Quem curte um rolê etílico levanta a mão! Um dos posts mais famosos do blog é a Rota da Cerveja, com vários endereços bacanas para cervejeiros curtirem adoidado! Agora é a vez dos apreciadores da bebida dos deuses, fazerem a festa. Descubra a nossa Rota do Vinho, com destinos de enoturismo que vão da América do Sul à Oceania.
Procure agendar a viagem quando começam as colheitas, chamadas de vindimas. Se vai à Europa, prefira os meses de setembro e outubro; na América do Sul, fevereiro e março; na África do Sul de janeiro a março; na América do Norte agosto a outubro (Califórnia) ou setembro a novembro; e por fim, na Oceania, entre fevereiro e março.
Seja degustando novas uvas com famílias produtoras, fazendo cursos, percorrendo enormes vinícolas ou bebendo vinhos locais em adegas, existe sim um destino que vai despertar seu lado mais enólogo.
França
A região da Borgonha já é figurinha marcada para quem busca por vinhos de qualidade, com degustações de ponta à ponta. Ali vivem algumas das vinhas consideradas as mais importantes do mundo, como Chassagne-Montrachet e Gevrey-Chambertin.
Bordeaux não fica atrás, com a diferença de que em suas fronteiras são produzidos os rótulos mais caros, incluindo o tinto Château Haut-Brion, que chega a custar US$ 1.266. De lá também sai o melhor vinho doce da França, Château D’Yquem, que já foi saboreado por figuras importantes como Júlio Verne e Fiódor Dostoievski. Foi nessa região onde definiram as classificações Premier Cru, Cru Classé e Grand Cru para vinhos. É lá onde foi instalado o Museu do Vinho, que falamos aqui.
Na costa mediterrânea está Languedoc, a maior região produtora de vinhos do mundo. Suas paisagens, que se dividem entre montanhas, costas, desertos e cidades vibrantes, servem de contemplação para quem aprecia frutos do mar e queijos acompanhados de um bom vinho das grutas de Roussillon.
A região de Champanhe, em Reims, está a 45 minutos de Paris e abriga em torno de 5 mil fabricantes, como dos luxuosos Dom Pérignon e Veuve Clicquot.
Portugal
O país é mais conhecido pelo chamado vinho do Porto, que sai do vale do Rio Douro, região norte. Passando por pequenos produtores à grandes vinícolas, enólogos se reúnem para acompanhar o brotamento das videiras entre março e junho, ou a colheita no mês de setembro.
Aproveite a ida às terras lusitanas para ir até Braga, conhecida por produtos frescos, incluindo vinho Verde, o que a torna um dos principais destinos portugueses para apreciadores da bebida. Guimarães também deve se incluir no roteiro.
Espanha
A região de La Rioja é tipo uma Bordeaux, só que ao Norte da Espanha. Com belíssimas paisagens, concentra mais de 500 adegas e é considerada a melhor região vinícola do país pela mídia especializada. É de lá que sai a uva Tempranillo, que ocupa 75% do território, trazendo fama para os vinhos espanhóis.
Existem diversas Rotas do Vinho para percorrer: Bullas, Jumilla, Navarra, Somontano, Requena, Cigales, Cariñena, entre outras, cada uma delas com suas especialidades, enotecas e vinhas. Aproveite para conhecer a Rota do Vinho de Rioja Alta, passando pelas bodegas Carlos Moro, Roda, Puelles, Goméz Cruzado e muitas outras.
Na cidade de Haro, capital da Rioja, acontece uma guerra de vinho tinto com uso de pistolas d’água. É a divertida “Batalla del Vino”, que acontece no mês de junho e reúne uma porção de gente vestida de branco, pronta para atirar a bebida dos deuses. Também acontece anualmente o Carnaval del Vino, um baile inspirado em Baco – o Deus do vinho.
Itália
Com paisagens de tirar o fôlego, a Itália também é um destino propício para o plantio de uva. A região da Toscana está entre as mais conhecidas nessa produção, incluindo canaiolo, malvasia, trebbiano e sangiovese em suas bebidas, como Brunello de Montalcino, do século 18. São mais de 7 mil vinhedos que vão de Livorno até Lazo, passando ainda por Florença e Siena.
Logo ao lado de Toscana está Umbria, conhecida como “coração verde da Itália”. O nome não vem à toa, já que ali se espalham vinhas e olivais em 16 mil hectares, responsáveis por deixar turistas apaixonados pelo país. Produzindo 100 milhões de litros de vinho anualmente, a região exporta uvas como Grechetto, Pinot Noir e Chardonnay. Visite as vinícolas de Colli Martani, Colli Altotiberini, Colli Perugini, Colli del lago Trasimeno, Torgiano, Colli Amerini e Orvieto.
O mesmo acontece em Puglia, mais especificamente na área do Vale d’Itria, onde se prova azeites e vinhos brancos de alta qualidade em meio a festas, praias, construções históricas e restaurantes imperdíveis.
