Parece cenário de filmes como Indiana Jones ou Lara Croft, mas esta é a Cidade Perdida (originalmente Ciudad Perdida), uma antiga jazida arqueológica resguardada a até 2 mil metros de altura na Colômbia. O lugar é carregado em ancestralidade, pois ali foi o coração da civilização indígena Tayrona a centenas de anos atrás, que chegou a ocupar um espaço dessa natureza muito antes da peruana Machu Picchu pensar em existir.
Acredita-se que o reino encantado foi ocupado por volta de 800 d.C, ou seja, 650 anos atrás dos maias ocuparem a mística e tão falada região do Peru. Menos conhecida, Buritacá, nome oriundo do rio que percorre ao lado, se esconde tão bem entre os vales de Sierra Nevada de Santa Marta, que só foi (re)descoberta em 1972, quando um grupo de pesquisadores seguiu os caminhos de pedra para chegarem mais perto do céu. Ou simplesmente ver onde ia dar!
Assim chegaram na então chamada “Inferno Verde“, uma cidade abandonada, provavelmente durante a invasão espanhola, onde viviam por volta de 4 mil a 10 mil pessoas da tribo Tayrona. Havia um sistema de drenagem, sofisticado para a época, que ajudava a manter a estrutura de pé, resistente inclusive ao impacto de chuvas tropicais. Durante o período de esvaziamento, tiveram seus artefatos em ouro, verdadeiros tesouros históricos, saqueados pelo mercado ilegal.
Por sorte, arqueólogos retornaram as peças para seu local de origem, reconstituindo e restaurando o que puderam entre 1976 e 1982. Outras tribos, Ahuaco, Koguis e Wiwas, porém, já tinham encontrado o sítio e até o nomeado de Teyuna, mas mantiveram segredo. Até hoje acredita-se que apenas 10% do lugar tenha sido explorado.
Pelo visto, não é à toa que permaneceu assim, quase intocado. A paisagem surreal é formada majoritariamente por vegetação, 32 ruínas e 169 terraços cravados nas montanhas, cortados por ruas estreitas e inúmeras praças circulares. O acesso ao pitoresco oásis de grande complexidade arquitetônica é apenas por meio de 1.200 degraus em meio a densa floresta, o equivalente a 42 km de longas caminhadas.
Depois de sediar até conflito armado entre o exército colombiano e grupos de guerrilha como as FARC, este santuário arqueológico encontrou a paz novamente por volta de 2005, quando turistas passaram a fazer escaladas até o topo, entre altitudes que variam de 500 a 2 mil metros. Desde 2009 a área é protegida por uma ONG, fiscalizada e não teve mais problemas desde então.
A nível de curiosidade, anos atrás estava incluso no tour uma demonstração de como se produzia a cocaína dentro da mata, mostrando todos os ingredientes envolvidos no processo a partir da folha da coca. A ideia, dentro de um país que sofreu duras penas nas mãos narcotráfico, era tão nonsense que foi descontinuada a partir do momento em que as fotos caíram nas mãos dos militares.
Como chegar: a base do passeio é em El Mamay, região de Santa Marta, que é a mais antiga do país. O nome original da Cidade Perdida como atrativo turístico é Parque Arqueológico Teyuna.
Há voos frequentes de Bogotá, Medellín e Cali a Santa Marta com as companhia LAN, Copa Airlines e Avianca. Por terra, é possível chegar ao destino a partir de Bogotá, Medellín, Barranquilla e Cali.
A jornada na rodovia é bem longa, de 18 a 20 horas de percurso a partir de Bogotá. O custo é de aproximadamente 110.000 pesos colombianos. Quem está em Cartagena, boa notícia: são apenas quatro horas de viagem por 40.000 pesos.
Ao chegar no destino final, prepare-se para mais meia hora do terminal até o centro da cidade, feito com mini ônibus, ônibus ou táxi.
Quanto custa: para ir até a Ciudad Perdida é preciso contratar um guia licenciado, que por vezes são os próprios índios da região, proporcionando um rico intercâmbio cultural.
Feito com apenas cinco agências especializadas autorizadas pelo ICANH, como a Wiwa Tours e a Turcol, o tour de 4 ou 5 dias, tempo estimado para a caminhada, tem custo de 950.000 pesos colombianos, preço que não sofre variação devido ao conceito de igualdade imposto pelos habitantes. O valor é dividido entre comunidades indígenas e demais moradores.
Pelo caminho há acampamentos para que as pessoas descansem, se higienizem e se alimentem.
Todas as fotos: divulgação/La Ciudad Perdida e Wiwa Tours
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