Quem conhece o Rio Grande do Norte apenas pelas praias e passeios nas dunas, precisa visitar o Lajedo de Soledade. Lá, diferentemente do litoral, você vai encontrar a história cravada nas pedras – literalmente.
A cerca de 370 km de Natal, e a 80 km de Mossoró, esse sítio arqueológico é um dos mais importantes do Brasil. Pinturas rupestres de mais de 5 mil anos, mini cânions com até 15 metros de profundidade e uma das maiores exposições de rocha calcária do mundo: isso é o Lajedo de Soledade.
A história do Lajedo de Soledade
O Lajedo de Soledade está localizado na Chapada do Apodi. Há 50 anos, entretanto, esse espaço tinha destaque apenas para a extração de pedra calcária, utilizada na fabricação de cal para calçar as ruas da cidade de Apodi. Ou seja, o valor científico, histórico e cultural das áreas rochosas – chamadas Urubu, Araras e Olho D’água – não era reconhecido. Isso, inclusive, quase destruiu todo o sítio.
No início da década de 1990, a Petrobrás realizou uma expedição ao sítio arqueológico e à comunidade que vivia nas proximidades. Na visita, integravam geólogos, arqueólogos e ambientalistas que descobriram no local um verdadeiro legado histórico, cultural e natural.
A partir de então, houve uma grande movimentação da Petrobrás com personalidades influentes da cidade de Apodi, para que houvesse a preservação do sítio. Depois de conversas e ajustes, a parceria foi firmada.
Hoje, o resultado disso é a Fundação dos Amigos do Lajedo de Soledade (FALS). Após o lançamento da fundação, outros incentivos foram criados para incentivar o desenvolvimento turístico-histórico da região. Alguns dos exemplos são: o treinamento de guias-mirins, delimitação de áreas, criação de trilhas e a construção de um centro de pesquisa e visitação – agora conhecido como Museu do Lajedo de Soledade.
Museu do Lajedo de Soledade: o início da sua jornada pelo sítio histórico
Aberto de terça a domingo, o museu é o ponto de partida para as excursões guiadas. Lá, é possível encontrar os guias da região e marcar um horário e um valor para a visita ao sítio arqueológico.
A entrada no museu custa R$7,00, e lá é possível encontrar painéis fotográficos, maquetes e utensílios de pedras usados pelos índios que habitavam a região. Na lojinha do museu, você vai conseguir levar um pouco da história pra casa através das camisetas com as inscrições rupestres e peças em argilas confeccionadas pelos artesãos locais.
Quando o mar virou sertão
As formações rochosas que hoje compõem o Lajedo de Soledade datam de 90 milhões de anos, quando os continentes africano e sul-americano ainda estavam unidos. E o que antes era um mar de águas rasas, hoje se transformou na maior exposição de rocha calcária do país, com cavernas e fendas repletas de pinturas rupestres.
Além disso, devido ao espaço já ter sido o fundo do mar em tempos remotos, foi possível encontrar animais marinhos fossilizados, como ostras, caramujos, estrelas e ouriços-do-mar. E mais: com o recuo da água, mamíferos passaram a viver no local, o que possibilitou a descoberta de dentes e ossos soltos ou cimentados de animais como preguiças e tatus gigantes, cavalos, porcos, mastodontes, tigres-dente-de-sabre e outros animais já extintos.
Pinturas rupestres
Apesar dos encantos da história do mar que virou deserto e dos fósseis que datam de milhões de anos, o que chama mais atenção no Lajedo de Soledade são as pinturas rupestres. Lá, é possível encontrar grafismos puros e alguns zoomorfos, vistos somente em determinadas partes do solo e das paredes.
Segundo os pesquisadores, as pinturas rupestres encontradas no local, provavelmente foram feitas por seres humanos que habitavam a região, sem vinculação com as tribos de outros espaços.
Uma curiosidade interessante é que as pinturas foram feitas em lugares muito específicos e delimitados, e com algumas temáticas específicas. Isso levou os historiadores a levantarem a hipótese de ter sido um lugar ritualístico, já que nas demais formações rochosas da região no entorno do sítio arqueológico não existem outros registros rupestres. Por isso, é possível que os autores das pinturas e gravuras tivessem motivos especiais para a escolha do lajedo para as pinturas.
Durante o seu passeio guiado, tudo isso será trazido com ainda mais detalhes. E o melhor vai ser o guia tentando desvendar, junto com você, o significado de cada pintura! Quando estiver lá, permita-se voltar no tempo e se deixar levar pelo lado místico das formações rochosas e das pinturas na pedra.
A melhor opção para chegar até Apodi, e de lá visitar o lajedo, é partir de Mossoró pela BR-405. De Mossoró, são 73 quilômetros até a entrada para Soledade e de lá mais sete quilômetros até o Lajedo. Encontre aqui hospedagem em Mossoró.
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Programe-se para visitar o Lajedo de terça a domingo, das 8 às 17 horas, que são os horários disponíveis para os guias. Se você pretende ir em grupo, ou em casal, não se preocupe. As visitas costumam ser de até 15 pessoas e é cobrada a taxa de R$ 50,00 do trabalho do guia na condução e acesso ao sítio arqueológico.