O mundo sempre serviu de cenário para as artes. Mas a nova série da Netflix: “Curon”, foi gravada num lugar bem inusitado: um vilarejo submerso na Itália. A comuna de Val Venosta, na região de Tirol do Sul, acabou ficando coberta por água, despertando a curiosidade dos visitantes.
Fazendo fronteira com a Áustria e a Suíça, a província de Trentino Alto Ádige já chama a atenção pelo idioma: se ouve mais alemão do que italiano pelas ruas. O lado bilíngue tem origem no nazismo que se alastrou por Adolf Hitler.
Acontece que após a Segunda Guerra Mundial, a pequena cidade alpina foi demolida e inundada devido a junção dos lagos di Resia, Curon e San Valentino alla Muta, que formariam a partir de então uma represa artificial maior, capaz de gerar energia elétrica. O que sobrou nas profundezas foram as antigas fundações e uma única construção, mantida de pé há mais de 700 anos.
Na época, os moradores ficaram revoltados e chegaram a convocar até mesmo o Papa para que interrompesse as obras. Não deu certo.
A surpresa que se revela é a torre da igreja romana, que emerge das águas e se tornou o lugar mais fotografado de Val Venosta, também chamado de Vinschgau. Foi restaurada em julho de 2009 como monumento histórico da região. A restauração do edifício foi tão trabalhosa que exigiu até um pouco de drenagem da água.
A temporada de inverno costuma ser animada por ali, quando a paisagem ganha camadas de neve e uma estação de esqui é montada. É neste período gelado que as pessoas aproveitam para se aproximar da torre e ver todos os seus detalhes. Mantendo vivas as lendas locais, alguns moradores dizem ser possível “ouvir o sino” tocando, mesmo que tenha sido removido.
Nas proximidades do campanário do século 14 se formou a nova comuna, que hoje conta com pouco mais de 2 mil habitantes em 210 km². Rodeada pelos alpes, a região conta com paisagens de tirar o fôlego, tão perfeitas que parecem ter saído de um conto de fadas.
O turismo está ligado à atividades no lago di Resia, como passeios de barco e veleiro. As trilhas se destacam, seja a pé ou de bike. A rota Via Claudia Augusta é popular entre os ciclistas, que percorrem 80 km em meio à exuberante natural local e vilas medievais.
Outra opção, para ser realizada também de carro, é seguir a estrada montanhosa mais alta da Itália, atravessando o Parque Nacional Stelvio, que é um paraíso para aventureiros.
Os passeios ao sul de Tirol podem acontecer de trem, pela ferrovia Vinschger Bahn, uma das mais modernas da Europa. As janelas panorâmicas revelam inúmeros encantos ao longo de 60 km de extensão de trilhos, passando pelo castelo Schloss Kastelbell e pelos blocos de mármore de Lasa, matéria-prima exportada para o mundo todo.
As vinícolas são mais um atrativo regional. A produção, geralmente em pequena escala, é bem variada devido as condições de temperatura e altitude, mas o vinho branco se destaca.
Vilarejo submerso da Itália vira série
A produção italiana de terror “Curon” tem sete episódios e foi lançada dia 10 de junho na Netflix. A série dirigida por Fabio Mollo e Lyda Patitucci conta a história de Anna (Valeria Bilello), que volta para Curon, sua cidade natal, com os filhos gêmeos adolescentes, Mauro (Federico Russo) e Daria (Margherita Morchio).
Quando a mulher desaparece misteriosamente, os jovens precisam iniciar uma viagem que lhes revelará segredos escondidos na aparente tranquilidade da cidade. Curon Venosta também é retratada em um livro lançado recentemente no Brasil, “Daqui não saio”, de Marco Balzano.
A partir de uma longa carta da professora-camponesa Trina para sua filha, Márica, o romance conta a história de resistência do povoado contra o fascismo de Mussolini, o nazismo de Hitler e a ameaça da represa.
Minha gente, isso que está escrito aqui não tem nada a ver:
“Fazendo fronteira com a Áustria e a Suíça, a província de Trentino Alto Ádige já chama a atenção pelo idioma: se ouve mais alemão do que italiano pelas ruas. O lado bilíngue tem origem no nazismo que se alastrou por Adolf Hitler.”
O lado bilíngue tem origem no fato que a Itália como país é relativamente novo, antes várias partes do país ou eram países independentes ou pertenciam a outros países. A região do Tirol onde essa cidade está situada fazia parte do Império Austro Húngaro, onde se falava alemão principalmente.
Em 1920 a região foi divida entre Áustria (metade do Tirol é de lá) e Itália e ratificados depois da segunda guerra.
Nazismo não tem nada a ver com o fato de muita gente falar alemão por lá. A coisa é muito mais antiga.
As fotos estão ótimas, só façam pesquisas históricas melhores.