Conheça Paraty degustando os seus sabores, cheiros e cores presentes em uma dose de cachaça.
A cachaça de Paraty está voltando ao seu antigo auge. Atualmente, a bebida tem conquistado o paladar dos turistas e vem ganhando fama pelo Brasil. A cidade volta a ser conhecida por sua cachaça artesanal de qualidade, mantendo as suas práticas tradicionais de produção e introduzindo um toque de modernidade.
Há quem diga que a cachaça de Paraty tem um gosto próprio, típico e único – e ninguém sabe ao certo o que faz dela tão especial. Alguns afirmam que é a cana-de-açúcar, que por ser plantada entre serra e mar tem um menor teor de sacarose, e isso faria o líquido mais saboroso. Outros dizem que é o frescor da cachaça nova, que não absorve as propriedades da madeira.
Verdade é que cachaça como a de Paraty não se encontra em nenhum outro lugar.
Colocando a cachaça no roteiro
Se está planejando uma viagem à cidade, definitivamente é preciso conhecê-la através de uns golinhos (ou golões) de cachaça artesanal. Hoje, seis alambiques produzem a bebida em Paraty, e em grande parte deles, os conhecimentos foram passados de pai para filho, ou de avô para neta. Uma vez ao ano todos esses produtores se juntam para realizarem o Festival da Cachaça, que reúne milhares de pessoas de sexta à domingo.
Mas não é preciso esperar pelo festival para desfrutar dessa maravilhosa bebida paratiense. Em todos os bares e em grande parte dos restaurantes, é possível provar a cachaça em uma dose ou em um drink, como no famoso Jorge Amado. No coquetel, mistura-se maracujá, limão, gengibre, gelo e Gabriela, uma aguardente composta de cravo e canela. É imperdível.
E o melhor jeito de desbravar a cachaça é indo nos alambiques espalhados por Paraty. É possível visitar todos eles, e assim conhecer a sua história e degustar as suas bebidas. Em alguns é necessário fazer agendamento prévio, como no caso da Maria Izabel, mas nos outro cinco é só chegar. Algumas empresas de turismo da cidade organizam tours que levam os turistas em diferentes alambiques em um só dia.
As produções são feitas em sítios ou fazendas, algumas com vista para o mar ou para a mata atlântica. Uns estão até colados em cachoeiras famosas da cidade. Turistar nesse ambiente vai além da vontade de beber cachaça. É conhecer a cidade e os seus encantos, é fortalecer e conhecer o passo a passo de uma tradição artesanal que dura mais de 300 anos e que sobrevive e que resiste apesar do mundo moderno.
Separamos os três alambiques com as melhores vistas para você conhecer em Paraty:
Corisco
O alambique do Raio, Corisco, é conhecido como o produtor da cachaça mais forte de Paraty. Comprado em 1978 por Aníbal Gama, é um dos alambiques mais tradicionais e rústicos da cidade. Sua produção artesanal chega a 30 mil litros em um ano bom, e sua cachaça tem um percentual de 46% de teor alcoólico. Para chegar, é preciso pegar a estrada Rio-Santos, sentido Ubatuba, e andar mais seis quilômetros na Estrada do Corisco. Uma das atrações, além da bebida, é uma grande roda d’água que faz funcionar a moenda de cana.
Maria Izabel
É a única mulher produtora de cachaça de Paraty. Desde 1997 quando começou a produzir sua cachaça, Maria Izabel desafia estereótipos e hoje faz um dos destilados mais reconhecidos do país. Sua pequena produção é a de apenas 10 mil litros por ano, o que torna suas safras tão especiais. Para chegar à belíssima fazenda é preciso pegar a estrada sentido Angra. Recebe poucas visitas e com agendamento prévio, por isso os grupos tem o privilégio de sentar olhando para o mar, apreciando a sua cachaça e ouvindo as histórias da própria Maria Izabel.
Engenho D’ouro
Nomeado em homenagem à Estrada do Ouro, que é onde fica a entrada do Sítio Penha, o alambique Engenho D’ouro é um dos menos em Paraty, com a produção média de 12 mil litros por ano. O alambique é chefiado por Norival Carneiro, que junto de suas irmãs cuidam do restaurante, do bar e da pequena fábrica de farinha, que também se encontram na propriedade. É um local construído no meio da mata atlântica, do lado do Poço do Tarzan, uma das cachoeiras mais visitadas da cidade.
Texto por Daniela Fescina
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