Não há dúvidas de que comida é cultura. Mas se quer conhecê-las a fundo, você precisa fazer um tour nos restaurantes de imigrantes em SP, a capital mais diversa do Brasil. Com pratos autênticos e bem preparados, os estabelecimentos são tradicionais e, ao mesmo tempo, inovadores, pois se reinventam para apresentar o melhor de seus países de origem.
São muitas nações dividindo o disputado espaço gastronômico de São Paulo, em especial os italianos e os orientais (do Japão, da Índia e da Síria, por exemplo), duas culinárias típicas que foram tomadas para si por empreendedores brasileiros. Embora existam muitas ofertas boas, considero fundamental voltar o olhar para as origens, ou seja, a comida de imigrantes, que nunca param de chegar por aqui.
Os restaurantes de imigrantes em SP nos aproximam do resto do mundo e das famílias que atravessaram o Atlântico. Não deixe de priorizá-los na sua listinha!
Restaurantes de imigrantes em SP
- Congolinária 🇨🇩
Av. Professor Alfonso Bovero, 382 — Sumaré ou Rua caquito, 251 — Penha
O Chef Pitchou Luambo não veio da República Democratica do Congo, em 2016, a passeio. Veio para inovar na oferta gastronômica paulistana, com a proposta de servir comida africana vegana, privilegiando ingredientes naturais ao invés de industrializados. No restaurante, hoje com duas unidades, serve pratos acessíveis, como o “Ngombe”, nhoque de banana da terra ao molho de shimeji e tomates frescos, e o “Mbika Ya Boulle”, bolinhos feitos a base de sementes de abóbora. A casa também vende congelados, petiscos, acompanhamentos, molhos e temperos.
- Saint Marie 🇱🇧/🇦🇲
Rua Dom João Batista da Costa, 70 — Jardim Taboão
Além de ser um dos melhores árabes da cidade, o restaurante também tem um dos chefs mais amados. Stephan Kawijian esbanja sorrisos e carisma, lançando até um dialeto próprio: o “fofoñol”, mistura de libanês, português, francês, espanhol. Filho de armênios, mas criado no Líbano, ele faz uma fusão de sabores na cozinha e inventou o kibe montado, oito andares de carne crua e refogada, tabouleh sem trigo e coalhada.
- Bawarchi 🇮🇳
R. Humberto I, 281 — Vila Mariana
Um sobrado simples na Zona Sul serve culinária indiana que já entrou em rankings de melhor da cidade. O chef Bhagwan Swin, de Mumbai, trouxe na bagagem não apenas a cultura, mas a experiência, adquirida em lugares como o restaurante do Consulado da Índia. Apesar do atendimento demorada em dias cheios, a comida é realmente deliciosa. O cardápio é extenso e com muitas delícias. Você pode optar pelo rodízio com ou sem proteína animal, ou pedir a la carte. Para se jogar nos sabores, algumas sugestões: Machilli Masala ( Salmão em cubos no creme masala), lassi de abacaxi (Iogurte caseiro batido com abacaxi) e Gajar Halwa, surpreendente doce de cenoura.
- La Tartine 🇫🇷
R. Fernando de Albuquerque, 267 — Consolação
Depois de passar por apuros na pandemia, o La Tartine segurou as pontas. Ainda bem! Este mágico cantinho romântico “escondido” perto da Av. Paulista serve culinária francesa a preços bem justos. O aconchegante bistrô foi fundado nos anos 1990 pelo músico e chef Zavié Le Blanc — nome abrasileirado para Xavier — , nascido no Norte da França. As quiches são fantásticas, assim como a carne ao vinho tinto. Sopas, saladas, peito de pato, steak ao molho e sobremesas entram no menu, que deixa a gente até indecisa com tanta oferta boa.
- Dare 🇰🇷
Rua Correia de Melo, 54 — Bom Retiro
Fundado em 2004 por uma família do ramo de restaurantes que veio de Seul, a capital da Coreia do Sul, o amplo restaurante ocupa um edifício de dois andares e tem três cozinhas. Ali tem almoço em estilo buffet, opções a la carte e churrasco ao estilo coreano. Os pratos incluem muita carne, bovina ou suína, anchova, óleo de gergelim, pimenta vermelha, legumes e arroz. Uma boa pedida é o Yuk-Huoe, carpaccio coreano de carne bovina com pêra asiática.
