Lojas de discos, intervenções de arte urbana pelas paredes centenárias, bares com cara de boteco, brechós, floristas, cantinhos verdes e vielas românticas. Assim é Rione Monti, o bairro descolado de Roma, pertinho do Coliseu e do Fórum Romano. Nas duas últimas décadas se transformou em um dos lugares mais cobiçados da capital italiana.
O bairro passou por uma longa reorganização urbana a partir de 1930, indo de subúrbio esquecido ao hype, juntando harmonicamente o legado antigo e o contemporâneo. De veia artística, se tornou palco para a moda e as artes, atraindo intelectuais de alma sensível que adoram perambular entre os edifícios históricos, muitas vezes cobertos por vegetação. O cenário pitoresco realmente cai como uma luva para quem precisa de inspiração.
Apesar de estar no miolo da Cidade Eterna, o “rione” se mantém escondido, longe dos holofotes.
Com o tempo acabou caindo também nas graças de jovens empreendedores e turistas em busca de gastronomia de qualidade e alguma agitação noturna. Não por acaso há muitas enotecas, que são um convite para o aperitivo – como é chamado o happy hour na Itália – espalhadas pelas antigas ruas de pedra. Na Via del Boschetto existe tanto restaurante por metro quadrado que fica difícil escolher em qual ir.
Marcante, a boêmia é sempre relembrada, seja nas mesas na calçada ou dentro de sofisticados bares. Foi em 1895 que a adega Ai Tre Scalini abriu as portas, atraindo especialmente os forasteiros e monticianos, da região da Toscana. Acumularam-se muitas histórias e inúmeras taças de vinho. Segue até hoje com 300 rótulos na carta, além de comidinhas para acompanhar.
Conhecida por toda a cidade, a padaria e pizzaria Antico Forno dei Serpenti tem atmosfera retrô e uma porção de delícias a base de muito carboidrato! Pães variados, biscoitos, vinhos e antepastos forram as vitrines da casa, que também prepara pizzas.
Igualmente charmoso é o Cafè Bohemien, um misto de galeria de arte, café, bar, acervo vintage e espaço de eventos localizado na Via Degli Zingari; e o La Casetta, que parece ter saído de um conto de fadas. Este endereço também esconde um segredo muito bem guardado, mas a gente revela aqui!
Já o bistrô Cipasso, muito bem cotado em sites de avaliação dos próprios clientes, é mais sofisticado. Pequenino e aconchegante, serve pratos baseados nas culinárias italiana e mediterrânea, com opções vegetarianas, veganas e sem glúten no menu. A seleção de vinhos é extensa, favorecendo todos os paladares na hora de escolher uma opção.
Uma ideia bacana para mordidas mais naturebas é ir ao Aromaticus, um misto de loja de produtos naturais, com juice bar e mini fazenda urbana. Você pode comer uma salada ao mesmo tempo que sente o cheio de ervas aromáticas colocadas à venda.
Seguindo os passos da boa gula, o restaurante Per Me, do chef Giulio Terrinoni, está entre os melhores de Roma segundo a crítica especializada. Com base na alta gastronomia, tem como foco a valorização da pesca selvagem, que pode ser apreciada na opção ‘Sea Rythms’: são quatro pratos à escolha do cliente por €85.
Para os caçadores de tendências, saiba que Ami Poke é o atual restaurante da moda e se coloca como o primeiro bar havaiano da Itália. Localizado na praça Madonna dei Monti, serve o prato de origem do Havaí, a base de peixe cru, arroz, abacate, coco, entre outros ingredientes.
Muita coisa no distrito gira em torno da charmosíssima praça Madonna dei Monti, que tem uma fonte bem ao centro, desenhada pelo renomado escultor e arquiteto local Giacomo della Porta, o mesmo responsável pela igreja Santa Maria ai Monti, erguida em 1580 no estilo Barroco.