Áustria
Poucos se dão conta disso quando pensam em vinho, mas a Áustria tem mais de 6 mil vinícolas em seu território, de onde saem espumantes, brancos, rosés, tintos e vinhos de sobremesa. A tradição viticultora do país inclui uvas como Riesling, Sauvignon Blanc, Muskateller, Pinot Blanc, Chardonnay e Pinot Noir, além de variedades brancas mais raras como Zinfandler ou Welschriesling.
A maior produtora de vinhos do país é Kamptal, cuja capital é Langenlois. Banhada pelo Rio Jamp, possui 3.850 hectares de vinícolas, incluindo vinotecas e heurigens, nome dado a uma típica taberna que foca na produção artesanal, ou seja, serve exatamente o que produz.
Já nas margens do Rio Danúbio estão outros destinos para se visitar de carro ou barco a partir de Viena: Wachau, Kremstal, Traisental, Kamptal e Wagram. Se não houver tempo, na própria capital se encontram ótimos rótulos da produção regional.
Durante o outono, entre agosto e novembro, não perca o Lower Austria Autumn Wine Festival, quando acontecem cerca de 800 festividades unindo vinho e gastronomia em todo o país.
Estados Unidos
A Califórnia tem despontado como uma das grandes novidades dentro do enoturismo, apontado como o quinto maior produtor do país. O Vale do Napa, a apenas 50 minutos de São Francisco, é onde se encontram 150 vinícolas e quase o mesmo tanto de variedade de uvas, passando por Pinot Noir, Cabernet Sauvignon, Merlot e Chardonnay. Ao longo da estrada Highway 290 estão adegas, salas de degustação, restaurantes, enotecas, etc.
Comece o roteiro por Monterey, condado conhecido por conta das uvas Chardonnay, produzidas numa vinícola de 1984. Em Oakville a parada obrigatória é na vinícola de Robert Mondavi, um dos grandes nomes quando se fala em viticultura norte americana. Hoje administrado pelos filhos, o negócio chega a receber 350.000 visitantes por ano.
Fora do Napa Valley, vá para Sonoma, onde o clima frio fica mais agradável com a companhia de uvas Pinot Noir e Chardonnay, Zinfandel, Petite Sirah e Cabernet Sauvignon, além de queijos artesanais finos. O destino ainda tem como vantagem preços muito mais amigáveis em comparação com Napa. Em Geyserville está a vinícola do cineasta Francis Ford Coppola, que oferece degustações a partir de US$ 25. Visite: Banshee Wines Tasting Room, Hanzell, Bergamot Alley, Laurel Glen Vineyard, Porter Bass, Porter Creek e Wind Gap.
Inclua no roteiro californiano as cidades American Canyon, Calistoga, Santa Helena e Yountville. A comunidade agrícola de Walla Walla é o epicentro de turismo de vinho em Washington, especialmente na produção de uvas Pinot Gris e Pinot Noir, onde se concentra o maior número de vinícolas renomadas. Ao todo, são 120 vinícolas abertas para visitantes.
Já em Oregon estão concentrados outros destinos ideais para quem aprecia vinhos, com destaque para o Vale do Willamette que tem as melhores e mais caras uvas Pinot Noir do mundo. São 200 adegas para visitar, com paisagens de tirar o fôlego, que são um convite para atividades ao ar livre.
Até mesmo em Nova York é possível encontrar bons vinhos, fora de lojas e restaurantes, é claro. Próxima a Manhattan, Long Island produz Chardonnay, Merlot, Cabernets e Sauvignon Blanc em suas vinícolas. As principais são Pindar e a Pellegrini Vineyards, que oferecem música ao vivo, festivais gastronômicos e jantares luxuosos. No Condado de Dutchess está o belo cenário da Clinton Vineyards.
México
Quem sai da Califórnia pode seguir rumo ao México, mais precisamente até o Valle de Guadalupe/Baixa Califórnia, onde a produção de vinho tem crescido em qualidade e quantidade nos últimos anos, que a leva a ser a maior região de viticultura do país.
A Rota do Vinho, composta por 65 vinícolas, se estende até o Vale de las Palmas e os vales de Santo Tomás, San Vicente e Ojos Negros. De lá saem uvas Chenin Blanc, Colombard, Sauvignon Blanc e Chardonnay, mas também é possível encontrar Cabernet Sauvignon, Merlot, Tempranillo, Znfandel, Syrah, Nebbiolo, Cabernet Franc, Grenache, Petit Syrah, Malbec, Carignan e Barbera. Aproveite para visitar o Museo de la Vid y el Vino.
Argentina
Outro destino bastante reconhecido pela produção de vinhos é a Argentina. A produção se concentra em Mendoza, chegando a 70%. No meio da Cordilheira dos Andes, seus atrativos são muitos, incluindo a visita em 1.200 adegas, vinhedos, hotéis, restaurantes e passeios em hectares de vinha. Além das paisagens, a arquitetura dos estabelecimentos regionais também impressiona.
