Você que curte fazer trilhas de diferentes dificuldades, extensões, em destinos variados, já imaginou que incrível – e desafiador – poder ir de São Paulo até onde fica localizada hoje a cidade de Cusco, uma das mais famosas cidades do Peru?
É isso mesmo que você leu, essa trilha não só existia como era muito utilizada no passado, quando as cidades ainda nem tinham esses nomes. A trilha que hoje é conhecida como o Caminho do Peabiru é considerada uma das mais fascinantes e misteriosas do mundo.
A trilha indígena que ligava a cidade de São Vicente até Cusco foi descoberta sem querer e o que não faltam são relatos históricos impressionantes sobre o trajeto e contos de importantes personagens históricos que cruzavam ela no período das explorações.
Conheça mais sobre o Caminho do Peabiru
O caminho hoje é considerado como uma das descobertas de trilhas mais importantes da América do Sul e estudiosos avaliam que alguns trechos da imensa trajetória ainda não tenham sido totalmente desvendados, sendo pesquisa de diversos históricos e arqueológicos.
Hoje sabe-se que a rota tem no mínimo 4 mil quilômetros, passa por quatro países e no Brasil corta os estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, estando mais preservada no Paraná.
O valor histórico do Caminho do Peabiru segue sendo discutido no mundo, mas é fato que o trajeto possibilitou a migração e intercâmbio de várias culturas indígenas do continente, deslocamento de missões religiosas, facilitou trocas comerciais e possibilitou encontro de muitas riquezas.
História do Caminho do Peabiru
Ainda não se sabe ao certo a origem do nome do Caminho do Peabiru, mas existem algumas interpretações, como o “Caminho do Peru” para a tradução do tupi, ou em Guarani que traduziria como “Terra sem males” e outros.
O trajeto passou a chamar a atenção dos europeus por volta de 1514, quando o encontraram sem querer durante uma expedição portuguesa que buscava os limites do continente recém-descoberto.
Durante o percurso se depararam com a foz de um rio e com indígenas, que conseguiram comunicar aos exploradores que existia uma civilização na qual haveria muita prata e ouro (referência às posses Incas) e começaram então as incursões pelo rio, nomeado posteriormente como Rio de La Plata.
A notícia correu na Europa e os espanhóis logo vieram para a região e foi assim que ocorreram as primeiras tentativas de descobertas do Peru, pelo Sul do continente.
Entre muitas tragédias que ocorreram durante as vindas desses europeus, um deles sobreviveu, Aleixo Garcia, e decidiu seguir a trilha do ouro e da prata, como seguiam indicando os Carijós, povo que o abrigou após perder seus companheiros.
A expedição pela trilha foi bem sinuosa, contou com diversos espanhóis e índios que apoiaram a ideia, perdurou por meses, houveram diversas baixas na “equipe” (inclusive do próprio Aleixo, durante um encontro com outra tribo indígena), quando conseguiram por fim completar a trilha e encontrar os preciosos tesouros.
No retorno ao Brasil, os sobreviventes trouxeram provas das conquistas e repassaram a história do sucesso do Caminho do Peabiru, que logo se espalhou e muitos começaram suas sagas pela trilha.
Como fazer a trilha atualmente
Hoje em dia a maior parte da trilha foi perdida devido ao tempo, perdendo-se na natureza, e intensificando seu “acobertamento” com as construções de rodovias e crescimento das cidades.
Ainda é possível conhecer e realizar um pedaço da trilha, que é um dos grandes destinos turísticos para viajantes que gostam deste tipo de passeio. O caminho além de recontar uma história impressionante, conecta o turista com a natureza e as raízes do desenvolvimento do país.
No estado de SC é possível encontrar a trilha na cidade de Palhoça, entre Enseada de Brito e Passagem de Maciambu, e na cidade de Garuva, onde a trilha foi pavimentada por pedras e é uma atração turística.
Existem alguns projetos, sendo o principal deles coordenado pelo estado do PR, na região de Foz do Iguaçu, para tornar o resto do Caminho do Peabiru acessível à população. A proposta é que a trilha tenha cerca de 125 km, com previsão de realização em três dias, mas apenas 10% do caminho foi finalizado até o momento.
A trilha passará, no Paraná, nas cidades de Capanema, Serranopolis do Iguaçu, São Miguel do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu e pela famosa Foz do Iguaçu.