- Quinoa 🇵🇪
Rua Anhaia, 1044 — Bom Retiro
O peruano Fred Albert comanda o restaurante que destaca um dos principais ingredientes do país: a quinoa, superalimento conhecido como “grão de ouro dos Andes”, presente em vários dos pratos. Claro que não pode faltar o clássico ceviche, mas se quiser variar, vá de Pulpito Parrillero, macios pedaços de polvo grelhados com molho anticuchero da casa e chimichurri, servido com batatas flambadas na manteiga e tomate cereja. Lanches e cremoladas (raspadinhas de gelo com frutas) também aparecem no menu.
- Barsky Dom 🇷🇺/🇺🇦
Rua Apeninos 681 — Aclimação
Mais uma opção diferente e deliciosa para a lista de restaurantes de imigrantes em SP.O que esperar da união entre dois povos que atualmente vivem uma guerra? Se ajustar os pontos e temperar com compaixão, sai uma culinária muito especial, que chegou à São Paulo pelas mãos de Snizhana e Larissa, duas mulheres de origem russa-ucraniana. O agradável restaurante tem menu a la carte e buffet por quilo de comida eslava caprichada no almoço, ideal para experimentar as maravilhas dos países. É especialmente importante não deixar de lado o strogonoff, feito com coalhada, como pede os bons costumes. Os sabores surpreendem. A experiência é enriquecedora para todo mundo.
- Halim 🇱🇧
Rua Dr. Rafael de Barros, 56 — Paraíso
Foi em 1972 que a família Halim abriu as portas do tradicional restaurante, localizado no bairro industrial do Brás, que acolheu muitos imigrantes. Halim Sultan veio do Líbano, mas viu que os conterrâneos se concentravam em outra freguesia, incentivo para a mudança de endereço. A família até hoje segue servindo deliciosas esfihas, coalhada, cordeiro, charuto de repolho, entre outros pratos típicos, que também podem ser provados no menu degustação. Há ainda opções veganas como falafel, kibe de batata e esfiha de legumes.
- Carlino Ristorante 🇮🇹
Rua Epitácio Pessoa, 85 — Vila Buarque
Mas é claro que o restaurante mais antigo da cidade foi fundado por um imigrante italiano, nação volumosa em terras tupiniquins. Foi fundado em 1881 com base na cozinha Lucchese, proveniente da região Toscana, por Carlo Cecchini, que permaneceu no comando até 1949. Foi repassado a outros dois chefs italianos e mudou de endereço na década de 60, onde permanece até hoje. Para sair do óbvio, uma sugestão: Tagliolini verdi com salmon defumado, pimenta rosa, dill e raspas de laranja.
- Jerkys 🇯🇲
Rua Bento Freitas, 158 — Vila Buarque
O sabor da Jamaica também marca presença em São Paulo. O jamaicano André James largou a odontologia para servir comida caribenha aos brasileiros, em especial a culinária Jerk — que é o churrasco típico do país do reggae. O local, tão colorido quanto os estabelecimentos do Caribe, serve carnes temperadas na brasa, acompanhadas de arroz branco com feijão vermelho cozido no leite de coco, banana da terra frita, salada e purê. Veganos têm vez por ali, com abobrinha e beringela indo para a grelha. Já o famoso rum é incorporado a um creme denso, para beber, ou a drinks, como o Rum Punch.
- Amigo do Rei (Irã) 🇮🇷
Residência em Moema — apenas com reservas
A iraniana Nasrin Haddad Battaglia é anfitriã e cadbanou — chef de cozinha persa — no jantar de culinária típica servido em sua própria casa. A comida caseira perfuma a mesa, onde se sentam até 8 pessoas para uma noite cultural temática e intimista, que acontece de quarta à sábado, das 20h às 23h. Custando R$ 170 por pessoa, o menu inclui entrada, prato principal (duas opções a escolher) e sobremesa. Um dos destaques é o Kashk-e Bademjan, beringelas com tempero a base de leite, açafrão, azeite aromático, cebola e nozes.
- Restaurante Acrópolis 🇬🇷
Rua da Graça, 364 — Bom Retiro
Desde 1959, a região do Bom Retiro caia nas graças de um grego simpático e muito ativo: Thrassyvoulos Georgios Petrakis, conhecido como seu Trasso. Ele viveu bem até seus mais de 90 anos, mas deixou o Acrópolis como legado e patrimônio da cidade. A casa com ares de boteco grego serve salgados e pratos tipicamente mediterrâneos bem preparados, como o polvo a vinagrete, a vitela e o risoto de frutos do mar. Não há desculpas para não ir: está aberto todos os dias, das 7h30 às 18h.
Foto: divulgação
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