As principais sub-regiões para incluir na viagem são Luján de Cuyo e Maipú, no centro, e Vale de Uco e San Rafael, no sul. Visite Terrazas de los Andes, Salentein, Tempus Alba, Catena Zapata, Bodega Norton, a fábrica Chandon e a Finca Flichman. Conheça mais vinícolas de Mendoza neste post.
Próximo dali está San Rafael, que concentra sua produção de uvas em malbec, syrah e cabernet sauvignon. San Juan é o segundo maior destino em viticultura, onde se encontra as mesmas uvas, incluindo ainda chardonnay, sauvignon blanc, merlot e malbec.
A 1000 km de Mendoza, Salta abriga as vinícolas mais altas do mundo. Cheia de atrativos, a cidade de Cafayate abriga conta com San Pedro de Yacochuya, a 2 mil metros de altura, e Colomé, a 2,3 mil metros, além de sediar o Museo de la Vid y el Vino, que reúne informações e história da bebida de maneira interativa.
Chile
O vinhos finos chilenos provém de uma região chamada Valle de Colchagua, que fica a 130 km de Santiago e abriga da famosa Rota do Vinho. Os passeios geralmente partem de Santa Cruz, percorrendo vinícolas como Viña Lapostolle, Casa Silva e Montes. Quem quiser experimentar mais do que vinho, pode viver uma experiência diferente a bordo do Trem do Vinho, uma locomotiva que passa por vários vinhedos. Conheça também o Museu de Colchagua, dedicado à bebida.
Um dos produtores mais famosos da América do Sul e o maior do Chile é a Concha y Toro, onde há degustações concorridas. A Viña Undurraga, em Maipo, também se destaca com seus 1800 hectares. Fundada em 1885, além de boas uvas, tem um projeto que ajuda no reflorestamento das árvores nativas da Patagônia Chilena.
Brasil
O Brasil tem vinícolas concentradas na região sul, com destaque para o Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha. Ali é onde a magia acontece, seja dentro de vinícolas, adegas, hotéis ou restaurantes. A região recebe em torno de 150 mil turistas anualmente, com maior concentração no mês de março.
Gramado inclui Chandon, Salton e Miolo em seu enoturismo, mas a viagem pode se prolongar por Caixas do Sul, Garibaldi, Bento Gonçalves e Farroupilha. O interior de São Paulo também atrai visitantes com sua produção. Confira mais no nosso guia de vinícolas do Brasil.
África do Sul
O vale de Stellenbosch é a segunda maior colônia européia da África do Sul e essas raízes acabaram resultando em vinho – com colheita entre janeiro e março. Com mais de 200 produtores e 80 restaurantes, a Rota do Vinho, a 50 km da Cidade do Cabo, é a maior região vinícola do país. Inclua no passeio Villiera, Neethlingshof e Hartenberg.
Outro destino com belos cenários é Paarl, uma cidade encantadora. Por lá se encontram fazendas e hotéis com produção de vinhos, como é o caso do sofisticado Grande Roche Hotel, Pearl Mountain, Mitre’s Edge e Freedom Hill Vineyards.
Vale a pena ir incluir a pitoresca Franschoek no roteiro. Com heranças francesas, o destino é parada obrigatória para enólogos e apreciadores da bebida. As uvas Sauvignon Blanc, Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Shiraz, Merlot e Semillon são encontradas com facilidade na região. Em setembro, não perca o festival Franschhoek Uncorked, e o Cap Classique and Champagne Festival, entre novembro e dezembro.
Nova Zelândia
A Oceania também tem alguns vinhos bacanas, como por exemplo Hawke’s Bay, Martinborough, Marlborough e Central Otago, na Nova Zelândia. A capital do vinho no país é Marlborough, que reúne 160 vinícolas na Ilha Sul – logo abaixo de Wellington -, com destaque para uvas Sauvignon Blanc. Alguns dos melhores rótulos saem de lá.
A variedade de produção se estende em lugares mais ensolarados e secos, como em Hawke’s Bay, incluindo pinot noir, chardonnay, riesling, pinot gris e gewurztraminer entre as bebidas.
Austrália
Nem só de praia vive a Austrália. Prova disso é Hunter Valley, considerado o “país do vinho”, a apenas duas horas de Sydney. O cultivo de uvas semillon se espalha por mais de 80 vinícolas, passando por grandes companhias como Lindemans, McWilliams, Rothbury, Wyndham Estate e McGuigan, até pequenos produtores. Às margens do Rio Hunter, a produção de uvas inclui chardonnay , Shiraz e cabernet sauvignon.
Outra região que tem se destacado é Barossa Valley, uma das mais antigas e refinadas regiões vinícolas do país e do mundo. Abrigando 150 vinícolas, ao menos a metade das adegas estão abertas ao público, enquanto as demais atendem com hora marcada. Visite: Jacob’s Creek, Penfolds e Seppeltsfield. Para se hospedar com conforto em meio aos vinhedos, uma das opções é o Louise.
Post por Brunella Nunes
Fotos: divulgação
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