Existem três sugestões certeiras quando alguém tenta adivinhar a sua próxima viagem: praia, montanha ou cidade. A resposta para a pergunta pode ser “nenhuma”. Ao desbravar os labirintos do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Minas Gerais, você vai descobrir um mundo subterrâneo entre rochas que foram habitadas a centenas de anos atrás.

Entre os municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões está a unidade de conservação de 56.400 hectares, que engloba formações rochosas colossais, grutas, monumentos geológicos, arte rupestre pré histórica e sítios arqueológicos milenares, importantes até mesmo fora do país, além de um rico ecossistema. No total, são 180 cavernas catalogadas.

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O clima predominantemente quente judia na hora dos passeios, especialmente em tempos de umidade baixa, de maio a outubro.

A época de chuvas, de novembro a abril, colabora com o verde da mata, que perde totalmente suas folhas no verão de 40 graus. É comum que incêndios aconteçam ao redor da unidade devido a alta temperatura.

Parque Nacional Cavernas do Peruaçu

Foto: Fernando Tatagiba

Aberta à visitação (agendada previamente) de domingo a domingo, a Área de Proteção Ambiental oferece algumas trilhas aos aventureiros de plantão, que devem ser acompanhadas por condutores ambientais treinados e credenciados pelo ICMBio (consulte-os aqui). A contratação do guia é por conta dos turistas.

A maior delas é a trilha do Arco do André, com 8 km de extensão e cerca de 7 horas de duração ida e volta, dependendo do condicionamento físico de cada um. Os trechos íngremes do percurso, aberto com menor intervenção, redobram os esforços. A paisagem une traços do Cerrado e da Caatinga, bioma que acaba brotando espécies endêmicas, inclusive ameaçadas de extinção como o lobo guará, a onça parda e o gato palheiro, além de 250 tipos de aves, plantas com potencial fitoterápico e alimentar.

A principal atração do percurso são os mirantes das Cinco Torres e do Mundo Inteiro, que proporcionam vistas inesquecíveis. O rio Peruaçu, que deságua na bacia do rio São Francisco, flui dentro das cavernas Troncos e Cascudos, deixando suas águas esverdeadas serem o reflexo das rochas carbonáticas de calcário. O Arco do André é uma bela composição natural arcada, que mais parece um portal para outra dimensão.

Foto: Wikimedia

A menina dos olhos do complexo geológico é a Gruta do Janelão, que presenteia os visitantes com salões monumentais, enormes dolinas, espeleotemas e a Perna de Bailarina, a maior estalactite do mundo. Com tamanha grandiosidade, é fácil notar o quanto os seres humanos são quase insignificantes diante da magnitude natural.

A história primitiva do Vale, datada de até 9 mil anos atrás, tem um lugar especial para exposição: nos paredões da gruta, sem retoques, estão os desenhos que traçam um bocado da jornada dos antigos habitantes da região.

Para chegar até lá o trajeto é mais curto, com cerca de 4,8 km no total, resultando em umas 5 horas de duração para ir e voltar.

Uma opção para ir se aprofundando ainda mais na arte rupestre é seguir 1,3 km rumo à Lapa do Caboclo, que reúne uma grande coleção de pinturas em estilo Caboclo, exclusivas do Vale e descobertas primeiramente nessa região. Na Lapa do Carlúcio está uma gruta que teve seu teto despedaçado por desabamento e mirantes que revelam os detalhes da vegetação local, um misto de mata seca e rupestre, repleta de cactos.

É bom recarregar as energias para encarar o Caminho da Lapa do Rezar, onde se preservam em ótimo estado algumas pinturas e gravuras pré históricas, além de um grande salão com variados espeleotemas dispostos ao encantamento público.

Foto: Fernando Tatagiba

Apesar de ter apenas 2,4 km de extensão, o percurso é um dos mais intensos do parque, com 500 degraus para subir e descer. Os esforços são recompensados quando se avista o cânion do rio que dá nome ao parque, um cenário bonito de se ver.

Quem quiser pegar mais leve na caminhada pode margear o rio para ir até a Lapa dos Desenhos, um atrativo muito interessante pois mostra diferentes técnicas, estilos e pigmentos originários do Vale, utilizados nas figuras das paredes. Também se observam colunas, estalactites, estalagmites, travertinos e escorrimentos. São cerca de 2h20 de percurso ida e volta.

Na Lapa do Boquete está o mais importante sítio arqueológico da unidade, com verdadeiros tesouros das antigas civilizações. Entre os objetos de estudo da área de escavações estão alguns sepultamentos e um silo pré histórico – estrutura de armazenamento de alimentos. A trilha tem apenas 1,2 km de extensão, sem grandes desafios.

Agora mais fácil ainda é ir até a Lapa Bonita, acessada por um caminho de 1,5 metros. Como sugere o nome, é uma das mais ornamentadas do parque em seus salões e galerias. Na mesma direção está a Lapa do Índio, com curiosos painéis de ilustrações rupestres cobrindo não apenas a parede como o teto. O dia pode terminar, ou começar, no mirante do lugar, que tem vista privilegiada para a Gruta do Janelão e os entornos do Centro de Visitantes.

Onde ficar

Em meados de 2010 o Parque enfim firmou um acordo com o Ministério Público Federal para que recebesse infraestrutura turística, a fim de acolher melhor os visitantes. A empreitada deu tão certo que os números não param de subir e surpreender: foram recebidas apenas 600 pessoas ao longo de 2014; já em 2017, o total foi de 7 mil.

Assim, os restaurantes e as hospedagens regionais foram ganhando fôlego, se concentrando em Itacarambi, Januária e na própria comunidade do Fabião, localização exata na unidade de conservação.  Abaixo você encontra algumas opções que podem te atender:

Como chegar

o Parque Nacional Cavernas de Peruaçu tem entrada na Comunidade do Fabião I, Januária, mais precisamente no km 155 da BR 135. Está quase na fronteira com a Bahia, ou seja, entre Norte e Nordeste.

Quem vai de ônibus pode embarcar direto em Brasília, Belo Horizonte ou Montes Claros rumo a Itacarambi ou Januária.

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O aeroporto mais próximo é o de Montes Claros, a 200 km da entrada do parque. Os voos partem de Confins e, ao chegar no destino, é possível pegar um ônibus até as cidades mais próximas.

Lembrando que o parque funciona das 08h às 18h, porém a entrada é liberada somente até as 15 horas, portanto é preciso chegar cedo.

Quanto custa: não há taxa de entrada, mas para ingressar no parque é necessário ter autorização por e-mail e a contratação de um condutor credenciado confirmada. O valor varia de R$ 30 a R$ 270, dependendo da quantidade de pessoas e comodidades inclusas.

Você pode solicitar o agendamento através do endereço eletrônico [email protected], devendo encaminhar o formulário de solicitação de agendamento preenchido.

Para participar do Programa de Voluntariado do parque, saiba mais aqui.

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4 comentários

  1. Muito boa a reportagem com dicas para nos protegermos corretamente assim como para preservarmos esse parque lindo.

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