“Sem álcool, com relaxamento”. É assim que um bar em Paris define seus drinks a base de CBD, ou cannabidiol, componente da maconha, preparados sem ou com baixas doses etílicas na composição, seguindo uma nova tendência no mundo da coquetelaria. O Rehab Saint-Honoré é o primeiro na França a lançar o conceito de bebidas relaxantes.
O abuso de álcool e, noites consequentemente pouco saudáveis, é uma das premissas para as criações alternativas que vêm desafiando barmans a irem além do básico coquetel de frutas. Para quem não sabe beber de forma responsável ou não desfruta os passeios sem etílicos, a modalidade pode ser um convite à novas experiências de lazer noturno e socialização.
Noite sem ressaca: no Rehab os coquetéis são baseados em substitutos saudáveis do álcool, mas com a promessa de serem igualmente agradáveis
Ao descer uma escada de metal em espiral, os visitantes descobrem o bar atrás de uma porta espelhada do restaurante Le Comptoir du Chantier. O novo “porão” do luxuoso hotel Normandy Le Chantier faz a linha speakeasy, termo de 1920 designado a bares que driblavam a Lei Seca norte-americana e, portanto, se escondiam entre subsolos e sussurros para não serem descobertos.
O ambiente é carregado de referências à Belle Époque e à sofisticação rococó parisiense: vigorosos lustres de cristal, cortinas, tapetes, espelhos dourados, muito veludo, livros antigos e paredes descascadas, para dar um ar cool. A inspiração fica entre os bourdoirs (sala privativa onde as mulheres ficavam), as farmácias e casas de ópio do final do século 19, segundo descrição do próprio bar.
É dentro deste universo intimista que surgem os hocktails — ou high cocktails — , nome que a casa dá para “preparações que produzem certos efeitos desejados álcool, mas sem as desvantagens”, de acordo com descrição própria do bar em Paris. Isso se traduz nas receitas com cannabidiol, componente derivado da cannabis sativa, cientificamente reconhecido por suas propriedades benéficas à saúde.
A carta de drinks do Rehab também faz uso de energéticos e sementes de cânhamo, as mesmas que dão origem à planta da maconha, consideradas super alimento devido a abundância de nutrientes. São consumidas in natura ou em óleo.
Confira abaixo algumas opções do bar, com preços de 14 a 16 euro:
Brown Sugar: palo santo + coco + limão + blend de rum da casa
Neapple Junkie: vermouth de abacaxi + angostura + whisky + CBD
Grape Parfait: infusão de vinho + grapefruit + semente de cumaru
Pink Morning: suco de limão + xarope de amêndoas + aguardente de cidra + CBD
O enxuto menu de comidinhas mantém a mesma faixa de preço, com combinações variadas em tábuas de corte. Os veganos têm como opção a La Cagette du Jardin (€ 16), com pepinos, cenouras, rabanetes, tapenade e couve-flor à milanesa. Já os vegetarianos podem gostar da La Cremière (€ 16), uma seleção de queijos de origem europeia.
As demais tábuas agradam os carnívoros. A La Carnivore (€ 16) mistura embutidos variados, como presunto serrano, chouriço e salame curado, enquanto a La Pêcheur (€ 16) dá preferência ao peixe, no caso o salmão norueguês defumado, acompanhado de creme de endro, creme de rabanete, pão campestre e salada verde.
É seguro ingerir CBD?
Geralmente utilizado em forma de óleo, o CBD está presente em tratamentos medicinais, produtos de beleza e até em água com gás. Diferentemente do tetrahidrocanabinol (THC), este elemento canabinóide não é psicoativo, portanto não altera a consciência sensorial ou o comportamento de quem o consome.
Dependendo da dose, o CBD resulta apenas numa sensação de relaxamento, reduzindo a ansiedade, os impactos da depressão, aliviando dores, entre outras coisas. É um composto seguro, sem efeitos colaterais negativos significativos, vendido legalmente em diversos países.
Mas atenção: o CBD é contraindicado para pessoas grávidas e ainda não há conclusão científica em relação às que amamentam. Se for ao bar, basta pedir os coquetéis sem o componente.
Como chegar no bar em Paris
O Hotel Normandy e o bar Rehab ficam na 7 rue de l’Echelle, 75001 – Paris. É praticamente colado no Arco do Triunfo e no Museu do Louvre. Funcionamento: de terça a sábado, das 18h às 2h.