O vale que guarda boa parte da riqueza e da cultura de Portugal atravessa uma das maiores cidades do país, que tomou desse acidente geográfico seu nome. Partindo desde o Porto, a tal cidade grande cortada pelo poderoso rio Douro, pode-se escolher duas direções: o leste, a caminho da Espanha, ou o oeste, para onde correm as águas ao encontro do oceano. Para qualquer lugar para onde se parta encontram-se dezenas de encostas que guardam vinhas e cavas que produzem o vinho do Porto, especialidade local sem par no mundo.
Vista da cidade do Porto a partir do rio Douro. Foto: Berit Watkin
Embora existam outras variedades de vinho fortificados, só os forjados na região do Douro podem ser chamados de vinho do Porto. Esse vinho não tem fermentação completa, ou seja, o processo é interrompido ainda em seu início para a adição de uma aguardente vínica, que acentua o sabor e “adoça” a bebida, acompanhamento excelente para queijos, frutas secas e sobremesas variadas.
Degustação de vinhos do Porto no Solar do Vinho do Porto. Foto: Naiserie
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O cultivo das vinhas remonta aos tempos que os romanos ocupavam a região, nos idos do século 1 d.C. Já em meados do século 14, a produção local tornou-se tão grande que o Porto começou a vendê-la para mercados externos, escoando seus produtos pelo rio Douro. Hoje, tal saber ancestral define o povo local, que por gerações trabalhou experiências e conhecimento e fez do vinho seu símbolo, a maior fonte de renda do Douro.
É possível ver e conhecer os vinhedos cruzando as estradas regionais ou em um barco de cruzeiro, que flana por sobre o Douro a partir da cidade do Porto. Cruzando o rio de norte a sul, no entanto, se observa as melhores vistas, um horizonte deslumbrante entre uvas e vilinhas. Muitos cruzeiros chegam até a Miranda do Douro, na região de Bragança, onde o rio adentra Portugal vindo da Espanha. Na Barca de Alva, bem perto dali, há que se visitar o Parque Natural do Douro Internacional, que se divide entre os dois países ibéricos. Também nas proximidades, o Alto Douro Vinhateiro é a mais antiga região vinícola demarcada do mundo, modificada para sempre pelo homem, que inclinou ainda mais as terras e as voltou para sol, que dá as uvas, o ano todo, o calor que elas precisam para se desenvolver.
Embarcação no rio Douro, em Miranda do Douro. Foto: Javier Habladorcito
No extremo oposto de Miranda, quase no Atlântico, fica Vila Nova de Gaia, cidadela onde grande parte da produção local envelhece. Entre as duas cidades, no centro-norte do país, está a vila do Peso da Régua, que guarda o Museu do Douro, um espaço interessante, que conta a história local de margem a margem — a entrada para não residentes sai por 6 euros. A apenas 15 km dali (percurso fácil para quem está de carro) fica Lamego, cidade imperdível e simpática do norte, onde fica o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, construção barroca que data do fim do século 18.
O Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego. Foto: Arian-Zwegers
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