Um dos destinos mais especiais do Brasil, Caraíva é um pequeno pedaço de paraíso no Sul da Bahia. A vila de pescadores é dominada em partes por mineiros, que “comem quietos” dessa fonte, e por índios Pataxós. Com luz elétrica desde 2007, a comunidade cresceu e agora lucra com o turismo, mas ainda assim permanece rústica.

A área fica no portal norte de entrada para o Parque Nacional de Monte Pascoal e a reserva indígena Pataxó. Depois de passar por Arraial d’Ajuda e Trancoso, em Porto Seguro, uma sinuosa estrada de terra nos leva até este éden baiano. Ao atravessar o rio homônimo durante 5 minutos de barco já se avistam as casinhas coloridas do outro lado. Bem-vindo ao lugar que você gostaria de chamar de casa! É um resumo de sombra e água fresca, quase um delírio para quem vive numa cidade louca como São Paulo.

O que fazer em Caraíva

Tudo parece ser diferente em Caraíva, a começar pelas ruas, que são de areia fofa. Sem asfalto e consequentemente sem veículos motorizados, por estas bandas o “táxi” é guiado por um burro, que leva a bagagem das pessoas até as acomodações. Quem vai de mochila, já tem uma preocupação a menos e poupa o trabalho do bichinho. Estamos quase 100% do tempo com nossos pés descalços caminhando entre árvores e cercas de madeira, além de olhar pra baixo para não pisar nos “presentinhos” dos animais de carga. Mas, se pisar, faça como os argentinos: acredite que isso dá sorte. Nem isso vai ser capaz de tirar a sua paz.

Andando no sentido contrário dos caminhos que levam ao rio, lá está a praia, cercada pelo infinito azul e as pousadas pé na areia, que são mais caras. Ao olhar pelas brechinhas, as vielas entre as casas, dá para avistar ele…o mar, verdinho, limpo e tranquilo. Aí fica quase impossível não cair nas suas graças; um joguinho de sedução típico das maravilhas baianas que tanto me fazem voltar. No fim de tarde, indico uma ida até a ponta da praia, que eles chamam de “barra”, onde há o encontro do rio com o mar. Guarde na memória este momento que representará um dos melhores dias da sua vida!

Com este cenário, nem preciso dizer que é incrivelmente fácil andar por Caraíva e que perder-se entre seus labirintos é quase uma obrigação. Aliás, ali ninguém se perde. Se enrosca e não quer mais sair. Chegando na pracinha da igreja de São Sebastião, ouvi crianças da escola brincando na hora do intervalo, felizes naquela tarde ensolarada. Entrei na capela, de uma simplicidade bucólica e necessária, que me fez até acreditar em divindade. Se Deus habitasse a Terra, certamente viveria ali.

Andei pelos arredores e vi uma senhora na janela, alvo constante de fotografias no Instagram. É a dona Guida, despreocupada com o tempo que passa e tampouco com suas fotos em redes sociais. A sensação, na verdade, é que ali o relógio e o calendário não têm vez mesmo. Neste trecho estão alguns bares e forrós, que atrai pessoas de cidades próximas. Os mais disputados acontecem no Pelé e no Ouriço, deixando as noites de verão mais quentes e menos solitárias.

Tirando o arrasta-pé, a vida noturna em Caraíva só é agitada mesmo aos fins de semana e alta temporada. De resto, muitos lugares permanecem fechados durante a semana ou encerram as atividades cedo. Ao lado da rio existe uma porção de bares e restaurantes. Lá na ponta, em frente às mesinhas sombreadas por amendoeiras, o Boteco do Pará é um dos mais tradicionais e se destaca pelo pastel de arraia, muito bem acompanhado pelo molhinho caseiro de pimenta. Também fui na Cachaçaria Caraíva, onde comemos hambúrguer, tomamos cerveja e provamos cachaça. Foi R$ 140,00 para duas pessoas.

A pousada e restaurante Lagoa é um dos mais famosos e dono de festinhas imperdíveis. Ali se provam, entre outras coisas, receitas vegetarianas e a cerveja artesanal da casa, a Boitatá. De resto, existe cada vez mais variedade no vilarejo: lanches, hambúrgueres, pastéis, esfihas, pizzas, tapiocas, sushi, comida caseira a preço acessível e culinária mais sofisticada. Os vegetarianos/veganos podem recorrer também ao Cantinho da Duca.

Tapioca e mate gelado no final da tarde, na sombrinha a beira do rio do Vai Café?.

Além de passear pelas lojinhas, bares e curtir a praia, é possível fazer passeios para a Praia do Espelho, Praia do Satu e Corumbau, mas isso fica para outro post. Aproveite a estadia para visitar a aldeia de Barra Velha, onde vivem várias famílias Pataxós. Comprei um bocado de artesanato e utilitários deles, como talheres de madeira que já usei diversas vezes e garanto que não estragam. Se não der tempo de ir, na estrada de Trancoso há algumas barraquinhas.

Em terra de índio ninguém tasca. Ou não deveria. Por enquanto, esse vilarejo tem tudo em seu devido lugar, sem prejudicar suas maravilhas naturais e seu povo. Como diz a faixa colorida ao lado da igreja, “Senhor do Bonfim abençoai essa gente incrível”. Independente da sua fé, estando neste solo tão sagrado, você acredita, abraça a ideia e pede sempre para poder voltar. Salve, Caraíva!

Onde ficar em Caraíva

Existe um bocado de opções em Caraíva, incluindo casas para aluguel a um bom preço no Airbnb. Uma das pousadas mais conhecidas é a Casa da Praiaonde eu ao menos parei pra tomar uma breja e comer uma porção. A pousada Coco Brasil também me parecia uma boa opção para ficar perto da praia e com conforto.

Escolhi o hostel Onda’s Caraíva, onde paguei R$ 674,00 (em julho de 2016) num quarto duplo por três dias, com café da manhã. Gostei bastante das instalações, mas especialmente da localização, na rua Doze de Outubro, paralela com a praia e a poucos “quarteirões” do rio. Espia só a área onde a gente comia. Isso sim é vida!

Confira aqui outras opções de hospedagem em Caraíva

Índios Pataxós representam boa parte dos moradores locais

Como chegar

A melhor opção é pegar um voo até Porto Seguro, do próprio aeroporto existem táxis que fazem o trajeto até Caraíva.

Você pode optar por alugar um carro em Porto Seguro e ir por conta própria mas lembre-se que em Caraíva mesmo não entra carro, você deverá deixar o carro alugado no estacionamento do outro lado do Rio Caraíva e atravessar uma balsa de nativos para chegar no centro de Caraíva.

A pracinha da igreja, onde acontecem festas e encontros

Em Caraíva, não existe asfalto; é areia por todo lado e casinhas com redes pra lá de convidativas!

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Partiu paraíso?!

Fotos: Brunella Nunes

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