movimentação, dentro das novas regras divulgadas pela Prefeitura. A partir de 1º de abril de 2020, grupos de excursão e passeios não poderão passar após às 22h entre as vitrines das casas onde prostitutas se expõem.
Talvez o ideal fosse descentralizar os coffeeshops, educar os turistas e implementar uma campanha de marketing para que os visitantes expandam seus roteiros a outros destinos holandeses interessantes, como Roterdã, Haia e Utrecht.
Em Kerkrade, Eindhoven e Tilburg, por exemplo, também existem cafés canábicos que vendem maconha para cidadãos de outras nacionalidades, mas pouca gente se desloca para fumar um baseado. É preciso relembrar que nem só de Amsterdã vivem os Países Baixos.