Passar um tempinho por ali observando o movimento e degustando uma casquinha da Gelateria dell’Angeletto é um bom exercício para sentir o bairro. Aliás, essa cena acontece com certa frequência. A praça é realmente o centro da vida social da região, uma área de convivência.
Essa cantinho romano também resguarda um grande tesouro arquitetônico e religioso: a Basílica de Santa Maria Maggiore, uma das quatro igrejas papais do país. Construída no século 17, é a única a ter preservado a estrutura primitiva paleocristã.
Um dos pontos mais chamativos do distrito são as escadarias, a scalinata di Trinità dei Monti e a Scalinata dei Borgia, coberta por um manto verde de vegetação. A planta da espécie Hera permeia boa parte da ponte de características medievais e renascentistas. O caminho leva os turistas até a famosa estátua “Moisés”, de Michelangelo, dentro da Igreja de San Pietro in Vincoli.
O nome foi dado em homenagem à família Borgia, que migrou da Espanha para a Itália em 1455 devido a eleição do então novo papa Alexandre VI, famoso por colecionar muitas amantes em suas relações clandestinas. Diz a lenda popular que uma delas viveu por ali. Será?
O passeio cultural pode seguir rumo ao Palazzo delle Esposizioni, a maior área de exposições interdisciplinares no centro de Roma, com três pisos dedicados à mostras e eventos temporários. Além disso, conta com cinema, auditório, ateliê de arte, livraria, café e restaurante. Sim, dá para passar horas lá dentro!
Lembre-se de anotar na agenda algum evento legal da semana no Black Market, uma associação cultural bem cool, que promove mostras de arte, apresentações musicais, acústicos e concertos. Conta com drinks e cozinha, incluindo opções veggies e veganas.
Na hora das compras, os jovens sempre recorrem aos brechós, em especial ao Pifebo Vintage, que tem paredes vermelhas inconfundíveis. A loja tem peças mais novas, especialmente de marcas norte americanas, e também das décadas passadas, mas com aquela cara de moderninha, incluindo vestidos, bolsas, óculos de sol e sapatos.
Outra opção é a King Size Vintage, que tem em seu acervo um recorte dos anos 1940 a 1990. A boa notícia de garimpar na Itália é a chance de encontrar relíquias de grifes como Versace e Dolce & Gabanna. No Flamingo Vintage Shop há uma série de preciosidades de época, bem estilosas e em ótimo estado de conservação.
Quem adora garimpar novidades precisa incluir no roteiro o Mercado Monti, que acontece sempre aos sábados e domingos. Além de brechós, designers e estilistas em ascensão se concentram nessa feira animada, que é a cara de Rione Monti, a perfeita junção em o novo e velho.
Inclua uma parada na Fondaco, um espaço múltiplo que expõe e vende obras de arte, design do século 20, mobília, acessórios decorativos, livros, roupas, joias, comida e música. É daquelas lojas com uma bela curadoria, das quais você pode entrar para fuçar à vontade.
Por fim, mas não menos importante, passe no Mercado Rionale, na Via Baccina, o primeiro mercado histórico da cidade. É um lugar bem tradicional, onde se garantem frutas, verduras e massas frescas, carnes, peixes, alimentos a granel e pratos prontos que facilitam a vida da viajante. Dá para incluir na sacola algum presente ou souvenir que deixarão a saudade de Monti um pouquinho menor.
A rua e essa casa na Via dei Neofiti apareceu no filme Para Roma com Amor, de Woody Allen
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Onde ficar em Rione Monti
Como chegar em Rione Monti
Existem voos diretos no eixo Brasil-Itália, em grande parte operados pela Alitalia. Ao desembarcar em um dos aeroportos, Leonardo da Vinci ou Ciampino, basta seguir rumo à Rione Monti por três principais percursos:
- Trem sentido Laurentina e descendo na estação Cavour;
- Metrô sentido estação Colisseo;
- Descendo no terminal e andando por 1 km pela Via Nazionale ou Via Cavour.
- Ou você também pode alugar um carro assim que chegar no país!
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